Da semana passada para cá, Brasília se mostra inclinada a baixar o faixo do impeachment contra a presidente Dilma e uma distensão nos setores que vinham atiçando o fogo que cerca o Palácio do Planalto. O senador Renan Calheiros abraçou o movimento liderado pelo vice-presidente Michel Temer, de impedir que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), exploda as medidas anticrise, do ajuste fiscal, com suas pautas-bombas. Também o tucano Geraldo Alckmin disse, em Pernambuco, que o impeachment não está colocado.
Dilma veio a São Luís num momento excepcionalmente tenso, mas voltou com o astral elevado, com o sentimento de que, a partir de agora, já é possível encarar o povo. Se panelaço derrubasse governo, os Kirchner não estariam mandando há 16 anos na Argentina. Lá quase todo dia tem panelaço. Por aqui, no desgaste do PT, Flávio Dino tenta abocanhar uma fatia robusta da esquerda brasileira. Disse, ao lado de Dilma, que é a “favor do combate à corrupção, mas também é contra qualquer tentativa de golpe”.
No mesmo dia, Dilma reconduziu ao posto o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, como um recado aos golpistas. Ele incomoda dezenas de políticos, inclusive Renan Calheiros e Eduardo Cunha, investigados na Operação Lava-Jato, mas foi o mais votado no Ministério Público Federal. O voto, portanto, é o que disse Abraham Lincoln: “Um boletim de voto tem mais força que um tiro de espingarda”.Portanto, a inflexão no Senado é visível nas palavras do presidente Renan Calheiros: “O impeachment não é prioridade. tratar disso seria atear fogo no país”.
Mas também Dilma resolveu sair da toca. Vai percorrer o Nordeste. E passou a tratar da crise com quem tem poder de decidir na política ou na economia. Vem se reunindo diariamente com ministros, lideres partidários, empresariais e sindicais. Ontem, Dilma afirmou que a melhora na situação hidrológica nos reservatórios deverá resultar em redução entre 15% e 20% no valor adicional da energia elétrica. Ela vai lançar um programa para o setor elétrico com investimentos de R$ 182 bilhões até 2018.