Thiaguinho, Luan Santana, Valesca Popozuda, Pablo, Beyoncé, Nicki Minaj e Usher. O que esses artistas têm em comum? À primeira vista pouca coisa, principalmente, se a análise estiver ligada ao gênero musical da forma proposta pela indústria da música. Teríamos pagode, sertanejo, funk, arrocha, pop, hip-hop e R&B. Mas para os analistas de tendências André Oliveira e Eduardo Biz todos eles fazem parte de uma mesma categoria intitulada de Malícia melódica.
Esse é o nome de um dos quatro moods criados pelos pesquisadores para redefinir a divisão entre os estilos musicais. O termo faz parte de um estudo feito pela dupla na agência BOX 1824, que analisa tendências de comportamento e inovação, e que no último dia 18 se tornou um programa de televisão no canal BIS, o Music trends. “O estudo é focado em como as pessoas consomem música. Com a quantidade de artistas e estilos que se têm hoje é quase impossível classificar em apenas um gênero. As pessoas estão menos lineares e mais livres para consumir diferentes tipos de música”, explica André Oliveira.
O estudo analisou, com ajuda de especialistas, de jornalistas e do público nas ruas, novas formas de mapear as músicas, sem levar tanto em consideração o ritmo, mas as semelhanças em suas mensagens e no momento em que essas canções são preferidas para serem executadas pelos ouvintes. “Lembro-me de uma menina dizendo que estava curtindo uma ‘vibe’ meio tranquila, que falava um pouco de amor e também de dor de cotovelo. É possível encontrar essa sensação no pagode, no sertanejo, no pop e até no funk, por exemplo”, comenta o analista.
Estado de espírito
Ao todo, a pesquisa chegou a 20 humores da música, que foram divididos em quatro macromoods: Malícia melódica, Mass indie, Baile heavy e Dystopia. O primeiro reúne diferentes gêneros que estão falando de amor em suas músicas, tanto de forma mais sensual até ao estilo mais sofrido e desiludido. Seria uma playlist com faixas como Escreve aí (Luan Santana), 7/11 (Beyoncé), Sonhar (MC Gui) e Good kisser (Usher).
O Mass indie é uma reunião de referências da cultura jovem, com foco no que costuma ser chamado de música indie, que está no mercado paralelamente ao consumo da grande massa. “Nos anos 1980, a música indie era constituída por bandas e músicos muitos específicos e focados em nichos. Nos anos 1990 e 2000, o mercado foi se apropriando do indie, que hoje é pop e lota eventos como Coachella e Lollapalooza”, explica Oliveira. Como exemplo desse mood há nomes como Kings of Leon e Beirut.
O Heavy baile é a reunião de três movimentos grandes: a música de rua, das festas e dos gueto, como hip-hop, música eletrônica e suas variações, a exemplo do trap e do funk. “Todos esses ritmos têm um som forte e se apropriaram da cultura de massa. É algo agressivo, louco e repleto de mensagens e ideologias. É como se a galera entrasse em transe”, comenta o analista. Kanye West, Tropkillaz, M.I.A, Tati Quebra Barraco, Calvin Harris e MC Brinquedo são alguns bons exemplos desse mood.
Já o último é a Dystopia, um mapeamento que representa a reinvenção da música pop. “Ao mesmo tempo que o indie virou algo da massa e o hip-hop gay com o queer rap, o pop chiclete está ganhando ares muitos novos e sombrios. O que é bem surpreendente. Ele traz muita influência da música eletrônica e inspirações góticas com letras mais tristes e depressivas”, comenta. Bons exemplos desse modelo são as cantoras Lorde, Adele, FKA Twigs, Florence and the Machine, Sia, Björk e até Sam Smith.
O analista e apresentador André Oliveira cita Lady Gaga como um grande exemplo para entender as mudanças dos gêneros. A cantora começou a carreira bastante pop e apostando em atitudes excêntricas e, no último ano, resolveu migrar para o jazz ao gravar com Tonny Bennett.
O programa
Music trends estreou no último dia 18 no canal BIS. O programa traz tudo o que foi estudado na pesquisa da agência BOX 1824 dividido em quatro episódios. Cada capítulo tem como foco um mood. Essa foi a primeira atuação de Biz e Oliveira como apresentadores sob direção de Miguel Varca e Rafael Calil.
Além do programa, a dupla montou playlists para que os telespectadores possam entender melhor os novos mapeamentos. As listas estão disponíveis na conta oficial do canal no Spotify e também no site do programa no site do BIS.
SAIBA MAIS
O que é?
Mood foi o termo escolhido pelos pesquisadores para dividir os estilos musicais e substituir os tão conhecidos gêneros. A expressão é baseada na palavra em inglês, que quer dizer humores em tradução livre. A ideia é pensar nas sensações, nos sentimentos e no estado de espírito para classificar os tipos de música.
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