A aguardada turnê Innocence + Experience, dos irlandeses do U2, finalmente começou. Na ultima sexta-feira, em Vancouver, Bono e cia. desfilaram sucessos que compreendem mais de três décadas, lembrando ao mundo que, no palco, estava uma das poucas mega-bandas restantes fazendo um bom show de rock. O retorno aos palcos, apesar de triunfante, é apenas uma parte da estrada que o grupo terá que percorrer para responder a pergunta que está no ar após dois discos sem sucesso, um acidente de bicicleta que tirou Bono Vox de combate e as batalhas contra a venda digital de Songs of innocence: a música do U2 ainda é importante em 2015?
A julgar pela reação à estratégia de comercialização do último disco, a resposta é não. Em setembro do ano passado, a banda, em parceria com a Apple, disponibilizou, gratuitamente, Songs of innocence para meio bilhão de usuários do iTunes. O problema foi que nem a banda nem a empresa tiveram a cortesia de perguntar se os usuários queriam o álbum. O que se seguiu foi uma onda de críticas negativas ao trabalho, talvez mais baseadas na invasiva campanha de marketing do que na qualidade das músicas. O resultado foi um aplicativo criado para apagar o disco da playlist dos insatisfeitos.
Para aumentar a maré de azar, o vocalista Bono Vox ainda sofreu, em novembro, um acidente de bicicleta, em Nova York, no qual fraturou um braço em seis pontos diferentes e que poderia tirar a sua capacidade de tocar guitarra.
Cadê os hits?
O calvário pelo qual o U2 passa começou, na verdade, em 2009, com o lançamento do disco No line on the horizon. Para uma banda que tem sucessos cantados por plateias nos quatro cantos do mundo desde 1980, a produção não deixou nenhuma composição memorável, apesar de uma turnê bem-sucedida. Na época, o crítico musical Neil McCormick, do jornal britânico Telegraph escreveu: “São poucas as evidências de que esta é a música de que o mundo precisa no momento, algo tão original e poderoso quanto os melhores trabalhos da banda”.