ABORTO ESPONTÂNEO

Apesar de comum, aborto espontâneo ainda é visto como raro pelos casais

Ocorrendo em cerca de 20% das gestações, o incidente gera grande angústia para mulheres e casais, aponta estudo

Abortos por causas naturais são a complicação mais recorrente durante a gravidez, acometendo de 15% a 20% das gestações clinicamente reconhecidas no mundo. Os índices significam que, todos os anos, de 750 mil a 1 milhão de mulheres sofrem com o problema. Não é algo, portanto, raro. Apesar disso, o incidente ainda causa muita angústia e costuma ser encarado com constrangimento pelas mulheres, mesmo que o ocorrido seja dividido apenas com familiares e amigos.
Uma pesquisa com mais de mil adultos norte-americanos recentemente concluída dá uma boa ideia dessa realidade. A maioria dos participantes erroneamente respondeu que perder o bebê, como se diz popularmente, é algo raro, que ocorreria em menos de 6% das gestações. Essa falta de informação, segundo o coordenador do estudo, Zev Williams, é fonte de sofrimento emocional. “Os resultados de nossa pesquisa indicam equívocos generalizados. Por ser um problema muito comum, mas raramente discutido, muitas mulheres e casais se sentem isolados e sozinhos. Precisamos educar as pessoas, pois isso poderia nos ajudar a reduzir a vergonha e o estigma associados a ele”, diz Williams, diretor do Programa para a Perda de Gravidez Precoce e Recorrente (Pearl, na sigla em inglês), da Universidade Yeshiva, em Nova York. Os resultados foram publicados na revista Obstetrics & Gynecology.
Segundo João Steibel, presidente da Assistência ao Abortamento, Parto e Puerpério da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), os equívocos não se restringem à população norte-americana. No Brasil, também são comuns. “Nessa hora, a gente precisa explicar que é comum, que acontece quando o corpo se dá conta de que não dá para levar adiante a gestação”, afirma o brasileiro. Uma mulher que tem três filhos, conta o médico, provavelmente passará por um aborto natural. “Não sabemos exatamente o que o causa. É a seleção natural. Costuma ocorre com seis a oito semanas (de gestação), e, a cada cinco grávidas, uma aborta.”
Solidão
A técnica em radiologia Neuma Lopes, 50 anos, é uma das milhares de mulheres que já viveram a experiência. Passadas mais de duas décadas, ela consegue falar sobre o assunto com tranquilidade. “Comecei a sentir dores e achei que menstruaria. Fui ao médico e nós tentamos de tudo, como repouso, colocar as pernas para cima, mas não deu certo”, lembra. “Fiquei muito triste e me afastei do trabalho durante duas semanas. Deu a sensação de que era um castigo e que eu não ia mais engravidar”, conta Neuma. Apesar disso, ela não desistiu e se tornou mãe de três filhas saudáveis, hoje com 24, 20 e 15 anos.
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