BASTIDORES
O grito das Margaridas
Afinal, o que é e quem são as Margaridas que agitaram Brasília, pediram a cabeça do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), apoiaram Dilma Rousseff e levaram Lula para o centro de sua marcha na capital da República? Ontem, a deputada petista Francisca Primo fez um longo discurso na Assembleia Legislativa do Maranhão para destacar […]
Afinal, o que é e quem são as Margaridas que agitaram Brasília, pediram a cabeça do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), apoiaram Dilma Rousseff e levaram Lula para o centro de sua marcha na capital da República? Ontem, a deputada petista Francisca Primo fez um longo discurso na Assembleia Legislativa do Maranhão para destacar o papel das Margaridas. No meio do movimento, Lula antecipou seu projeto de voltar às ruas: “Quero dizer que estou preparando meu caminho para voltar a viajar pelo meu país”.
O ato acontece a cada quatro anos e reuniu manifestantes de vários estados para reivindicar direitos previstos na Constituição, mas sempre “escanteados”. As Margaridas marcharam por desenvolvimento sustentável com democracia, justiça, autonomia, igualdade e liberdade. Elas lotaram a Praça dos Três Poderes e a Esplanada. São trabalhadoras rurais, extrativistas, quebradeiras de coco-babaçu, indígenas, quilombolas em busca de diálogo com o governo federal. É a maior mobilização de mulheres da América Latina.
As bandeiras levantadas em meio à marcha referem-se ao retrocesso dos direitos; o fim da violência contra as mulheres; a paridade; combate à violência no campo, com mais eficácia e severidade; reforma política; educação de qualidade; terra; água e agrologia; e o impacto da terceirização. E tem mais: combate à pobreza; a defesa da soberania alimentar e nutricional; e a construção de uma sociedade sem preconceito, sem homofobia e sem intolerância religiosa.
Por que Margaridas? Em 1983, a líder sindical ruralista paraibana Margarida Maria Alves foi assassinada, por um pistoleiro de aluguel, diante do filho pequeno e do marido. Três meses antes, em um discurso de comemoração ao 1º de maio, Dia do Trabalhador, ela disse que era melhor “morrer na luta do que morrer de fome”. Trinta e dois anos depois de sua morte, as palavras de Margarida ainda ecoam entre as mulheres trabalhadoras rurais e lhes dão força para a luta por melhores condições de vida com dignidade.
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