MMA

Evolução do MMA põe atletas maranhenses no mesmo nível que lutadores do eixo Rio-São Paulo

O treinamento físico dos atletas passou a simular movimentos de luta e o Maranhão está bem próximo dos outros estados do eixo Rio-São Paulo

Assim como vários esportes, o MMA (mixed martial arts – artes marciais mistas) evoluiu bastante desde sua criação até os dias atuais, desde suas regras até o perfil dos seus lutadores, mas talvez seja no treinamento físico que podemos ver as maiores mudanças vistas no Maranhão.
A modalidade assumidamente surgiu em São Luís com o lendário Casemiro de Nascimento Martins, conhecido como “Rei Zulu”, em meados dos anos 80. O seu estilo peculiar de lutar e seus métodos ortodoxos de treinamento marcaram época principalmente porque ele chegou a ter um recorde de 150 lutas sem ser derrotado.
MMA demonstra evolução no Maranhão

Durante todos esses anos, Zulu nunca frequentou academias de malhação e ele mesmo desenvolveu seu treinamento físico diariamente com pedras pesadas, pneus de trator, marretas, isso tudo no quintal de sua casa onde também empurrava paredes, lançava pedras a grandes distâncias, corria entre os arbustos, levantar carroças carregadas e andar com uma corda no pescoço puxando pneus. Essa rotina considerada rústica só era possível devido a força que Zulu possuía naturalmente.

Esse método empírico foi prontamente superado com a evolução do jiu-jitsu no Brasil e principalmente após as duas derrotas de Zulu para Rickson Gracie em 1980 e 1984. Nesse período o MMA era conhecido como Vale Tudo.
O fisioterapeuta esportivo, Emílio Mello, que atua com a preparação física e recuperação de atletas há 15 anos, sendo sete especificamente com atletas do MMA, acredita que a chegada do Ultimate Fight Championship (UFC) alavancou a profissionalização do treinamento da modalidade. “O treinamento era muito arcaico em termos de físico, basicamente com corrida e treinos dentro da academia. Mas com a chegada do UFC da década de noventa começou-se a usar os treinos específicos para luta”, afirmou.
No Maranhão, duas outras derrotas para o mestre de kickboxing e jiu-jitsu, James Adler, praticamente encerraram a maneira de Zulu lutar. Com uma rotina de treinamento mais científica baseada em conceitos realmente testados por outros preparadores, os lutadores mais jovens passaram a obter mais resultados no MMA.
Mesmo assim, Zulu foi o mentor de seu sucessor nas artes marciais, Wágner da Conceição Martins, o “Zuluzinho”, que utilizava algumas das técnicas do seu pai, mas também aliou seu treinamento a práticas modernas.
O jovem lutador conseguiu duas vitórias sobre Adler em 2004, mas uma série de derrotas sequenciadas demonstrou novamente que o estilo de luta estava ultrapassado, bem como os treinamentos criados há muito tempo. “Os preparadores físicos e os fisioterapeutas esportivos começaram a estudar a biomecânica do que acontece durante o processo de luta dos atletas e tudo baseado em estudo cientifico sem espaço para o achismo”, explicou Melo.
Modernização
Nos últimos anos, a preparação física de um atleta de MMA tem sido muito mais aprimorada por conta da intensidade das lutas e com isso os métodos de treinamento seguiram esse caminho. A musculação é um dos métodos mais tradicionais para a preparação, mas mesmo ainda bastante utilizada ela já está sendo substituída pelo treinamento funcional.
MMA demonstra evolução no Maranhão
No trabalho funcional, o objetivo é aumentar a carga física utilizando-se de movimentos que podem ser aplicados no dia-a-dia. Para um lutador, as principais atividades buscam gerar força, potência e velocidade, mas também podem ser trabalhadas as necessidades específicas de um atleta. A grande diferença desse treinamento é o trabalho do corpo como um todo e não cada parte em separado como a musculação. “A gente usa bolas, elásticos simulando o que acontece no processo de luta, de MMA fazendo circuitos, com cinco minutos e descanso de 30 segundos a um minuto que é o mesmo descanso entre os rounds e com isso a gente vai condicionando a musculatura e aumentando o processo de condicionamento físico, cárdio e muscular”, explicou Mello.
MMA demonstra evolução no Maranhão

Para o fisioterapeuta, o Maranhão está bem próximo do resto do país em questão de treinamento físico especifico para atletas do MMA. A única diferença ainda está nos materiais utilizados que ainda há uma escassez aqui no Estado. “Em termos de conhecimento e estudo, os profissionais daqui não deixam nada a desejar. O que falta para a gente do Maranhão é estrutura física, materiais. No eixo Rio-São Paulo eles estão mais avançados em termos de materiais específicos para o treinamento em MMA”, concluiu.

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