Cinema

Cultuado entre os adolescentes, John Green, autor de A culpa é das estrelas, chega ao Brasil para lançar seu novo filme Cidades de papel

O escritor norte-americano John Green esteve no Brasil para promover o filme Cidades de papel e com ele trouxe a sensibilidade que o fez ser celebrado por adolescentes do mundo inteiro com o livro A culpa é das estrelas, que foi levado para as telonas e conquistou a sexta maior bilheteria no ano passado. “Estar […]

John Green ficou encantado com as belezas do Rio de Janeiro e visitou o Cristo Redentor

O escritor norte-americano John Green esteve no Brasil para promover o filme Cidades de papel e com ele trouxe a sensibilidade que o fez ser celebrado por adolescentes do mundo inteiro com o livro A culpa é das estrelas, que foi levado para as telonas e conquistou a sexta maior bilheteria no ano passado. “Estar no set do novo filme foi algo mais tranquilo, já que a trama retratada é bem menos triste”, conta, aos 37 anos, o cara que entende como poucos de juventude. “Green agrega a positividade”, resume o astro da produção, Nat Wolff.

Cidades de papel — que estreia em 9 de julho — equilibra jovens em ritos de passagem com desafios de imprimirem mais personalidade a serviço de superar a felicidade pré-fabricada e supostas perfeições de logística que os circundam. “As pessoas cultuam imaginação em parques como os da Disney. Como morei em Orlando, era visto como privilegiado pelas idas sistemáticas para lá. Mas tente ficar nesse circuito por quinze anos para ver como você detestará aquele local”, ironiza Green.
Falsidade e espírito de competição não parecem nortear o autor que se projeta à frente até mesmo de astros como Wolff e Cara Delevingne, coqueluche entre os jovens e objeto de culto do protagonista chamado de Q. “Wolff, mesmo antes do roteiro, moldou a história, por ser superjovem e saber, com mais frescor, o que é ter 17 anos”, diz o escritor, que também é produtor-executivo do filme.
John Green ficou encantado com as belezas do Rio de Janeiro e visitou o Cristo Redentor

Com abordagem jovem, Green se disse tomado pela criação do livro original. “Adolescentes têm vida relacionada à tensão. Perdem situações de crianças e inocência. O apanhador no campo de centeio trata dessa mágica da infância. É uma fase da primeira paixão, das primeiras tristezas. Discordo quando dizem que esse tipo de escrita me desafia. Na verdade, se trata de um prazer abordar ajustes entre experiência e inocência”, explica o autor.

Mesmo com a idade que tem, Green não se furta de comportamentos que poderiam ser tolhidos como inapropriados. “Às vezes, você quer se sentir jovem. Saindo do avião, me peguei dançando, por estar realmente com vontade. Há quem deva achar isso estranho”, ri.
Dilemas
A seriedade ganha espaço, quando John Green — comandante de uma legião de jovens arregimentados na internet, os nerdfighters — trata da comunicação globalizada. “Na internet, as pessoas tomam partido e, em geral, tendem a não ouvir os outros. Nesse mundo, as pessoas conquistam maior atenção. Na minha vida, tomei a decisão de que seria norteado pela noção de que todos têm o mesmo valor. É um conceito que aplico em todos os âmbitos, da família aos amigos”, observa o autor de títulos como Quem é você, Alaska?.
Inquietação clara — desde a juventude, quando diz ter sofrido até bullying — transparece quando trata de Cidades de papel. “Tinha a ilusão de que, ao chegar numa determinada idade, teria uma tranquilidade estruturada e que seguiria, até a morte, fazendo o que mais gosto, que é escrever”, aponta.
Pai de duas crianças e em patamar inesperado de realizações, John Green conta que tem se tornado bem mais empático com os pais em suas tramas. “Como os jovens retratados, tendia a deixar os pais dos enredos um tanto marginalizados”, avalia. Atenção especial, para o protagonista Q, vivido por Nat Wolff, está no ponto em que se desvincula da jovem amada, Margo. “Há um momento em que ele se dá conta de que presta um desserviço, ao colocar um rótulo nela. Muitas vezes, a gente busca uma felicidade, prontamente à nossa disposição — é só olhar para o lado”, observa.
 
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