A pergunta que não quer calar: o que têm a ver as denúncias contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e os deputados do Maranhão? Até provar o contrário, a maioria da bancada tem seguido Cunha em todas as votações polêmicas, principalmente, as chamadas pautas-bombas, aquelas que provocam estragos no orçamento federal ou que contrariam o interesse da presidente Dilma, como foi a PEC da maioridade penal, aprovada terça-feira em segundo turno.
Como a política brasileira virou uma geringonça descontrolada, os deputados que seguem Eduardo Cunha e são, obviamente, contra Dilma (que não paga as emendas parlamentares como eles gostariam) apostam no fracasso das denúncias feitas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal. Se Cunha provar que não recebeu propina alguma, Dilma pode esperar que o impeachment sai rapidinho, com gosto de vingança e formato de rebordosa.
Seria a volta por cima, mesmo diante da gravidade do que expôs Janot em sua peça acusatória, na qual Cunha teria recebi do robusta propina de US$ 5 milhões. A confusão é tamanha que o vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão, não foi nem lembrado no noticiário, como eventual sucessor de Cunha, nas várias hipóteses especuladas de ele vir a ser apeado da presidência da Câmara por renúncia, afastamento ou cassação. Waldir também está sob investigação dentre os 52 da lista enviada por Janot ao ministro do STF, Teori Zavascki.
Seja como for, a maioria da bancada maranhense tem sido Cunha desde criancinha, como Pedro Fernandes, André Fufuca, João Marcelo, Ildon Rocha e Cléber Verde, que virou até secretário do homem, como diretor do Sistema de Comunica- ção da Câmara (rádio, TV e agregados). Enquanto Dilma não liberar as emendas e Michel Temer não concluir a distribuição dos cargos federais no Maranhão e demais estados, qualquer desejo de consolidar a base governista vai exigir muito mais do que almoços oficiais, tapinha nas costas e boas conversas.
Jogo jogado (1)
Parece conversa de trancoso. Mas só parece. O PMDB maranhense saiu das eleições de 2014 meio sem rumo. Logo se dividiu em duas bandas. A maioria, liderada pelo senador João Alberto e o deputado Roberto Costa, ficou calada, como se nada de grave lhe tivesse acontecido.
Jogo jogado (2)
A outra banda, pilotada por Ricardo Murad, viu que ele seria alvo de ações do novo governo e partiu para tornar real a máxima de que a melhor defesa é o ataque. A deputada Andrea Murad, filha de Ricardo, e o genro, deputado Sousa Neto, cuidaram de preparar as trincheiras e os bacamartes. O tempo fechou e o tiroteio continua.
Jogo jogado (3)
Mais nem tudo é guerra. Pelo meio das duas bandas peemedebistas, políticos experientes como os deputados José Reinaldo, do PSB, Sarney Filho, do PV, e João Alberto entraram em campo com a bandeira branca rumo ao pavilhão vermelho do PCdoB. Hoje a distensão é plena e se fala até em acordo entre Flávio Dino e a banda do grupo Sarney que não quer guerra.