Os trabalhadores brasileiros tiveram grandes conquistas nos últimos 12 anos, mas o quadro mudou por completo a partir do ano passado. Não há o que comemorar neste feriado do Dia do Trabalho, que deve ser o pior em mais de uma década. Pela primeira vez, desde 2003, a renda média real e a massa salarial tiveram queda. A inflação disparou, corroendo o poder aquisitivo da população, e o desemprego voltou a subir, assombrando as famílias, que já estão superendividadas. Para completar, há o temor, entre trabalhadores, de que garantias conquistadas a duras penas estejam ameaçadas por medidas provisórias e projetos de lei que violam ou restringem direitos trabalhistas.
Não há dúvida, contudo, de que os brasileiros viveram bons momentos de pleno emprego e valorização salarial. Com a retomada do crescimento e o controle da inflação, as empresas puderam contratar mais e dar aumentos generosos a seus funcionários, e os servidores públicos foram beneficiados com ganhos reais. Uma política consistente de reajuste do salário mínimo, que aumentou seu poder de compra em cinco vezes, proporcionou ascensão social e inclusão de milhões de pessoas no mercado consumidor. Nesse quadro de bonança, muitos brasileiros puderam comprar o carro novo, a casa própria, viajar para o exterior, bancar planos de saúde e colocar os filhos em escolas privadas.
O economista da Consultoria Tendência Rafael Bacciotti aponta o aumento da renda como uma das maiores conquistas dos últimos anos. “Houve crescimento real contínuo dos rendimentos de 2005 a 2012. No acumulado do período, foram 25% de ganhos acima da inflação, com média anual de 2,7%. Em 2013 e 2014, também houve aumento, mas o ritmo perdeu força”, explica. Para o consultor do site especializado Trabalho Hoje, Rodolfo Torelly, ex-diretor do Departamento de Emprego e Salário do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a grande vitória foi a superação da informalidade. “A partir de 2009, os trabalhadores formais superaram o contingente de informais”, destaca.