Pela vizinhança, com lugares batizados de Fazenda de Bala e Vila Gasolina, já se tem ideia de que algo anda estranho para Max (reciclado, na participação de Tom Hardy). Numa terra devastada, ele duvida até da sanidade e vive sem esperanças. Atormentado por mortes do passado, Max carrega no corpo um sangue que lhe dá a condição de doador universal para garotos de guerra, avampirados seres que vivem em alta voltagem e tiranizados por Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne). Atolado na precariedade-em que a água, pela escassez, é vista como um vício para os humanos-, Max faz valer o instinto de sobrevivência.
Verdade é que um mundo se descortina, no longa-metragem dirigido por George Miller, que revista uma franquia instituída por ele em 1979. Para o espectador, resta um estado alterado, com absorção profunda das perspectivas e das adrenalinas de Max, “coisificado” como uma ‘Bolsa de Sangue’, por todos os tipos como Nux (Nicholas Hoult). Uma levada tribal e ares de cartoon enquadram um mundo enfumaçado, repleto de poeira e de detalhes mórbidos ou delirantes. Num deles, Max chega a limpar sangue com leite. Vale, entretanto, sublinhar que a a situação do roteiro é praticamente única (uma fuga desesperada) e, sim, por vezes, parece que vemos um episódio do desenho Corrida Maluca.
Como passageiro da Máquina de Guerra- um caminhão-tanque conduzido pela foragida Furiosa (Charlize Theron, inspirada e que garante antológico embate com Joe)-, Max ganha poder de barganha, ao sequestrar clâ de mulheres subjugadas por Immortan Joe.
Tanta gente em cena tira a condição de protagonista de Max, num filme que tem registro de trilha sonora inflacionada. Demais, no bom sentido, são as direções de arte e de fotografia que incrementam à exaustão, efeitos de colapso e miragem repassados pela fita.