ENTREVISTA

Max Gehringer dá entrevista exclusiva sobre mercado de trabalho e enfrentar a recessão

Em entrevista exclusiva, o consultor destaca características valorizadas pelo mercado e dá dicas para quem está começando a carreira e quer arranjar um emprego em meio à crise

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Você sabe quais habilidades e competências são valorizadas no mercado de trabalho? O consultor em carreiras Max Gehringer falou sobre esses e outros temas durante palestra realizada no Centro Universitário Estácio Brasília.
O especialista é graduado em administração de empresas e autor de diversos livros sobre carreiras e gestão empresarial. Ele se tornou conhecido do grande público por estar à frente de colunas sobre o tema em rádios e emissoras de televisão.
A formação acadêmica somase aos anos de experiência do especialista: ele traçou uma carreira bem-sucedida em grandes empresas, chegando a ser presidente da Pepsi-Cola Engarrafadora, da Pullman/Santista Alimentos e diretor da Elma Chips e da PepsiCo Foods nos Estados Unidos. Mas enganase quem pensa que ele começou a carreira sendo chefe — o primeiro emprego, aos 12 anos, foi de auxiliar de faxina. Em 1999, decidiu abrir mão de cargos como alto executivo para escrever livros e fazer palestras pelo Brasil.
Em entrevista, o especialista destacou posturas que devem ser adotadas na primeira experiência profi ssional e como ingressar no mercado de trabalho em momentos de crise. Confira:
Quais as características desejadas em alguém que está ingressando no mercado de trabalho?
Max Gehringer – O principal requisito desejado nos candidatos a emprego é ser colaborativo. Aquele funcionário que oferece ajuda aos colegas, está presente todas as vezes em que é preciso um esforço conjunto e se voluntaria para resolver situações, com certeza, se tornará conhecido por bons motivos. O empregado pode ter esse tipo de atitude em qualquer posição hierárquica, e o ideal é que ele apresente essa postura quando ingressa no mercado, como estagiário.
E quais os principais erros cometidos?
O principal erro que uma pessoa que está ingressando em um emprego pode cometer é se indispor com a chefia.
Como a pessoa deve se comportar em uma entrevista de emprego?
Talvez pelo fato de que, hoje, está muito difícil conseguir um emprego, os candidatos chegam pensando em eventuais perguntas que o recrutador fará e que ele não saberá responder. Assim, a pessoa entra na entrevista com os nervos à flor da pele, quando o que o entrevistador procura é alguém estável, que vá saber responder aos questionamentos sem ser defensivo ou brincalhão demais. Muita gente não é selecionada em entrevistas por falta de experiência. O conselho é marcar entrevistas para empregos que você nunca aceitaria porque assim descobrirá como se comportar em uma. Se você tiver a experiência prática de ter passado por 20 entrevistas, terá a vantagem.
Como ingressar no mercado de trabalho em momentos de recessão?
A minha experiência mostra que as melhores oportunidades aparecem durante a crise. Assim como a história da humanidade reúne relatos de evolução durante conflitos. Quando há guerra, o mundo caminha que é uma barbaridade! Não que a guerra seja boa, mas ela cria oportunidade. Este momento mostra quem são as pessoas em que as chefias podem acreditar dentro da empresa — e que receberão promoções quando a crise terminar — e quais são as que se queixam e influenciam negativamente os colegas. Outra lição importante é que, quando o número de candidatos aumenta e o de vagas diminui, conseguir um emprego somente mandando currículo ou se inscrevendo em sites é mais difícil, apesar de ser o que a maioria faz porque é o processo mais fácil. Se você apenas se inscreve no site e fica esperando resultados, na crise, pode não obter resposta. Uma boa maneira de conseguir uma chance, neste momento, está nos seus relacionamentos.
Qual a importância de estabelecer relacionamentos no mercado? Como fazer isso?
Quando a pessoa me pergunta onde procurar emprego, eu sempre pergunto “com quem você estudou?”. Uma pessoa que terminou o ensino deve ter, pelo menos, 150 professores e mais de 3 mil colegas com os quais deixou de se corresponder. É preciso cultivar todos esses relacionamentos, lembrando-se de que amigo é uma coisa e relacionamento profissional é outra. Com as redes sociais, não é difícil se comunicar com todo mundo, e os professores são boas referências. Caso eles não possam te indicar alguma empresa contratando, eles deram aula para muita gente e podem te apresentar para colegas. Nove em cada 10 empregos na inciativa privada são alcançado por indicação.
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