Beleza não põe a mesa

No Brasil há um velho adágio popular que diz: «Beleza não põe a mesa». É como se quisesse simplificar outro provérbio de significado mais evidente: «Beleza e formosura não dão pão nem fartura». Seja como for, a beleza não põe a mesa, mas abre o apetite. E foi com apetite implícito e voraz que a […]

No Brasil há um velho adágio popular que diz: «Beleza não põe a mesa». É como se quisesse simplificar outro provérbio de significado mais evidente: «Beleza e formosura não dão pão nem fartura». Seja como for, a beleza não põe a mesa, mas abre o apetite. E foi com apetite implícito e voraz que a jovem, bela, pobre, simples e corajosa Lidiane Rocha aceitou, em 2012, disputar a Prefeitura de Bom Jardim uma semana antes da eleição, no lugar do namorado ricaço, pilhado pela Lei da Ficha Limpa.
Ao contrário do provérbio acima, que nos ensina a não confundir beleza como valores primordiais, Lidiane preferiu usar as vantagens do cargo de prefeita para extravasar. Esqueceu sua origem humilde de vendedora de leite in natura em canjerão para, ironicamente, desviar os recursos federais do leite da merenda escolar e do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica. Ela traiu a confiança do povo e, desgraçadamente, desqualificou o seu voto democrático, certamente dado por impulso, em nome de um ex-candidato ficha suja.
Lidiane até ontem era uma foragida. Enquanto a Câmara de Vereadores de Bom Jardim tenta derrubar uma ordem liminar em que não pode cassar a prefeita, que virou notícia nacional, cujo caso vale como enredo de novela. Uma mulher que se deslumbrou com a dinheirama da prefeitura, criou a própria imagem da ingenuidade e da estupidez. Acha que mexer com o dinheiro público é colocá-lo a serviço de suas ambições, deslumbres e enriquecimento. Desonrou o voto popular, debochou do eleitor e ganhou fama nas redes sociais pelo exibicionismo e ostentação.
Explorou o estilo sex, solta e loira fatal. Perdeu a compostura e o decoro e pode ganhar uma tornozeleira eletrônica. É a prefeita mais procurada do Brasil. Não pelo eleitorado, mas por ser um dos casos emblemáticos da política municipal mal resolvida, que quase sempre acaba em caso de polícia. Enquanto isso, o namorado Beto Rocha, que a ingressou na política para continuar mandando na prefeitura, está preso pelo mesmo crime da “cria” amada. Agora, a Lidiane, celebridade nas redes sociais, é também famosa pelo jeito de driblar a polícia, enquanto busca uma ordem judicial que a livre da cadeia.
Buscando a união (1)
Não é fácil, mas também não é impossível a tarefa de os parlamentares e prefeitos do PT maranhense transformarem o partido, de um ninho de cobras a uma confraria de apaziguados. Mesmo sem uma definição encaminhada sobre as eleições de 2016, os petistas, pelo menos, já conseguem escamotear suas divergências e caminhar ruma à união, nunca antes alcançada.
Buscando a união (2)
Na dor, a culpa cede lugar ao perdão. Não resta dúvida de que o PT maranhense nunca em sua história precisou tanto de entendimento. Por isso, o vereador Honorato Fernandes, os deputados estaduais Francisca Primo, Zé Inácio e Zé Carlos (federal), Raimundo Monteiro e Fernando Magalhães estão dialogando e buscando fortalecer a legenda, único caminho para impedir o desmanche total.
Prefeitura acéfala
Com a prefeita Lidiane Rocha fugitiva da polícia (até ontem, pois ela pode ser apresentada a qualquer hora por seus advogados), a administração de Bom Jardim está acéfala. Há suspeita de desvio de R$ 15 milhões na Educação, mas só a polícia e o Tribunal de Contas da União poderão dar o valor exato.
Bela e fera
O certo é que, enquanto a prefeita Lidiane corre da polícia, Bom Jardim pena duplamente. A vice-prefeita Maurinete Gralhado não pode assumir porque a titular não foi cassada ou afastada do cargo. Ela pode ficar até 15 dias fora do cargo. O episódio mostra que Lidiane é dura na queda. Por três vezes foi afastada pela Justiça e sempre retornou ao cargo. A loira é bela e fera!
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