Dia da terceirização

Talvez por precaução ou diplomacia, nem Dino nem os empresários trataram da polêmica do Projeto de Lei 4.330, que está no Senado.

As novas regras da terceirização foram o tema principal das ruas, no Dia do Trabalho. Elas acarretam mudanças tão fortes que prometem incendiar o debate que divide o Congresso, o PT, as centrais sindicais e colocam Lula em linha de colisão com a presidente Dilma. No Maranhão, o governador Flávio Dino já se manifestou contra o projeto já aprovado pela Câmara, apoiado pelas organizações empresariais. Por coincidência, Dino teve na semana passada dois encontros com a classe empregadora – na Federação das Indústrias e na posse dos dirigentes da Câmara dos Dirigentes Lojistas, mas nenhum lado tocou na terceirização.
Nos dois encontros, o governador preferiu mostrar o que está fazendo, no pouco tempo à frente do cargo, para incentivar e atrair investimentos produtivos ao Maranhão. Talvez por precaução ou diplomacia, nem Dino nem os empresários trataram da polêmica do Projeto de Lei 4.330, que está no Senado. Porém, no Brasil, o assunto entrou firme na discussão sobre direitos trabalhistas, conquistados longamente, como os previstos na CLT getulista.
A terceirização azedou a relação entre o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que aprovou o projeto, e Renan Calheiros, presidente do Senado, que promete cozinhá-lo em fogo brando, sem pressa e sem pressão. Se puder, vai rejeitá-lo. Cunha, por sua vez, foi até para o palanque da Força Sindical, no dia 1º em São Paulo, ao lado de Aécio Neves, que também apoia a terceirização. Já a presidente Dilma, acuada, saiu de cena para se manifestar por rede social sobre as conquistas dos trabalhadores. Mas Lula foi para a rua com a Central Única dos Trabalhadores, que quer derrubar o projeto e pressionar Dilma a vetá-lo.
Também cearense Graça Costa, a maior especialista da CUT em terceirização, chegou a desafiar os deputados, antes da segunda votação, ao participar de audiência pública: “Podem votar, nós temos fotos de todos vocês e sabemos onde cada um teve votos; vamos espalhar em todos os postes das suas bases eleitorais”. A ameaça deu resultado. Na votação final, o número de apoiadores na Câmara caiu de 324 para 230. Ela conseguiu virar 94 votos e ainda fez blague: “A Câmara não é a bodega do Eduardo Cunha”.
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