Após 15 anos de intensas investigações, o desfecho de ‘Crime Scene Investigation’ (CSI) será em telefilme de duas horas batizado de ‘Immortality’. O especial foi ao ar neste domingo nos Estados Unidos e chegará ao Brasil no dia 21 de outubro, às 22h, no canal AXN. Com legado consolidado, o “efeito CSI” imprimiu um modelo de narrativa que foi replicado por seriados norte-americanos, sobretudo em gêneros policiais. A rotina dos peritos, as linhas de investigação, o misto de série policial com ficção científica e episódios inspirados em casos reais foram elementos que tornaram a trama referência na televisão mundial.
CSI incrementou a fórmula consagrada no gênero, já adotada em produções anteriores, como ‘Hill street blues’ (1981 e 1987) e ‘Law and order’ (1990 e 2010). Entre as duas, ‘CSI’ se aproximou mais de ‘Law and order’ ao centralizar a trama em uma equipe policial e casos diários e apostar no conceito de franquia, com três séries derivadas: ‘CSI Miami’, ‘CSI New York’ – as duas já canceladas – e ‘CSI: Cyber’. “A principal inovação de CSI foi o uso de simulação gráfica para a representação interna do corpo humano, o que modificou inteiramente as convenções que definem o realismo no seriado policial”, exemplifica o professor Afonso Albuquerque, da Universidade Federal Fluminense.
Coordenador de grupo de estudos sobre séries televisivas, Afonso destaca a apropriação de diferentes elementos, como aspectos do gênero médico. Neste caso, o corpo do paciente se constitui como o “campo de batalha entre o médico e a morte”. Já no policial, o cadáver é objeto de investigação. As semelhanças com o universo médico fazem um paralelo entre ‘CSI’ e ‘House’. “CSI é uma série policial estruturada em torno da lógica do diagnóstico, enquanto House é uma série médica cujo protagonista atua como um investigador policial em busca da verdade do corpo”, analisa o pesquisador.
De acordo com o Afonso, há uma representação particular do policial como um “nerd” de laboratório, ao invés do “cara durão” das ruas. No seriado, os técnicos forenses são dotados de conhecimentos singulares capazes de identificar as minúcias de um mistério. “Na série, os crimes envolvem mais essa lógica da inteligência, do universo mais límpido. A produção possui uma certa autonomia entre os capítulos”, complementa o pesquisador Marco Roxo, da Universidade Federal Fluminense.
O seriado também se aproxima da realidade ao ampliar o contexto dos casos, com base no mundo real. O elemento foi crucial para manter o interesse da série ao longo do tempo. “CSI explora elementos da vida de Las Vegas como a lógica de cidade de convenções, inúmeras subculturas urbanas – grupos religiosos, aficcionados por ETs, imitadores de Elvis”, conclui Afonso. O formato dos episódios também é algo a se destacar. “CSI tem um enredo que entrelaça os capítulos, apesar de conservar uma certa autonomia em cada um deles. As séries norte-americanas têm um viés mais antropológico. Em CSI, isso pode ser visto na relação entre policiais e criminosos”, destaca Marco.
CSI foi cancelado em maio deste ano, devido à brusca queda de audiência. Se nos tempos de ouro da série, o público foi de 30 milhões, a 15ª temporada alcançou média de 8 milhões de espectadores por episódio. O episódio especial terá participação de personagens preferidos dos fãs que deixaram a série ao longo dos anos, a exemplo de Gil Grissom (William Petersen) e Catherine Willows (Marg Helgenberger). CSI sairá de cena, mas deixará a marca.
Momento importante
Quentin Tarantino deixou a marca no episódio final da quinta temporada, intitulado ‘Grave danger’. Nick Stones, interpretado por George Eads, é enterrado vivo na série durante uma investigação. Com duração de duas horas, o episódio elevou ainda mais o padrão da série, com uma narrativa repleta de flashback, investigação mais lenta – algo raro na produção.
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Só na ficção
Como os episódios possuem duração de 40 minutos, a agilidade nos procedimentos criminais e na resolução dos casos é um diferencial que só ocorre na ficção. Em um capítulo, por exemplo, quatro crimes podiam ser desvendados, bem distante da realidade. Na realidade, exames como DNA podem demorar dias.
Participações
A cantora Taylor Swift não era conhecida mundialmente em 2009, mas fez uma breve participação no seriado, do qual ela é fã. Ela interpretou Haley Jones, de 16 anos, funcionária de um hotel que é assassinada no episódio ‘Turn, turn, turn’ da nona temporada. Além dela, o astro Justin Bieber também participou em dois episódios na 11ª temporada.
Boate Kiss:
Muitos dos crimes ou tragédias abordados no seriado foram inspirados na realidade. Um dos exemplos foi o incêndio da boate Kiss, no Rio Grande do Sul, que matou 242 pessoas. O episódio ‘Torch song’ faz parte da 14ª temporada e mostra um incêndio em uma boate durante apresentação de uma banda, e equipe investigará a causa do acidente.
CSI: Cyber:
O terceiro spin-off da franquia é o único que continua no ar. Diferente dos outros seriados, que retratavam o trabalho de peritos da polícia comum, ‘Cyber’ acompanha o trabalho de uma equipe do FBI e crimes cibernéticos. A protagonista é Patricia Arquette, vencedora do Oscar, e terá o ator Ted Danson, atual protagonista de ‘CSI’, para a nova fase da produção.