LONG PLAYINGS

Lançamentos confirmam a retomada na produção do vinil

No Brasil, em 2014, as vendas digitais cresceram um total de 30,43%, enquanto as vendas de Cds e DVDs caíram 15,44%. A exceção tem sido os LPs e compactos

LP's

Não muitos anos atrás, os discos de vinil, em sua maioria long playings (LPs), eram ameaçados de extinção. A nova aposta era o compact disc (CD), que introduzia uma nova geração de mídia musical, desta vez, digital. Atualmente, mesmo com o avanço das maneiras de divulgação de áudio, como os serviços de streaming – que dispensam a mídia física, a preferência de muitos artistas e fãs pelo formato vinil parece ter voltado com força.

Segundo o Relatório Anual da Associação Brasileira de Produtores de Discos (ABPD), as vendas físicas no mundo caíram 8,1% em 2014; as receitas da área digital cresceram 6,9%, e já representam 46% das vendas mundiais de música, por influência principalmente, do bom desempenho do segmento de subscrição para acesso à música por streaming.
No Brasil, em 2014, as vendas digitais (serviços de streaming de áudio e vídeo, downloads de faixas e albuns, e telefonia móvel) cresceram um total de 30,43%, enquanto as vendas físicas (CDs, DVDs e Blu-Rays) caíram 15,44%. Mas tanto aqui como mundialmente, a exceção tem sido o vinil.
LP's

Michael Fremer, editor da www.analogplanet.com e editor sênior da revista Stereophile, faz uma pesquisa anual diretamente nas fábricas de discos para ter um número realista. Em 2013, o total de discos fabricados no mundo superou a marca de 33 milhões de unidades. Ele acredita que essa marca vai ultrapassar 50 milhões em 2015.

Fundada em 1999, a brasileira Polysom – única fábrica de vinis da América Latina – chegou a fechar suas portas em 2007. Dois anos depois, a gravadora Deckdisc, embalada pelo volumoso crescimento na venda de vinis nos Estados Unidos e na Europa e, ainda por cima, impossibilitada de produzir seus próprios títulos no Brasil, adquiriu o maquinário da antiga fábrica e a reativou.
De lá pra cá, a produção só cresceu. O consultor da Polysom, João Augusto, estima um recente incremento mundial de, no mínimo, 50% ao ano e que o Brasil, em 2015, deverá acompanhar ou mesmo superar esse patamar em relação ao ano passado. “A Polysom vendeu mais de 100 mil vinis em 2014 – o que equivale a um crescimento de 63% em relação a 2013 – e a previsão total para 2015 é crescer cerca de 80%”, anuncia o consultor.
São vários os exemplos de artistas que apostam nessa mídia para divulgarem seus trabalhos hoje em dia, independentemente da distribuição na web. Seja por nostalgia, seja para agregar valor à obra a ser lançada, tiragens limitadas de álbuns novos ou relançados estão voltando às prateleiras de lojas e residências.
Artistas internacionais, como a cantora islandesa Bjork e a banda americana-escocesa Garbage, anunciaram recentemente o lançamento até de singles em vinil. No Brasil, representantes da nova safra da música brasileira, como Cícero e Scalene, acabam de lançar, em vinil, seus álbuns A praia e Éter , respectivamente. E têm surgido relançamentos, como É Ferro na Boneca , primeiro álbum de estúdio do grupo Novos Baianos, de 1970, e um box de Os mutantes, com 7 LPs da banda.
Em São Luís, o vinil também ganhou evidência através dos fãs do reggae roots. Segundo os dados da Associação dos Grupos de Colecionadores de Vinis de Reggae de São Luís (Agrucore), atualmente existem aproximadamente 80 pessoas que ligadas à entidade, que agrega 17 grupos. Há colecionadores que vendem discos que são verdadeiras raridades e custam em torno de R$ 500,00 e outros chegam a R$ 700,00 no mercado.
Paulo Henrique Resplande, de 29 anos, é exímio colecionador de discos e pode ser considerado um religioso musical. Devoto do rock n’ roll e dono de uma coleção que ultrapassa a marca dos 700 títulos, Paulo começou a juntar vinis desde os 15 anos e desde então guarda todos em um quarto especial. “Sou admirador do vinil pela energia singular que somente este tipo de material possui. Os LP’s não sofrem com a oxidação como é o caso dos CD’s e chegam a durar décadas tocando o estilo que gosto no mais alto volume.”, explana Paulo Henrique. Ele também comentou que já chegou gastou mais de 300 reais com apenas uma das unidades de sua coleção, o “Space Oddity” do David Bowie. Conforme Giuliano Gatling, outro grande colecionador de LP’s em São Luís, existem mais acumuladores de vinis de rock em Imperatriz do que na própria capital maranhense.
Ainda é possível encontrar alguns lugares que vendem as tais “pérolas”. A banca do Adriano (João Paulo), a de Seu Domingos (Praça Deodoro) e os sebos Poeme-se (Praia Grande), Chico Discos (Afogados, Centro) e Papiros do Egito (Sete de Setembro, Centro) são bons exemplos de pontos que fizeram, e de certa forma ainda fazem, sucesso por vender LP’s em São Luís.
Banda maranhense em vinil
O Jackdevil possui quatro anos de estrada e tornou-se a primeira banda de seu estilo a lançar um álbum completo em formato de vinil no Maranhão, anos depois do auge desta tecnologia. “Muita gente está comprando aparelhos novos que estão sendo vendidos nas lojas e livrarias daqui da cidade mesmo e ainda temos o pessoal da vanguarda que ainda possuem suas vitrolas intactas para poder rodar LP’s que colecionam. Acredito que não é difícil encontrar por aí gente que ouve música mais através dos vinis do que em outros formatos . Conheço amigos que não guardam um CD sequer em suas casas, mas possuem mais de 500 discos.”, ressalta o baixista, R. Speedwolf.
A banda Jackdevil, nascida em São Luís do Maranhão, lançou o LP do seu primeiro álbum de estúdio através da gravadora Urubuz Records (RJ). O material que está à venda no site oficial da banda e nas prateleiras das lojas especializadas em rock de todo o Brasil, inclusive no maior centro comercial de cultura alternativa do país, a Galeria do Rock de São Paulo.

Vinil é com o Brasil!

A maior coleção de vinis, de acordo com o jornal estadunidense The New York Times, está no Brasil. Zero Freitas, um empresário que já estima guardar 5 milhões de álbuns (entre nacionais e estrangeiros) em dois galpões em São Paulo. Ele chamou atenção entre colecionadores do mundo ao comprar 1 milhão de discos de um ex-lojista dos EUA, e foi destaque em reportagem da “New York Times Magazine”. Zero chegou a contratar 16 estagiários — a maior parte estudantes de história — e uma gerente para catalogar os álbuns, em um galpão na Vila Leopoldina, Zona Oeste de São Paulo.
José Roberto Alves Freitas, que adotou o apelido Zero, é graduado em Música pela Universidade de São Paulo (USP), e se especializou em trilhas para peças de teatro. Em paralelo, cuida de negócios de transporte da família. Hoje é diretor comercial da transportadora Benfica, que, entre outros negócios, opera linhas de ônibus em Diadema (SP).
VER COMENTÁRIOS
Polícia
Concursos e Emprego
Esportes
Entretenimento e Cultura
Saúde
Negócios
Mais Notícias