Com uma gestão avaliada pela maioria da classe artística e produtores maranhenses como negativa, o diretor do Teatro Arthur Azevedo, Américo Azevedo Neto, se defende das críticas que vem recebendo, afirmando que só está fazendo o que precisa ser feito.

À frente da casa de espetáculos, a maior do Maranhão e a segunda maior do país, Américo enfrenta dificuldades, segundo ele, desde que assumiu a direção da Casa. “Com 20 dias que eu tinha assumido, a ex-secretária me tirou boa parte do pessoal que trabalhava na Casa. Me diz como eu ia trabalhar sem bilheteiro, com apenas três pessoas para fazer uma limpeza de um teatro desse tamanho? Tinha que estar sujo mesmo. Mas com o apoio do governador e com o secretário Felipe Camarão, que entendeu a situação, estamos fazendo coisas paliativas que serão definitivas”, destaca Américo.

O teatro vai encerrar as atividades para um período de restauração dentro das obras do PAC das Cidades Históricas, com recursos do governo federal orçados em quase R$ 3 milhões. O TAA só retornará com as atividades em maio de 2016. Até lá, o desafio será montar uma produção, solicitada pelo próprio secretário de Estado da Cultura, para ser apresentada na noite de reinauguração do teatro, com corpo de baile, elenco, orquestra e produção do TAA.

Enquanto isso, o diretor afirma que avanços já foram feitos, como as parcerias de oportunidades para fomentar a arte e promover a formação de plateia com alunos de escolas públicas. “Nosso objetivo com essa ação, a exemplo de outras que já vêm acontecendo desde que iniciamos na direção do teatro, é trazer alunos para dentro do teatro, despertar e estimular a arte de representar, como linguagem de comunicação, incentivando na frequência de salas de espetáculos por jovens, crianças e adolescentes, estimulando o processo de formação de plateia no Teatro Arthur Azevedo”, informa.

Na entrevista que concedeu a O Imparcial, vários assuntos foram abordados em torno das críticas que vem recebendo da gestão. Américo se diz injustiçado e que o que dizem por aí é mentira.

Tudo. Estamos tratando o teatro como ele deve ser tratado. Veja bem, um ponto alto é a segurança. Entrava-se no Teatro com muita facilidade. O telefone era público, a Xerox era pública. Aqui não tinha uma recepção. Tinha um espetáculo, então, qualquer pessoa chegava, dizia que era da produção e entrava. Por onde eu andei, nesses 40 anos de teatro, a produção manda uma lista de pessoas que ela autoriza a entrar no teatro. Aí eu criei uma recepção 2, que é a entrada dos artistas e onde vamos checando o nome das pessoas que estão listadas pela produção a entrar. Se o seu nome não está ali, você não vai entrar.

Sim. E isso causou estranheza. Eu cheguei aqui e encontrei histórico de roubo de bolsas, de celular no camarim, porque entrava todo mundo. Não tinha controle. Então, a partir dessa norma, que é aplicada em todo lugar, a responsabilidade de quem entra é da produção e não do teatro. Não é uma atitude ditatorial como dizem por aí. Não é. É de segurança e essa é uma atitude irreversível. Também tem outro aspecto: se a produção quiser botar 150 pessoas, ela entende que não precisa daqueles 150 ingressos. Então, ela é quem tem que se responsabilizar. A questão de fechar a porta que dá acesso do palco para a plateia também causou estranheza. Não é para entrar, porque era um entra e sai de pessoas toda hora. E tudo isso é por uma questão de segurança.

Todas as companhias de teatro e dança que nos pedem espaço para ensaios, o teatro cede e isso sem cobrar nem um tostão, desde que seja oficializado por escrito. O teatro é do povo. Nós fizemos vários espetáculos gratuitos para rede escolar e foi uma experiência agradável porque não nos causou nem um problema, nem nada ficou sujo. Utilizamos inclusive o método da troca. A companhia nos pede uma pauta gratuita e nós pedimos um espetáculo gratuito para a rede escolar. Pronto, isso é ser teatro do povo. Não é de pessoas.

Do que está sendo feito. Estou tratando o teatro como deve ser.

Por exemplo, Angela Ro Ro. Disseram que eu não permiti que tirassem fotos, gente a caixa do teatro é privada. É cedida aos artistas e à produção, Ela mandou o povo todo entrar, invadir o teatro. Como é que se faz isso na casa do povo? E diga-se de passagem ela ainda não pagou o teatro. Angela Ro Ro tão brava, ainda não pagou o teatro. Mas to deixando levar. As fotos devem ser tiradas na recepção 2, dos artistas.

