HANSENÍASE

Crianças participam do projeto Cine Comunidade do Hospital Aquiles Lisboa

um dos objetivos do projeto é desmistificar os conceitos que alguns ainda mantêm sobre a hanseníase, e acabam se afastando de quem está em tratamento da doença

O projeto ‘Cine Comunidade’, realizado pelo Hospital Aquiles Lisboa, com coordenação da direção administrativa e equipe de terapia ocupacional, conseguiu promover, no sábado (8), um momento de integração entre cerca de 60 crianças, dentre pacientes e crianças do projeto Santa Tereza D’Ávila e Escola Comunitária Mariana, que moram nos bairros no entorno do hospital.
Além de possibilitar mais uma opção de lazer e levar cultura às crianças da comunidade, um dos objetivos do projeto é desmistificar os conceitos que alguns ainda mantêm sobre a hanseníase, e acabam se afastando de quem está em tratamento da doença. “Queremos tirar a ideia do Aquiles Lisboa como um hospital para pessoas excluídas, como foi por muito tempo. Para acabar com esse estigma aproximamos a comunidade do hospital, que tem o papel de promover saúde, mas também de agregar serviço social”, afirma Raul Fagner, diretor-administrativo.
Antes do início da sessão do filme ‘Meu malvado favorito 2’, escolhido pelas crianças, a terapeuta ocupacional, Ivonete Morais, explicou de forma descontraída ‘o que é hanseníase’, ‘quais os cuidados devem ser adquiridos para evitar a doença’ e ‘porque não se deve ter preconceito com o paciente que está em tratamento’.
Essa foi a segunda edição do projeto, que teve início no mês de junho. Segundo o diretor administrativo, a proposta do governo Flávio Dino é realizar duas sessões por mês. A equipe de nutricionistas do hospital aproveitou a oportunidade para distribuir lanches saudáveis com frutas e incentivar uma boa alimentação. “Muitas crianças ainda sofrem preconceito pelo que acabam ouvindo dos adultos. Esses momentos de interação são importantes para trabalhar essas questões e mudar conceitos, ajudando a formar adultos que incluem, e não excluem o diferente”, explica a terapeuta ocupacional Ivonete Morais, uma das organizadoras do projeto.
Participando pela segunda vez do cineminha, Raissa Soares, 8, estava feliz por poder assistir filmes com os amigos. “Acho muito legal poder assistir o filme todos juntos, porque nós somos todos iguais”, disse ela. Mikael Cardoso, 9, nunca havia assistido filme em uma tela grande e apontou esse como o fato que mais o chamou atenção. “Só imaginava como era a sala de um cinema. Acho que tem a tela maior que essa, mas é legal não assistir em uma televisão e está aqui com meus amigos”, completou Mikael.
Quem conhece a história que envolve o hospital, vê como um momento marcante o ‘Cine Comunidade’, como é o caso do senhor Flávio Lisboa, 69. Há 53 anos ele reside na vila que cerca o hospital. Apesar de ter recebido alta de medicamentos e hospitalar há 30 anos, preferiu continuar morando onde construiu a sua história. “Onde está acontecendo o projeto hoje, já funcionou um cinema de verdade, o ‘Darcy Vargas’. Como nós éramos excluídos, nossa vida social precisava ser vivida toda aqui, isolada. E foi assim que surgiu o cinema”, ele conta.
Reativar o momento de lazer, mesmo que de forma a simular uma sala de cinema, também foi motivo de alegria para ele. “Espero que eles continuem com esse projeto para que essa futura geração de pacientes, não passe pelas discriminações que nós passamos. As pessoas estão mais evoluídas, o medo diminuiu, mas o preconceito não. Contra esse preconceito, que é a nossa luta constante”, ressaltou o senhor Flávio, que hoje auxilia o hospital na conscientização sobre hanseníase, ministrando palestras em faculdades e universidades.
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