Das 67 milhões de mães brasileiras, 31% são solteiras. Mas o fato de existirem mais de 20 milhões de mulheres que não estão (ou nunca estiveram) criando seus filhos junto com os pais não é suficiente para evitar o preconceito que mesmo nos anos 2000 ainda persiste e, em graus maiores ou menores, afeta a autoestima daquela que precisa se desdobrar em casa, no trabalho e ainda lidar socialmente com o conceito excludente de família ‘pai-mãe-filho’. O ideal ‘mulher-maravilha-mãe-perfeita’ faz com que muitas dessas mães sintam-se em dívida e culpadas por não darem conta de tudo que elas acreditam caberem exclusivamente às elas.
O que não precisa ser assim. Uma rede de apoio para troca de experiências, compartilhar angústias e encontrar soluções para as necessidades do dia a dia tem se consolidado com a ajuda da tecnologia que aproxima mulheres dos quatros cantos do Brasil. A iniciativa mais recente é o ‘Mãe2em1’, o I Encontro Online de Mães Solteiras do Brasil que acontece entre os dias 1 e 7 de junho (inscreva-se aqui). Mais de 40 especialistas vão falar sobre temas que permeiam a vida dessa mulher como autoestima, educação infantil, gestão do tempo, organização, planejamento financeiro, empreendedorismo e alienação parental. Todas as palestras são gratuitas. A programação completa pode ser vista aqui: http://www.mae2em1.com.br/palestrantes
Autora do blog O Canto da mulher que canta, a atriz Carolinie Figueiredo, 25 anos, é uma das palestrantes do seminário. Ela é mãe de Bruna Luz, 3 anos e Theo, de 1 ano e três meses, e vai falar sobre a aceitação do corpo após a maternidade. Apesar de esse ser um tema abrangente que afeta qualquer mulher que se tornou mãe – tanto é, que segundo Carolinie, o post ‘Como acolher o corpo do pós-parto?’ foi o mais lido e comentado em seu blog – ela acredita que “as mães solteiras têm questões mais profundas relacionadas à autoestima e aceitação”.
A maternidade mudou o rumo da trajetória profissional da atriz de Malhação e Sangue Bom, que também é doula e educadora perinatal e se tornou mãe aos 21 anos. “Não me imaginava voltando a atuar em novela tão cedo. Conheci histórias de mulheres que mudaram a carreira após se tornarem mães, estudei sobre marketing digital, criei o blog e, em março, organizei o ‘I Encontro da Maternagem Consciente’, um evento online com 33 palestras gratuitas, nomes internacionais que sempre foram minha referência, e foi um sucesso de público, 15 mil pessoas participaram, e foi financeiramente sustentável”, conta.
Carolinie é hoje é uma das vozes que luta pelo empoderamento feminino e materno. Ela resume o conceito de maternagem consciente “como um movimento de maternar com acolhimento, carinho e consciência das responsabilidades das nossas escolhas. É uma busca por informação de qualidade, que foge ao senso comum, que quer descobrir a própria voz, que traz um poder para a mulher e para a mãe, um poder que nos é tirado desde muito cedo, ainda na gravidez. Todo mundo entende mais da criança do que a própria mãe. A mulher fica muito insegura quando nasce o filho e a troca de experiência com outras mulheres que vivem o mesmo momento é muito importante. As escolhas são diferentes, temos que respeitar todas elas, mas elas precisam ser tomadas com o máximo de informação e consciência”, acredita.
Separada há pouco mais de 3 meses do pai de seus filhos, a atriz e blogueira afirma que já entendeu como é a luta de assumir a responsabilidade das crianças sozinhas. “Admiro esse projeto e acho que o ‘Mãe2em1’ tem uma enorme importância social”, diz.