O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, disse que seu governo busca avançar para uma política de saúde “binacional” com o Brasil, a fim de evitar infecções em massa pelo novo coronavírus na fronteira. O vizinho não adotou nenhuma medida restritiva, como o isolamento e se tornou um caso de sucesso contra o coronavírus, apenas pedindo a população que fosse responsável e ficasse em casa.

 No Uruguai o primeiro caso da infecção foi registrado dia 13 de março, até agora o país tem confirmados 655 casos, com 17 mortos.  Com os casos sob controle, o país aos poucos vai reabrir o comércio e ajustando a economia, e segue contando com a ajuda da população para ir contendo a pandemia no país e mantendo o sucesso no combate ao vírus.

Diante desse cenário, o governo uruguaio expôs a intenção de parceria com o Brasil, durante entrevista coletiva no departamento de Cerro Largo, realizada ontem, aonde viajou para verificar o controle das Forças Armadas na fronteira, Lacalle Pou afirmou que as duas chancelarias mantêm uma colaboração contínua desde o começo da pandemia.

“Veremos os recursos, porque a necessidade existe. Obviamente, neste caso não depende apenas do governo uruguaio, mas também do brasileiro, que estou certo que estará em sintonia”, assinalou o presidente.

A fronteira com o Brasil “tem uma vida binacional. Compra-se de um lado e vive-se do outro, trabalha-se do outro, não podemos interromper isso”, assinalou o presidente, insistindo em pedir à população “maior precaução e cuidado”, e numa “presença sanitária uruguaia maior” naquela região.

Consultado sobre os trabalhadores brasileiros de uma fábrica de cimento localizada no departamento de Treinta y Tres que testaram positivo para o novo coronavírus, o presidente destacou que se reagiu a tempo e “o sistema funcionou”.

O que ocorreu em Treinta y Tres, assinalou Lacalle Pou, serviu de exemplo para planejar um protocolo para a safra de cana-de-açúcar, que começa no próximo dia 20 em Bella Unión, no departamento fronteiriço de Artigas (norte).

“Dos 1,5 mil trabalhadores, cerca de 300 que não são, necessariamente, brasileiros vivem do outro lado. O tipo de trabalho faz com que entrem e saiam do país várias vezes nos cinco meses que dura a safra”, explicou o presidente.

Diante disto, está sendo planejada a realização de testes em massa nos trabalhadores que vierem do Brasil, e, “eventualmente”, em outros, aleatórios, durante a safra.

“O objetivo final que buscamos é a coordenação e um acordo. Qualquer palavra que não vá neste sentido não sairá da minha boca. Na fronteira, a relação é muito boa”, afirmou o presidente uruguaio.

Retomada cuidadosa após sucesso no controle do coronavírus

O Uruguai começou a retomar as aulas, que estavam suspensas desde o dia 13 de março, primeiro nas escolas rurais, mais afastadas, o que assegura um maior distanciamento social. Para ajustar a economia foi lançado pelo governo um programa de incentivos, com a diminuição de impostos e a realização de obras públicas, com o objetivo de aquecer o setor privado e dinamizar a economia.

No último dia 5 de maio o atendimento em órgãos públicos foi retomado de forma gradual e um protocolo especial foi adotado para garantir a segurança da população.

O país também concedeu subsídios, algo similar ao auxílio emergencial do Brasil, para pequenos comerciantes e os que trabalham por conta própria. Para os mais necessitados, foram distribuídas cestas básicas.

Os políticos e funcionários públicos uruguaios deram sua cota de sacrifício. Todos tiveram o salário e a aposentadoria cortados por dois meses, e os recursos foram direcionados para um fundo de combate ao coronavírus.