Quando começou a pensar na concepção do terceiro álbum da carreira, a paulista Tulipa Ruiz tinha uma certeza: queria um disco que promovesse a dança. “O meu desejo era que a primeira impressão sobre o CD passasse pelo movimento e pelo corpo, antes de a pessoa se relacionar de outras formas”, revela a cantora.
Assim Tulipa investiu para que a dança estivesse no CD de diversas maneiras. O título Dancê e o encarte são os primeiros a mostrarem essa ideia. A capa do disco físico utiliza uma técnica de movimento nas ilustrações, que foram concebidas pela designer gráfica Tereza Bettinardi em cima de desenhos da cantora.
Depois foi a sonoridade que ganhou os ares da dança. Tulipa Ruiz abandonou a linearidade dos discos Efêmera (2010) e Tudo tanto (2012) para apostar em letras mais leves unidas a batidas dançantes. “Acho que é um disco de camadas. As pessoas podem se relacionar de várias maneiras. Ao mesmo tempo que tem essa coisa da dança, eu falo de positividade, do amor sem cabimento e até da dor da perda”, afirma a artista.
Para chegar até o resultado final, Tulipa e sua equipe ficaram 15 dias em um sítio no interior de São Paulo para a pré-produção de Dancê, uma forma de mostrar as músicas e reconstruí-las. Essa foi a primeira vez que o grupo resolveu se isolar para fazer um disco.
Parceria
Dancê tem 11 faixas, todas escritas por Tulipa Ruiz, a maioria delas em parceria com Gustavo Ruiz, que também é responsável pela produção do álbum. Essa é a terceira vez que os irmãos trabalham juntos: “O Gustavo é mais do que meu irmão, é meu brother. A gente toca juntos e tem muita intimidade, crescemos escutando os mesmos discos, temos a mesma turma. Quando a gente faz música é muito fácil”.
Duas perguntas // Tulipa Ruiz
Você é filha do guitarrista da vanguarda paulista Luiz Caldas. Como foi crescer em um ambiente musical?
Lá em casa, todo mundo é músico. Eu, meu pai e meu irmão. Mas, mais do que isso, é uma família que sempre gostou de música. Nós sempre estávamos ouvindo disco na minha casa. Rapidamente, descobri a discoteca dos meus pais. Escutei muito Novos Baianos, Tropicália, Os Beatles. Cresci nesse ambiente com todos os estímulos da vanguarda paulista. Meu primeiro emprego foi em uma loja de discos, porque pensei que, se tinha que trabalhar, devia ser com música. Então, sempre fez parte do nosso universo de forma natural.
Quando você sairá em turnê com Dancê?
Faremos shows em São Paulo nos dias 22, 23 e 24 de maio. Depois seguiremos para Paraty, Rio de Janeiro, Salvador e Porto Alegre. Queremos muito ir para Brasília porque é uma cidade muito especial para mim. O público é diferente e tenho muitos amigos na capital. Sempre fui bem cebida. Como não estivemos no ano passado, já estou sentindo uma lacuna.