A Major League Soccer (MLS) tem sido uma das ligas de futebol que mais crescem ao redor do mundo e nos últimos anos se destacou pela contratação de grandes jogadores como o goleiro Júlio César e Kaká, mas um dos primeiros brasileiros a atuar nos Estados Unidos foi o meia Dejair Ferreira, pelo Chivas USA em 2008.
Em uma época em que o futebol ainda era pouco explorado no país, o jogador chegou em uma das maiores cidades da América, Los Angeles, e defendeu a equipe local por oito meses. Dejair, hoje aposentado dos gramados, descreve a sua experiência como um dos pioneiros do futebol nos Estados Unidos da atual MLS.
O negócio começou quando o meia atuava pelo ABC de Natal em 2008 e aos 31 anos recebeu uma ligação do preparador de goleiros Léo Percovich, perguntando se gostaria de conhecer o Chivas USA, pois havia uma proposta para ele atuar no clube.
Percovich é um goleiro uruguaio que atuou com Dejair no Sampaio Corrêa em 1999 e desde então manteve uma amizade com o jogador e que, inclusive, já tinha tentado levá-lo para o futebol coreano em 2006, mas o Criciúma não o havia liberado. “O Percovich queria que eu fosse jogar lá e me indicou ao treinador da época, e como eu gostei da proposta e do desafio de atuar fora do país resolvi aceitar e assinar com o clube”, afirmou.
Com uma carreira consolidada no Brasil com passagem por Botafogo (RJ), Atlético-MG e Criciúma, Dejair decidiu topar a aventura e ser um dos primeiros brasileiros a atuar nos Estados Unidos.
Em 2008, a MLS tinha jogadores como o francês Thierry Henry, o inglês David Beckham, o colombiano Juan Pablo Ángel e o argentino Marcelo Gallardo, mas os brasileiros ainda não eram comuns na liga. “Havia apenas três ou quatro jogadores brasileiros nos Estados Unidos. Eu lembro bem do Paulo Nagamura, que atuava no meu time, e do Luciano, do DC United. Mas eu fui um dos desbravadores disso na época”, afirmou.
Na experiência de oito meses atuando no Chivas USA, o jogador teve a oportunidade de treinar junto com o David Beckham, que atuava pelo Los Angeles Galaxy, equipe que dividia as instalações com seu clube.
Dentro de campo, Dejair teve uma boa passagem pelo clube, mas não decidiu renovar seu contrato com o clube devido a política da MLS de teto salarial, que impedia os clubes a darem contratos grandes para os jogadores. “A MLS que pagava os jogadores e tinha um certo valor que não poderia ser superado. Apenas um ou dois atletas por clube que recebiam mais que isso e o time buscava patrocínio para pagá-los. No Chivas, o Cláudio Suarez era o principal jogador e portanto eles não poderiam pagar mais”, explicou.
Após a experiência nos Estados Unidos, o meia atuou pelo Brasil de Pelotas e voltou ao Sampaio Corrêa em 2010, onde encerrou a carreira e assumiu o cargo de auxiliar técnico, além de treinador nas categorias de base do clube.
Após treinar a equipe do Sampaio na disputa da Copa São Paulo de Futebol Júnior em 2015, Dejair sofreu com a redução de verbas para as categorias de base e acabou saindo do clube.
Quatro perguntar para Dejair
Como era o futebol nos Estados Unidos?
Depois da era-Pelé e do New York Cosmos, o futebol lá deu uma caída muito grande e com a Copa do Mundo de 1994 o negócio retornou e passou a ser mais visto pelas pessoas de lá. Depois da reformulação da MLS os americanos passaram a se interessar mais pelo jogo.
Qual a principal diferença do futebol de lá para o Brasil?
Tem muita diferença. A principal era a velocidade, pois o jogo era muito mais rápido por lá. Eu até senti um pouco de dificuldade nessa área, mas era fácil de adaptar. Fora de campo a organização é muito diferente, disciplina também. É uma coisa muito mais profissional.
Como foi a experiência de viver nos EUA?
Em Los Angeles, por ter muitos latinos, era mais fácil eu me comunicar em espanhol do que em inglês, mas a realidade lá era muito diferente com apenas um período de treinamento, sem concentração, a alimentação era feita normalmente na sua casa.
Por que a experiência não durou mais tempo?
Meu contrato foi de oito meses. Após o encerramento eu poderia até renovar, mas como os salários de lá não eram tão altos a proposta que eu recebi daqui do Brasil era muito melhor, eu decidi voltar. Mas se fosse hoje em dia eu teria ficado por lá pelo menos uns três ou quatro anos.
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