O faturamento médio do setor de alimentação fora de casa caiu 8,39% no primeiro trimestre de 2015. Os dados foram divulgados hoje (9) pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e são comparados ao quarto trimestre do ano passado. De acordo com a Abasel, considerarando a sazonalidade e a redução histórica de 6% para o período, a queda real chega a 2,39%.
Os números foram apresentados na capital paulista, durante a Feira Internacional de Produtos e Serviços para Alimentação Fora do Lar (Fispal).
Segundo Paulo Solmucci, presidente executivo da Abrasel, a queda reflete a busca do consumidor por refeições mais baratas. “O setor encolhe, mas o encolhimento não alcança a quantidade de refeições nem a frequência. Ele ocorre na redução do gasto médio por pessoa”, explicou.
Para Solmucci, o movimento atinge, sobretudo, os restaurantes que oferecem refeições com valores superiores a R$ 30, que representam 12% do setor. Por outro lado, favorece os estabelecimentos que praticam preço inferiores a R$ 20, que representam 75%.
Solmucci destacou que, nos últimos anos, o setor de alimentação fora do lar manteve reajustes acima da inflação, mas que não há mais margem para aumentos excessivos. “Há quase uma década, os preços sobem acima da inflação. O aumento de preços chegou a ser quase o dobro da inflação acumulada no período. O consumidor deu um basta a isso”, explicou.
Paulo Solmucci acrescentou que isso tem feito cair a rentabilidade dos empresários. Cerca de 35% dos 697 empresários pesquisados disseram que a rentabilidade ficou entre zero e 5%.
Para tentar diminuir o custo da produção, evitando repassar os gastos ao consumidor, a maioria das empresas tem ampliado investimentos. Cerca de 45% dos entrevistados disseram ter investido, no primeiro trimestre de 2015, em equipamentos que aumentam a produtividade, entre eles máquinas de lavar pratos.
“Quatro em cada dez empresas estão investindo até 15% do faturamento em um ambiente em que se deveria imaginar o contrário”, informou Solmucci.
Atualmente, um terço dos brasileiros faz refeições fora de casa. Em uma década, esse percentual passou de 25% para 33%. Esse crescimento ocorre de maneira diferenciada em relações a regiões e classes sociais. Em Brasília, no Centro-Oeste, 40% da população fazem refeições fora de casa. Em relação à classe social, o percentual chega a 50% na classe A e a 20% nas classes D e E.
Sobre a previsão de negócios para 2015, 65% acreditam em mais quedas, 35% avaliam que ficará estável e 5% apostam em melhorias. Apesar do alto percentual pessimista, houve redução na comparação com a última pesquisa, quando 68% previam um cenário pior. Para 41% dos empresários do setor, o faturamento cairá este ano, enquanto 37% apostam na estabilidade e 22% acreditam que haverá crescimento.