Teve um ator global, o Hassum, que ia fumando no camarim, mas nem bem foi alertado já se dirigiu para a calçada, fumou o cigarro e depois voltou na boa. É gente de bom senso. Ele entendeu. Ele sabe que hoje não é permitido se fumar em lugar fechado. “Ah, o teatro não é do povo”. O teatro é do povo. Agora se acontecer alguma coisa aqui o governador não vai cobrar do povo, vai cobrar da direção do teatro.

Pode, desde que no local adequado para isso. O teatro tem uma folha de pagamentos e um horário a ser cumprido que é até as 23h. Passou disso alguém tem que pagar hora extra. Então os artistas querem tirar fotos até meia noite. Se eles pagarem a hora extra da rapaziada podem tirar até uma hora da manhã. Disseram que eu tinha proibido a produção de tirar fotos com o público: nada do que está sendo dito é comprovado. Disseram que eu estou dirigindo o teatro como se fosse meu: O teatro não é meu, porque se fosse, muita gente que está entrando hoje aqui não entraria mais. Encontrei muita loucura quando cheguei aqui.

Quem dava a chave do camarim, por exemplo, era o guarda, que não tem essa responsabilidade do teatro, além de fazer a segurança. Aqui era uma festa e essa festa acabou. As pessoas estranham ter que se identificar, esperar ser autorizado a entrar. Isso acontece em todo lugar.

Sim, de acordo com o edital, mas tem produtor que tinha 20, 30 pautas por ano. Não. Agora todo mundo terá direito a pauta. As pautas serão divididas e equilibradas. Se eu der 50 pautas para um produtor, como é que ficam as outras produções? Outra coisa, nós vamos parar. Então, a partir de 2016 para pisar no palco do Arthur Azevedo vai precisar de mérito artístico para ganhar a pauta. Nós cedemos uma pauta para uma escola, que não vou citar o nome, mas até preservativo a gente encontrou depois.

Não estou censurando nada. O que eu acho é o seguinte: o teatro é do povo? É. Mas da plateia. Ah, o teatro não está ajudando a classe. A ação do teatro é da Secretaria. Quem tem que fazer essa política de apoio é a Secretaria de Cultura, e não o teatro. O teatro é apenas uma casa.

Nós priorizaremos quem tiver um histórico cultural e quem tiver menos ocupação de pautas. Por exemplo, se duas produções solicitarem pauta para o mesmo dia, vamos dar prioridade para a produção que tiver utilizado menos pauta no teatro, e que tenha tiver mais histórico… E as pautas podem ser solicitadas via edital. E apesar disso, o Teatro tomou essa atitude de ceder seus espaços a todas as companhias que pediram para mostrar para a classe estudantil. O teatro cede pautas para todos os espetáculos beneficentes que forem solicitados. Semanalmente, o povo tem acesso ao teatro de forma gratuita por meio das redes escolares. O problema é que esse teatro era só privilégio.

Eu tenho ofícios, que eu não vou te mostrar, de pessoas dizendo que recebiam várias benesses. A minha gestão tem sido absolutamente injustiçada. Eu estou aqui porque gosto. Financeiramente não me soma em nada. Não preciso de reconhecimento. As pessoas já me conhecem e conhecem o meu trabalho de 40 anos no teatro. Isso irrita um pouco as pessoas. Enquanto o Maranhão não acabar com essa história de privilégios, as pessoas vão reclamar. Não é arrogância, é norma. É regra! Tudo o que é solicitado por escrito é atendido. O problema é que quanto mais a gente cede, mais eles querem. Vou manter tudo o que vem sendo feito.

Não é verdade. Não tratam mal ninguém. Veja bem, se não está na lista o seu nome, você não entra. Aqui teve um caso daquela senhora que criou um caso e foi para os blogs (agora tudo vai para os blogs e dizem o que querem). Depois eu a recebi aqui, o Teatro mandou uma carta, se ela se sentiu ofendida, o Teatro pediu desculpa. Ela reclamou porque não pode entrar. Se o nome não estiver na lista, autorizado pela produção, não entra. O Teatro mandou uma carta que está com ela. Mas é regra em todo lugar. Todo teatro é assim. 99% do que dizem por aí não é verdade.

Pode ser verdade. Sou humano, não sou perfeito.