Se não há a seriedade de um O jardineiro fiel ou mesmo do hollywoodiano Diamante de sangue na mais recente empreitada do astro Sean Penn no filão das aventuras, O franco-atirador tem relevância de produto multicultural recheado de diversão.
Organização não governamental de fachada no Congo, ajuda humanitária e disputa de amores são mescladas na adaptação do romance escrito por Jean-Pierre Manchette em 2002. Mas a atual produção não é fiel ao livro da década de 1970.
Diretor dos movimentados Busca implacável (com Liam Neeson) e Dupla implacável, o francês Pierre Morel dá fôlego a filme com mão pesada de Sean Penn, protagonista, produtor e colaborador no roteiro.
Aos 54 anos, Penn agarra bem a oportunidade de ser Terrier, o ex-matador e mocinho para Annie (Jasmine Trinca), num enredo que explora interesses cruzados de mineradoras multinacionais. O filme ganha muito com o debochado vilão Felix interpretado com maestria por Javier Barden.
Falando em Felix, não há como negar um pendor de novela para o filme em que há brusca passagem do tempo, fartas reviravoltas, um pavio curto dominando o protagonista à beira de doença (justamente pelo estresse) e no qual ciúmes é elemento forte.
Com espírito jocoso, dá gosto de acompanhar o paralelo entre um personagem ferido com um touro acuado em arena pública. Intrigante e internacional, a produção conta com talentos dos atores ingleses Ray Winstone e Mark Rylance e do compositor americano Marco Beltrami (perfeito também em O doador de memórias).