No começo, vem a impressão de filme repeteco: tal qual Um parto de viagem (2010), Para o que der e vier traz o mesmo Zach Galifianakis interpretando enredo que une morte repentina em família, um testamento enviesado, situações cômicas e algo de road movie.
Na tela, Zach é um homem com emocional de menino que quer ser escritor, mas decola mesmo é na viagem com as drogas. Com participação de um dos incentivadores do cinema independente Peter Bogdanovich (A última sessão de cinema), como ator, a expectativa é alta. Principalmente se levado em conta o histórico do diretor Matthew Weiner, roteirista e diretor ocasional de séries como Os Sopranos e Mad men, agora no segundo longa-metragem, como cineasta.
Se injetou renovação na tevê, no cinema Matthew Weiner se mostra fora de forma, alongando um filme que dá sinais de saturação. Como espécie de tutor de Ben, Owen Wilson interpreta o rapaz do tempo (“bonito e que sabe falar”), Steve, numa modesta rede de televisão.
A jovem mulher que passou “cinco anos auxiliando Matusalém” – leia-se o recém-enterrado endinheirado pai de Ben – ocupa um posto decisivo no humor, por estimular disputa amorosa, cativando os inseparáveis Ben e Steve.
Na disputa por US$ 2,5 milhões de herança, a enteada Terry (irmã de Ben) tem falas incisivas, acreditando que, por exemplo, “a caridade das pessoas é uma máscara”.
Contrapondo vontades, obrigações (é hilária a pretensão de Ben se proclamando Galileu e Che Guevara), o filme tem boas situações, mas tudo é muito esticado. Numa cena emblemática, ao fim, é muito interessante o discurso (visual) do diretor que contrapõe o verdadeiro (autêntico) em contraste com as recriações do homem, numa singela aparição de um cavalo. Sem maiores voos, é um filme divertido.
Confira o trailer de Para o Que Der e Vier: