O Moto Club terá que ficar sem disputar as competições profissionais por sete meses após a eliminação da Copa do Nordeste, Campeonato Maranhense e Copa do Brasil, além da não classificação para a Série D do Campeonato Brasileiro 2015. Além disso, o clube lançou o edital para a nova eleição para presidente que deverá ocorrer no próximo dia 9 de junho.
Com isso, Roberto Fernandes, atual vice-presidente do conselho diretor do Moto Club, fez um balanço da situação do Rubro-negro e ressaltou a grande dificuldade financeira por que passa o futebol, principalmente no Maranhão, e a falta de apoio da torcida na Copa do Nordeste como principais problemas.
Qual análise de sua segunda experiência como presidente do Moto Club?
Primeiramente, apesar das críticas, eu não sou o presidente do clube. Como não houve candidato nas eleições de janeiro, eu fiquei no comando apenas para ele não parar.
Voltaria a ser presidente?
Não diria nunca, mas do jeito que está, sem recursos financeiros é muito difícil. O futebol é muito ingrato. As pessoas cobram sem nem saber como estão às coisas. Se tiver um projeto com recursos, eu voltaria a dirigir o clube com o maior prazer.
Como seria esse projeto?
Um projeto com profissionais em todas as áreas, desde a administração até o marketing e todas as coisas. Não dá pra continuar com os funcionários passando aperto pela falta de dinheiro. O problema financeiro é complicado.
A situação do Moto melhorou?
Quando você tem dinheiro, tudo bem, mas ao longo do trabalho é natural ter altos e baixos. A gente já caminhou um grande pedaço desde quando eu cheguei a primeira vez que não tinha luz, água, camisa, absolutamente nada. Era um clube abandonado.
Qual o motivo da campanha abaixo do esperado no Campeonato Maranhense?
A campanha não foi ruim. Terminamos na liderança na primeira fase, mas não contávamos com o Sampaio em quarto lugar. Mesmo assim os jogos foram equilibrados, e por infelicidade perdemos no saldo de gols para o Sampaio.
E os públicos do Moto por que foram ruins?
A arrecadação com o Maranhense foi até boa, deu quase para zerar despesas com receitas. Mas nas outras competições não foi à mesma coisa.
O público decepcionou nas competições nacionais?
O torcedor, simplesmente, não foi aos jogos da Copa do Nordeste. Uma grande decepção. A gente confiou bastante na renda e no fim a competição não deu certo pra nós. Não recebemos o dinheiro da competição que a Federação organizou no começo do ano e que também não deu certo.
Quanto seria isso?
Eles ficaram de pagar R$ 60 mil para o Moto e Sampaio. Mas não repassaram o dinheiro dizendo que tiveram prejuízo. E falaram que iam compensar conseguindo que o Moto não gastasse com os custos na Copa do Nordeste, o que realmente fizeram. Mas esse dinheiro fez falta.
Dinheiro é o grande problema do futebol maranhense?
Enquanto a gente não conseguir sensibilizar a inciativa privada e fazer com que eles nos vejam como um parceiro de negócios, fica difícil. A gente conversou com agências de publicidade e marketing, mas não conseguir nada. Ter que ficar pedindo dinheiro é muito ruim, e não é pra mim.
Quanto você acha que precisa para montar um bom time?
Acho que R$ 200 mil por mês em folha salarial já dava para montar um bom time e subir para a Série C com tranquilidade. O valor não é tão alto quanto pensam. Não dá pra prever os resultados, mas dá pra fazer um bom papel com isso.
Quantos jogadores ainda estão no clube?
Nós temos agora apenas quatro ou cinco jogadores que podem ser considerados do Moto. Nos próximos dias a diretoria vai sentar com eles e analisar se vai ter dinheiro ou vontade deles em renovar o contrato.
Henrique vai ser negociado?
Ele é um dos jogadores ainda no clube e vamos conversar sobre renovação. Houve contato Manaus, Ceará e Goiás, mas nenhum desses negócios vingou.
E como andam as categorias de base?
Como eu disse, sem dinheiro não há planejamento. Como tudo é mais difícil aqui no Maranhão. Tivemos que procurar uma empresa de fora para conseguir captar recursos para a base via Lei de Incentivo. Se Deus quiser, vamos conseguir esse dinheiro. Tem que ser profissional.
As dívidas do clube são grandes?
Primeiro, o problema financeiro é nacional. O Sampaio, que disputa a elite na Série B, com direitos de televisão, contratos maiores, está devendo salários. Assim como o Corinthians, que é um dos que mais arrecadam também deve, mas o pessoal só fala do Moto. Só perseguem o Moto. É complicado.
Quais são as dívidas?
Bem, estamos finalizando o débito com os jogadores, dinheiro do lugar que eles estavam hospedados. São essas coisas. Não sei exatamente os valores, mas é pouca coisa.
Como você avalia o programa de Sócio-Torcedor?
O programa é uma ótima alternativa para arrecadar. No primeiro momento nos chegamos a ter mais de 800 sócios ativos. E esse dinheiro foi importante para manter as contas da sede em dias. Pagamos funcionários, despesas e contas de luz atrasadas de outras gestões.
E por que o programa caiu de rendimento?
Hoje, o programa tem menos de 300 sócios. Acredito que houve um erro de administração, pois como não temos um clube social para o associado ir lá, tem que dar retorno e atividades com o sócio torcedor. Acredito que esse número vai cair mais sem as competições nesse ano.
Existe alguma solução?
Como no início tivemos um sucesso relativo, podemos acreditar que funciona. A crise financeira do Brasil torna tudo mais difícil. Tem que fazer um programa mais abrangente com brindes e dar algo ao torcedor.
Quantos conselheiros têm no Moto? E que contribuem efetivamente?
Na última listagem que eu vi eram mais de 150. Mas de efetivos realmente no máximo dez. Normalmente era pra eles colaborarem com o clube, mas com exceção feita aos que participam da administração nenhum ajuda.
Com as eleições próximas, qual o perfil necessário para o novo presidente?
Bem lembrado. No que eu sei, várias pessoas já manifestaram o interesse em se candidatar. Mas tem que ver quem é comprometido com o projeto do Moto. E não aparecer perto das eleições municipais, todo mundo quer usar o clube como cabo eleitoral e depois somem.
Você apoia alguém?
Se o Hans Nina se candidatar, eu estarei ao seu lado, pois ele tem um projeto. Mas se qualquer outro for eleito e tiver comprometimento, posso até fazer parte da diretoria.