Nada como um bom vinho para acompa­nhar uma refeição, principalmente nas ceias de Natal e réveillon, que há uma va­riedade de pratos e, claro, não pode faltar uma boa bebida.

Para harmonizar bem o cardápio, algumas dicas são importantes para que a combinação final entre comida e bebida não seja desagradável. Esse pode até parecer um processo simples, mas na verdade precisa da combinação certa. A regra geral é servir a carne branca com vinho branco, carne vermelha um vinho tinto. Mas, diante da variedade dos sa­bores, das uvas e marcas, em muitos casos o gosto que prevalece é dos apreciadoresda bebida.

Marcele Gerud, que coordena vendas da Cavis Du Vin, afir­ma que um prato com carnes brancas geralmente vai pedir um vinho branco, mas a escolha vai de­pender do paladar da pessoa e, às vezes, essa regra pode ser quebrada. Um exemplo é o bacalhau. Por ser um prato mais salgado, pode ser servido com o vinho tinto do tipo mais doce. 

Os vinhos também podem ser secos, meio seco e suave, resultado final que é definido pelo tipo da uva. Para quem tem muitas dúvidas, pode conferir essas informações no rótulo da garrafa. Com expe­riência na venda de vinhos, Gerud explica:“As uvas malbec, tanná e cabenert sauvignon são mais en­corpadas, caracterizando os vinhos mais secos. Já as uvas de origem pinot noir e merlot são mais le­ves e agradam principalmente o paladar feminino. Quanto mais antiga a safra, melhor o vinho”.

O sommelliér Gustavo Rodrigues, do Empório Santa Cruz, destaca também os vinhos de sobre­mesa que, como aperitivos, são mais doces, as gar­rafas desse tipo da bebida geralmente têm origem na cidade do Porto. Como sugestão para o brinde de ano-novo, ele indica os espumantes brutt, seco, suave, e os que possuem baixa quantidade de gás carbônico.

As garrafas de vinhos podem variar de preço, dependendo da marca e da safra, chegando a cus­tar de R$ 40 até R$ 3.000.

Para acompanhar

A carne de porco tem sabor delicado, mas pode ser gordurosa. Então, o mais indicado é um vinho de sabor menos intenso e acidez elevada, como os espumantes, brancos mais leves, sem barrica, rosés delicados, como os da Provença, e tintos leves, como os Pinot Noirs.

Normalmente é servido assado para concentrar sabores, ou recheado com farofa, o que torna o prato seco, e ainda com frutas para decorar, e traz um toque agridoce. Nesse caso, a melhor escolha são os brancos secos, com passagem por barricas, como os Chardonnays da América do Sul e toques de baunilha, ou até um Riesling demi-sec. São excelentes escolhas, pois possuem sabores concentrados, acidez boa, mas não muito alta, e deixam um sabor adocicado na boca.

Existem muitas formas de se preparar um bacalhau, mas algumas características são comuns em todos os preparos: sabor forte, com toque salgado e bastante gordura, principalmente do azeite de oliva. Esses tipos de pratos pedem vinhos com mais intensidade de sabor, uma acidez elevada e nenhum tanino – que é quando a bebida entra em contato com o sal do bacalhau, traz sensações picantes e desagradáveis ao paladar. Considere desde um Champagne ou Cava até os vinhos brancos de grande estrutura.

É um prato de sabor muito peculiar, pois cada um faz de um jeito. Mas, com base na receita mais popular – que leva frango, cenoura, pimentões, seleta de legumes, passas, creme de leite e, algumas vezes, batata palha –, cheia de sabores, invista em Merlots, Syrahs, Chardonnays e Rieslings. Opte, também, por rótulos mais leves, como os Cabernets Sauvignon da Califórnia.

Os vinhos de entrada, como os espumantes e rosés, são excelentes para acompanhar esse momento de petiscos. Mas vale lembrar que igual a uma harmonização com um Jerez não há!

O maior clássico do fim de ano, feito com frutas cristalizadas, é normalmente harmonizado com os doces espumantes Moscatel. Se o panetone for de chocolate, os vinhos do Porto tintos ou o francês Banyuls são as melhores escolhas.

Sommelliér Gustavo Rodrigues