DIA DAS MÃES

Mamães e mulheres de negócios

A dupla jornada feminina é uma característica muito comum no aspecto social da sociedade moderna.

Amanda Lícia, criadora de conteúdo digital sobre maternidade e empreendedorismo, e Patrícia Melo, também empreendedora e mãe. (Foto: Arquivo Pessoal)

“Trabalho desde os 11 anos. Quando tinha essa idade minha mãe me colocou para trabalhar em casa de família, pois nesse tempo ela não tinha muitas condições financeiras. Me separei há 1 ano e meio e hoje me divido entre o trabalho de manicure e o de podóloga”. Foi assim de uma vez só, que a podóloga Ana Cleia dos Santos Serejo, de 45 anos resumiu a sua vida.

Mãe de 2 filhas, uma de 23 e outra de 10, ela trabalha de segunda a segunda. Além de trabalhar um dia na semana na tesouraria da igreja que frequenta, trabalha em um salão sendo manicure e em uma clínica como podóloga.

A filha mais velha fica com os pais que moram ao lado da casa dela. E a menor, fica o dia todo na escola. Quando ela chega em casa à noite, é para dar conta dos afazeres domésticos. Pergunto quanto tempo sobra para ela cuidar dela, e ela responde: “Quase nada”.

Ana Cleia e suas duas filhas. (Foto: Arquivo pessoal)

Mas não pense que a vida de Ana Cleia é triste. Segundo ela, trabalha muito para não deixar faltar nada em casa e para as filhas, mas principalmente para realizar seu maior sonho, que é o de ter um negócio próprio.

“A satisfação é muito grande de trabalhar para comprar as coisas para dentro de casa. Pretendo um dia ter minha clínica se Deus permitir. Só em ter saúde para fazer o que faço, eu agradeço muito a Deus”, disse.

Enquanto Ana Cleia ainda está na batalha para ter seu próprio empreendimento, Thaliany Cristina, de 22 anos, é empreendedora do estúdio Thali Nails Esmalteria. Casada e empreendedora, é assim que ela resume a sua biografia no perfil da sua rede.

Ela estudava Engenharia de Produção, até fazer um curso de alongamento e a partir daí, perceber que o curso que fazia antes não fazia mais sentido. Jogou tudo para o alto, mesmo com a reprovação da família, e resolveu apostar no trabalho de alongamento de unhas.

Não é preciso nem falar no tamanho do desafio que ele teve, pois ela resolveu montar seu negócio e em seguida veio a pandemia. Três anos depois, está colhendo os frutos do que plantou. Mas agora tem um desafio maior ainda. Conciliar maternidade e negócios. Thali, como gosta de ser chamada, está grávida de 8 meses, de Maria Júlia e se considera mãe, do pequeno Miguel Arcanjo, de 6 anos, seu enteado.

Thali seguiu com seu negócio e hoje está conciliando família e trabalho. (Foto: Arquivo pessoal)

“No começo foi muito difícil, muito mesmo. Foi um tiro no escuro. Empreender não é fácil.  Mas logo depois que o lockdown passou, eu fui me aprimorando, fazendo mais cursos, a procura foi aumentando, as coisas começaram a fluir. Mas muitas vezes em pensei em desistir, em voltar para a faculdade que fazia, mas ao mesmo tempo eu via que não ia ser feliz. Foi a melhor coisa que fiz. Algo que não me arrependo”, disse.

O estúdio de Thali é em casa, mas quem pensa que por isso ela tem alguma vantagem, engana-se.  “Quando a gente trabalha em casa, parece que nosso trabalho é desvalorizado, porque a impressão é que a gente não faz nada, e pelo contrário, é 10 mil vezes mais cansativo. Porque a gente trabalha, vai fazer almoço, arruma filho pra escola, cuida do salão, é muito cansativo. E agora, depois que a bebê nascer toda a rotina vai ter que ser adaptada de novo”.

Sobre as mães, as duas entrevistadas foram enfáticas em dizer: são guerreiras. “Porque vai em busca de uma carreira, tem que cuidar da casa, dos filhos, da vida de casada. E tem algo maior por detrás disso, que é o amor de mãe. Com amor dá tudo certo”, disse Thali. Para Ana Cleia, a “satisfação de exercer o papel de mãe e ainda conseguir ter a carreira que quer, empreender é muito vitorioso”.

Empreendedorismo Entre Mães

O aumento na quantidade de empresas comandadas por mulheres tem ganhado força e impactado positivamente a economia maranhense. Quase a metade (45,9%) dos negócios em funcionamento no Maranhão tem a participação feminina no seu quadro societário, o que corresponde a mais de 140 mil empresas, e um terço (33,9%) das companhias instaladas no Maranhão são lideradas por mulheres, de acordo com a Junta Comercial do Maranhão (Jucema).

E já que o assunto é mães que empreendem, neste sábado, 7, é o último dia da 2ª Edição da Feira Entre Mães, considerada pelas idealizadoras como o maior encontro de mães empreendedoras do Maranhão. O evento está acontecendo até hoje no Multicenter Sebrae, das 9h às 21h, com entrada gratuita.

Cerca de 100 expositores, a maioria de negócios comandados por mulheres, entre entre franquias e marcas locais, estão comercializando e fazendo mostras de seus produtos voltados ao universo materno-infantil, como moda feminina e infantil, acessórios, brinquedos, produtos relacionados à amamentação, entre outras coisas.

Além disso, haverá uma programação com palestras, serviços gratuitos, atrações artísticas, dentre outras atividades.

Idealizada por Amanda Lícia, criadora de conteúdo digital sobre maternidade e empreendedorismo, e Patrícia Melo, também empreendedora e mãe, a Feira tem o propósito de dar visibilidade aos negócios liderados por mães e mulheres empreendedoras, que se mantem economicamente ativas, mesmo com todos as dificuldades que a pandemia impôs.

“Queremos fomentar esse empreendedorismo feminino, materno. Reunimos marcas e franquias e também empresas que estão começando, e as que fecharam suas lojas físicas e estão só no online”, disse Patrícia Melo, que tem um negócio de roupas infantis há 5 anos, e é mãe de Heitor e Manoela.

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