Já Ainda na gravidez, quando o bebê está se desenvolvendo no útero materno, surgem os ‘botões dentários’ que mais adiante, perto dos seis meses de vida, irão se transformar nos dentes de leite. Os dentes decíduos, como são corretamente chamados, continuarão nascendo até os três anos, mais ou menos. Nessa fase, a criança terá muitos dentinhos e poderá ser estimulada a escová-los sozinha. Até lá, o que fazer? Na opinião da odontopediatra Sandra Kalil Bussadori, professora da Escola de Aperfeiçoamento Profissional da APCD (Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas), os pais devem dar todo suporte à saúde bucal do bebê desde seu nascimento.
“Devemos lembrar que até os seis meses preconiza-se a amamentação exclusiva. Nessa fase não há necessidade de limpeza constante com gaze, porque existem imunoglobulinas no leite materno que são importantes para a proteção dos bebês contra infecções. Assim que o primeiro dente aparecer, já é momento de escovar. Afinal, todo dente que está na cavidade bucal pode ser colonizado por bactérias que causam a doença cárie. O ideal é que os pais consultem um odontopediatra de sua confiança antes mesmo de os dentes irromperem para obter as orientações necessárias ao bom desenvolvimento da saúde bucal do bebê”, diz a especialista.
A cárie do bebê começa com o aparecimento de manchas brancas opacas, principalmente em áreas que se acumulam placa bacteriana. O uso de mamadeiras/peito noturno sem higienização em seguida é o maior causador desse tipo de problema, também conhecido como ‘cárie precoce da infância’ ou, mais popularmente, ‘cárie de mamadeira’. Essas lesões têm progressão rápida e severa, causando grande destruição e até perda dos dentes. Outro inconveniente: crianças que têm dor de dente não se alimentam corretamente. Logo, não se desenvolvem adequadamente em todos os quesitos de saúde.
Para quem enfrenta resistência da criança, que se mostra irrequieta durante as tentativas de limpar os dentinhos, a cirurgiã-dentista recomenda persistência. “Algumas vezes a criança chora por não querer parar suas atividades e brincadeiras para escovar os dentes. Mas também porque não tem o hábito de ter sua cavidade oral manipulada. Os pais devem mostrar que escovar os dentes não machuca, não dói. A escovação só traz benefícios. Sendo assim, devem mostrar que não se trata de uma escolha da criança e sim de uma necessidade de todos. Eles inclusive devem dar exemplo. A higiene oral é essencial para um bom desenvolvimento da saúde, assim como tomar banho e lavar as mãos.”
Já com relação ao creme dental ideal para escovar os dentes dos pequenos, a odontopediatra diz que eles devem conter flúor. “Estudos recentes mostram que o importante não é excluir o flúor da pasta de dente, e sim instruir corretamente os pais quanto à quantidade colocada na escova, que dever ser sempre mínima. Para os menores de 3 anos, a quantidade preconizada é do tamanho de um grão de arroz cru. Assim, a criança receberá o benefício do flúor e estará prevenida contra a cárie dentária. Outra dica: mantenha a pasta fora do alcance da criança, para que não haja ingestão.”
Por fim, Sandra Kalil Bussadori afirma que também as fases de alimentação devem estar alinhadas com a higiene bucal. O estímulo mastigatório é sempre importante para o desenvolvimento da cavidade bucal. “Depois da amamentação, ocorre a introdução das papinhas e, mais adiante, dos alimentos em pedaços. Essa última etapa é essencial para um bom desenvolvimento da musculatura facial, favorecendo também a salivação e ajudando na limpeza e estabilização do pH da cavidade bucal. Outra vantagem da mastigação é contribuir também com o adequado posicionamento dentário e vedamento labial. Por isso é sempre importante os pais prestarem muita atenção à alimentação do bebê, aliada com uma perfeita higienização.”