SESI-MA transforma a educação de trabalhadores industriais
EJA Profissionalizante ajuda a resgatar sonhos, aumenta o grau de escolaridade da mão de obra e todo o setor produtivo se beneficia.
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(Foto: Nestor Bezerra)
No Maranhão, o SESI une esforços com as indústrias para enfrentar um dos maiores desafios das empresas no estado: o baixo grau de escolaridade dos funcionários. Por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA Profissionalizante), em parceria com o SENAI, trabalhadores cursam o Ensino Médio na própria fábrica, adquirem novas habilidades, melhoram suas perspectivas de vida e obtém um certificado profissional em uma área específica da indústria. Estudos apontam que essa abordagem diminui evasão escolar, aumenta o nível de escolaridade regional e fertiliza todo o setor produtivo.
Um dos grandes diferenciais do programa do Serviço Social da Indústria (SESI) é a metodologia ativa de ensino, com plataforma própria (Ambiente Virtual de Aprendizagem do SESI – AVA)e equipe de professores especializada, que permite a conclusão do Ensino Médio em apenas 12 meses. A flexibilidade do programa, que se adapta à rotina do trabalhador e inclui aulas presenciais e a distância, resulta em uma baixa taxa de evasão, o que garante que os alunos, mesmo após um dia de trabalho, possam se dedicar aos estudos. E mais: eles conquistam um diploma ao mesmo tempo em que impulsionam suas carreiras e contribuem para o desenvolvimento do estado.
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Mais de 200 mil estudantes já passaram por essa metodologia no país, com taxa de conclusão do Ensino Médio entre 72 e 82%. Esse índice é 50% superior ao que ocorre na rede pública de ensino, onde mais de 70% dos alunos desistem de concluir seus estudos. Esse resultado contribui para a evolução das políticas públicas educacionais e para o aumento da produtividade e competitividade do Brasil.
“Além disso, a educação de jovens e adultos ajuda a diminuir as desigualdades sociais”, frisou Vanda Marli, coordenadora de Educação do SESI-MA. Entre 2017 e 2024, o SESI-MA realizou 5.726 matrículas na EJA nos municípios de Bacabal, Imperatriz, São Luís, Açailândia, Caxias e Rosário. Esta última unidade atende, entre outros estudantes, 70 internos da Unidade Prisional de Rosário e 28 trabalhadores da Eurochem.
Estudante empreendedor
Claubermárcio Ferreira Lopes, de 46 anos, operador de produção da Eurochem, é um dos mais de 5 mil estudantes da EJA do SESI Maranhão. Ele tem a vida marcada por desafios desde a infância. Órfão de pai e mãe ainda criança, Clauber aprendeu cedo a lidar com responsabilidades e a se adaptar a diferentes situações, trabalhando em diversos ramos, desde a confecção de placas até o trabalho com fertilizantes. Apesar de ter interrompido os estudos na 8ª série por necessidade, a oportunidade de concluir o Ensino Médio por meio do programa oferecido pelo SESI e SENAI em parceria com a Eurochem reacendeu a esperança de crescimento profissional e pessoal.
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Inventivo e curioso, Clauber transformou a empresa em um ambiente de aprendizado e desenvolvimento. Lá ele aprimora seus conhecimentos na área de fertilizantes e nutre o seu espírito empreendedor. Aplicando o conhecimento adquirido na empresa, Clauber investe em seus próprios negócios, como o plantio de açaí, e sonha em expandir suas atividades. O apoio da esposa, que atua como professora particular, tem sido fundamental para que ele consiga conciliar trabalho, estudos e projetos pessoais. “Qualquer um de nós tem capacidade. Basta querer. Nós temos que ter foco e objetivo”, disse o trabalhador, que tem paixão pela Agronomia e quer ser empresário para gerar emprego para outras pessoas.
Cadeia produtiva
A unidade da Eurochem em São Luís passou de uma produção de 685 mil toneladas em 2023 para uma projeção de 750 mil em 2024. Além do impacto econômico que gera, a Eurochem prioriza o desenvolvimento de seus 233 funcionários, investindo em programas de qualificação profissional, como o EJA Profissionalizante em parceria com o SESI e SENAI. Pedro Paulo Ramos dos Santos, gerente da unidade da Eurochem em São Luís, informou que a empresa investe em cursos técnicos, como o de Operador de Fertilizantes, que está sendo criado sob medida pelo SENAI, para atender as demandas do setor e qualificar mão de obra local.
A empresa, explicou o gerente, incentiva o desenvolvimento profissional dos seus colaboradores, foca nas pessoas e na construção de um ambiente de trabalho positivo e motivador. “Jamais cogitamos em substituir as pessoas porque elas não têm o Ensino Médio. Resolvemos proporcionar aqui dentro um ambiente para que possam, por exemplo, acompanhar o processo crescente de automação. Queremos que os nossos funcionários trabalhem na Eurochem por escolha, mas se desejam seguir outros sonhos, a gente apoia”, enfatizou Pedro Paulo, acrescentando o quanto os funcionários estão mais felizes e dedicados depois que voltaram a estudar.
Aumentar o grau de escolaridade do trabalhador traz impactos positivos para todo o setor produtivo. Para citarmos apenas as operações com fertilizantes, ponto central do trabalho da Eurochem, a aquisição de fertilizantes representou 27,6% da pauta de importação do Maranhão, entre janeiro e novembro de 2024, de acordo com dados do Observatório da Indústria do Maranhão.
O fertilizante chega ao estado por meio do Porto do Itaqui, que atua como um elo vital entre o mercado internacional de fertilizantes e a produção agrícola no Maranhão e na região conhecida como MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). A importação de fertilizantes é crucial para a produção de grãos, que por sua vez contribui para o desenvolvimento econômico do estado. “A EJA Profissionalizante do SESI abre portas para que a mão de obra do Maranhão cresça, se desenvolva e escale”, frisou a gerente da unidade SESI Rosário, Leidyane Caldas, responsável pelas turmas da Eurochem e da Unidade Prisional de Rosário.
Inspiração
A educação tem mesmo esse poder de multiplicar saberes e com isso abrir portas. Marcos Mendonça, funcionário da Eurochem, tem uma trajetória de vida marcada por desafios e superações desde a infância em Viana, onde cresceu em uma família de pescadores e agricultores. Com seis irmãos, Marcos enfrentou dificuldades para conciliar estudos e trabalho desde jovem, o que resultou na interrupção de sua educação formal no Ensino Médio. Casando-se aos 19 anos e com o nascimento do filho, ele teve que lidar com as exigências do mercado de trabalho que priorizavam qualificação e ensino formal, o que impactou sua trajetória profissional como ajudante de pedreiro e posteriormente na área de logística.
Motivado pela chance de concluir o Ensino Médio e realizar cursos técnicos, ele expressa gratidão pela oportunidade de crescimento pessoal e profissional. Com um olhar esperançoso para o futuro, Marcos almeja continuar se qualificando e sonha em seguir uma formação teológica. Ele destaca a importância da educação para o seu filho, reforçando seu papel como um exemplo positivo e incentivador dentro da comunidade onde atua. “Aqui a gente trabalha para alimentar o mundo porque esse fertilizante vai para a fazenda e faz a soja e milho crescer. Somos vencedores e isso é bom”, refletiu o trabalhador que agora consegue enxergar mais próximo o sonho de cursar uma faculdade.
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