SAÚDE

População recebe orientações sobre as Leishmanioses

O Brasil está entre os cinco países onde residem 90% dos casos de leishmaniose visceral do mundo, atingindo, principalmente, a população menos favorecida.

“Pela falta de informação é que, às vezes, muitas vidas são perdidas por causa da leishmaniose”, com essas palavras o chefe de Departamento de Controle de Zoonoses do Estado, Daniel Saraiva, justifica a ação realizada na manhã desta sexta-feira, pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES), na Praça Deodoro, em alusão à Semana Nacional de Controle e Combate à Leishmaniose, que está acontecendo em todo o Brasil.
Para informar a população sobre as causas, sintomas e tratamentos das duas formas da doença, de 8h às 17h, foi realizada abordagens com panfletos informativos sobre as causas, sintomas e tratamentos das Leishmanioses Tegumentar Americana (LTA) e Leishmaniose Visceral (LV).
Foram montados dois estandes no local e além das explicações dos técnicos dos serviços de vigilância estadual, o Centro de Referência da Saúde do Trabalhador (Cerest), esteve realizando aferição de pressão arterial, teste glicêmico, orientação nutricional e de educação física, com verificação de peso e altura (IMC).
A mobilização contou com o apoio da Secretaria Municipal de Saúde de São Luís (Semus), do 24° Batalhão de Infantaria Leve do Exército Brasileiro (24º BIL), do Distrito Sanitário de Saúde Indígena (DSEI), da Superintendência da Vigilância Sanitária e Epidemiológica do Município e do Departamento de Doenças Não Transmissíveis (DANTs).
O Brasil está entre os cinco países onde residem 90% dos casos de leishmaniose visceral do mundo, atingindo, principalmente, a população menos favorecida. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), essa é uma das sete endemias mundiais e sua importância se dá pela elevada incidência e ampla distribuição da doença, além das implicações econômicas, transformando-se em um sério problema sanitário e econômico-social.
No Maranhão, em 2014 foram notificados 557 novos casos, sendo 293 na faixa etária de 20-49 anos. De janeiro a julho deste ano foram notificados 224 casos novos, sendo 114 em pessoas de 20 a 49 anos. Em São Luís, foram confirmados em 2014, 11 casos da Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) e em 2015, quatro casos. Já em relação a Leishmaniose Visceral (LV), foram confirmados 51 casos em 2014 e 32 em 2015.
Quem esteve no local da ação, afirmou não saber detalhes da doença e nem dessa quantidade de casos no Estado. “Já tinha ouvido falar, mas pensei que fossem os cães os causadores. Acho que essas mobilizações são importantes, até para a gente saber como se prevenir e observar se tem alguém próximo exposto à doença”, disse o pedreiro Silvestre Fernandes.
A autônoma Maria Célia Souza, também contou não ter conhecimento da Leishmaniose. “Tem doenças que vamos ouvindo e se alguém próximo não fica doente, acabamos sem ter interesse em saber como que elas são. Eu ainda não tinha sido informada, mas hoje parei aqui para saber o que é e como faço para me prevenir”, afirmou.
A doença
A Leishmaniose é uma zoonose causada por protozoários do gênero Leishmania, sendo veiculada através de vetores flebotomíneos, mais conhecido como ‘mosquito palha’. A LTA se manifesta através do aparecimento de lesões (feridas) na pele ou nas mucosas (boca e nariz) da pessoa infectada. A ferida não é transmitida de pessoa para pessoa, e tem cura se tratada no início das lesões.
“A Leishmaniose sempre é associada ao cão e ao calazar, mas é o mosquito que faz a transmissão ao homem e ao cão. Após a picada ele começa a se alimentar do animal que também poderá transmitir a doença, na forma visceral. A forma visceral é considerada a mais grave por afetar diretamente o fígado e o baço e a tendência é que se não for feito o tratamento, pode ocorrer o óbito, principalmente em crianças”, explica Daniel Saraiva.
Dentre os sintomas da LV no homem, estão febres irregulares, fraqueza, aumento do abdômen devido à inflamação do fígado e baço, diarréia, perda de peso e tosse seca. Ao aparecerem os primeiros sintomas, principalmente se a pessoa estiver exposta aos locais de risco, convivendo com cães e entulhos aos arredores, é necessário procurar a unidade de saúde mais próxima para a realização do exame laboratorial. O tratamento é feito gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
No entanto, a orientação fundamental é focada na prevenção, para diminuir o risco de contrair a doença. Como principal maneira, é apontada a limpeza dos locais abertos públicos e privados, descartando de forma adequada lixos orgânicos. O Ministério da Saúde determina que animais infectados sejam sacrificados. Mas existem formas de prevenção, especialmente, para cães, através da vacina.
Semana Nacional de Controle e Combate à Leishmaniose
Como reflexo da inclusão das Leishmanioses nas prioridades de pesquisa no Brasil, o Governo Federal, através da Lei nº 12.604, de 3 de abril de 2012, instituiu a “Semana Nacional de Controle e Combate à Leishmaniose”, celebrada anualmente na segunda quinzena do mês de agosto.
Esta data foi escolhida em homenagem ao médico sanitarista e pesquisador Evandro Lobo Chagas, que nasceu no dia 10 de agosto, e realizou estudos sobre febre amarela, malária e principalmente sobre leishmaniose. Chagas foi coordenador da Comissão de Estudos de Leishmaniose Visceral Americana e descobriu os primeiros casos humanos no Brasil.
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