Oitenta anos de idade e quatro décadas de música. Não é todo dia que se completa essa idade em pleno vigor e tocando um instrumento musical com tanta perfeição e virtuosidade. Pois esta pessoa é o mestre flautista Serra de Almeida, integrante do grupo de choro Regional Tira-Teima. Um exemplo de que a música alimenta a alma e rejuvenesce o corpo. Nascido em São Bernardo (MA), ele veio para São Luís na década de 1980, logo depois começou a tocar com o Tira-Teima e nunca mais deixou o grupo.
Para comemorar esse feito, os chorões e amigos de São Luís estão organizando uma festa que reunirá boa parte dos músicos de choro da cidade, nesta sexta-feira (13), no átrio do Brisamar Hotel (Ponta d’Areia), onde o Tira-Teima se apresenta há anos.
Nesse dia, Serra de Almeida sobe no palco com os integrantes do Tira-Teima, grupo que ele integra há 26 anos. Ao lado de Paulo Trabulsi (cavaquinho solo), Zeca do Cavaco (cavaquinho centro), Luiz Jr (violão 7 cordas) e Zé Carlos (percussão), o chorão vai receber grandes nomes da música maranhense. Entre os convidados estão os cantores Carlinhos Veloz, Augusto Pellegrini, Anna Cláudia, Carlinhos da Cuíca e Fátima Passarinho.
Também foram convidados os violonistas João Pedro Borges e Celson Mendes e o instrumentista Juca do Cavaco. O saxofonista Zequinha do Sax e os trompetistas Osmar do Trombone e Zé Luís farão participação especial. Um dos momentos mais marcantes da noite será a apresentação de Serrinha com seu irmão Bernardo Serra.
Para Paulo Trabulsi, Serra é um dos melhores músicos que já conheceu. “De uma sensibilidade fora do comum. O Serrinha tem um ouvido impressionante. É fascinante poder tocar com ele”, elogia.
Título de cidadão para o músico
Os 80 anos de Serrinha culminaram em um projeto com o pedido do Título de Cidadão Ludovicense e o show que acontece nesta sexta-feira. Para o pedido, a justificativa foi que “a concessão do título é um reconhecimento público a um ícone da história da música maranhense. Às vésperas de completar seus 80 anos, ele serve de exemplo para aqueles que o acompanham há longas datas, seja como chorões, seja como fãs, como também é motivo de inspiração para toda uma geração de novos músicos, especialmente aqueles que pretendem enveredar pelo gênero musical choro”. Serra de Almeida é autodidata.
Tudo que ouve, toca, sem precisar de partituras. Diz sempre que qualquer música é boa, se for bem feita e bem tocada. Diz também que a música é a sua paixão. José Serra de Almeida é filho de Francisco Coutinho de Almeida, comerciante que chegou a prefeito do município, flautista diletante, e da dona de casa Maria Magnólia Serra de Almeida. Ainda na infância, o menino se apaixonou pela música. Passou a maior parte da vida trabalhando com petróleo. Mas só no Tira-Teima já está há um quarto de século.
Em entrevista para a série Chorografia do Maranhão, publicada em O Imparcial, Serra afirma que foi a flauta que o ajudou a sustentar a família depois que se aposentou da carreira de comerciante. “Comecei minha vida de novo. A flauta que eu tocava muito fraco nesse tempo, ainda, que me ajudou a manter inclusive meus filhos no colégio”. Serra já participou dos grupos Chão de Estrelas (por 4 anos) e atualmente está no Tira-Teima, desde 1989.
O Regional Tira-Teima receberá a Medalha João do Vale a ser concedida pela Assembleia Legislativa. A medalha foi proposta pelo secretário de Ciência e Tecnologia, Bira do Pindaré, quando exercia o cargo de deputado estadual. Será o primeiro grupo musical do Maranhão a ser condecorado. A solenidade oficial ocorrerá no próximo ano.
Sobre o Regional
O grupo é o mais antigo ainda em atividade em São Luís. Fundado em 1973 , o grupo completa este ano 40 anos de atividade com a marca registrada do regionalismo musical. Contava em sua formação original, além de Ubiratan Sousa, com os consagrados Chico Saldanha e Fernando Vieira no Violão de 6 cordas, Adelino Valente no Bandolim, César Teixeira no Cavaquinho, Antonio Vieira e Arlindo Carvalho na percussão e Hamilton Rayol no vocal.
Hoje, o grupo é composto por Paulo Trabulsi, no cavaquinho solo; Zeca do Cavaco, no cavaquinho centro e vocal; Luiz Junior, no Violão de 7 cordas; Zé Carlos, no pandeiro, e Serra de Almeida, na flauta transversal.