O presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Sérgio Corrêa, pediu cautela aos árbitros que cogitaram nesta sexta-feira entrar em greve no Campeonato Brasileiro em protesto ao veto da presidente Dilma Rousseff ao repasse dos direitos de arena para a categoria. A mobilização vem sendo liderada pela Associação Nacional dos Árbitros de Futebol (Anaf).
“Os árbitros têm um poder de diálogo e ponderação muito amplo. Tem que ter cabeça fria, o árbitro é razão. Quem age com paixão é o jogador, não cabe ao árbitro tomar decisões precipitadas”, pediu Corrêa. “Não vejo a paralisação como algo que vá resolver o veto, não vejo como algo razoável.”
A greve será decidida em assembleia marcada para a próxima semana. O tema foi debatido nesta sexta por dirigentes e membros da Anaf durante Seminário de Arbitragem, realizado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), no Rio de Janeiro. A entidade descartou, porém, que a paralisação comece já na rodada deste fim de semana do Campeonato Brasileiro.
“O Campeonato Brasileiro está num momento tão bonito, acho que (os árbitros) não podem transferir para o torcedor essa mágoa momentânea. Além disso, a greve não vai resolver (o veto)”, afirmou Corrêa, para quem o Brasileirão elevou seu nível em razão das boas atuações dos árbitros, pois os jogadores estão mais disciplinados e reclamando menos contra eles.
O veto que gerou a insatisfação dos árbitros é um dos 36 que a presidente Dilma Rousseff fez ao sancionar a MP do Futebol (Medida Provisória 671), que se tornou a Lei 13.155. Em um dos seus itens, o texto estabelecia repasse ao sindicato dos árbitros de 0,5% referente a direito de arena, recurso oriundo dos direitos de transmissão. Os sindicatos de atletas, por exemplo, recebem 5% pelo mesmo motivo.
“O veto foi um absurdo, nós da diretoria da Anaf temos a posição de parar o campeonato, mas isso ainda será discutido em assembleia na semana que vem”, afirmou Marco Antônio Martins, presidente da Anaf. O dirigente disse ainda que a paralisação na rodada do Brasileirão neste fim de semana foi descartada para “não ferir o direito do torcedor e para não prejudicar os demais trabalhadores envolvidos na competição”.
Segundo Martins, considerado o valor de cerca de R$ 1,6 bilhão pago pelos direitos de transmissão, cerca de R$ 9 milhões seriam repassados à Anaf. “A justificativa do veto foi que não há plano de aplicação desses recursos. Isso seria repassado aos árbitros, seria um adicional para os profissionais”, disse. Cerca de 600 árbitros são associados à entidade.
Tags: nautico