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Aumento de juros do cartão de crédito rotativo chega a 243,3%

A alta nos juros do cartão ocorre em meio à queda da inadimplência. No caso do rotativo, as dívidas com atraso superior a 90 dias caíram. No parcelado, entretanto, a inadimplência subiu pelo terceiro mês consecutivo, para 2%

Foto: Reprodução

Os juros do cartão de crédito rotativo regular subiram pelo terceiro mês consecutivo e chegaram a 243,3% ao ano, em fevereiro, conforme dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC). Já a taxa do parcelado atingiu 174,3%, a mais alta da história. Para quem não paga nem o mínimo da fatura do cartão e cai no rotativo não regular, a taxa aumentou 10,1 pontos percentuais, para 397,5%, de janeiro para fevereiro.

A alta nos juros do cartão ocorre em meio à queda da inadimplência. No caso do rotativo, as dívidas com atraso superior a 90 dias caíram de 35,7% para 33,2%, o menor patamar desde fevereiro de 2017. No caso do parcelado, entretanto, a inadimplência subiu pelo terceiro mês consecutivo, para 2%.

Os juros do cheque especial se mantiveram estáveis e passaram de 324,7%, no primeiro mês do ano, para 324,1%, em fevereiro. A inadimplência nessa modalidade de crédito caiu e passou de 15,2% para 13,6% na mesma base de comparação.

O chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, explicou que as taxas do parcelado tiveram alta diante do risco de crédito assumido pelas instituições financeiras com os clientes que deixaram de pagar a fatura à vista. No caso do rotativo, o custo do financiamento foi afetado porque algumas empresas que cobram juros maiores tiveram aumento nos desembolsos, o que afetou os dados da autoridade monetária.

Rocha lembrou que as taxas do rotativo regular caíram após as medidas implementadas pelo BC, em março do ano passado, mas cresceram nos últimos dois meses devido à entrada de novos participantes no mercado de cartões de crédito, com juros mais elevados. “A média subiu por essa razão”, afirmou.

Rocha atualizou as projeções da autoridade monetária para o mercado de crédito em 2018. A estimativa de expansão do estoque total passou de 3% para 3,5%. “O crédito com recursos livres tem sido mais dinâmico nos últimos meses, por isso a projeção de alta no crédito livre passou de 4% para 6%, também devido à recuperação da atividade e à política monetária”, afirmou. Segundo ele, a projeção de avanço para o crédito direcionado se manteve em 1%, com crescimento em linhas para pessoas físicas — habitacional e rural — e redução em linhas para empresas.

Estímulo ao débito

O Banco Central (BC) definiu que, a partir de 1º de outubro de 2018, a tarifa de intercâmbio média de cartões de débito será de 0,5% do valor da transação e a máxima de 0,8%. Essa taxa não era regulada. A definição ficava a cargo das bandeiras dos cartões e eram cobradas pelos bancos das empresas de maquininhas. Esse percentual compõe a taxa de desconto que as adquirentes cobram dos lojistas por cada compra.

O diretor de Política Monetária do BC, Reinaldo Le Grazie, detalhou que a medida tem como principal objetivo incentivar o uso do débito. “O mercado de pagamento no Brasil é robusto e queremos que o cartão de débito seja mais utilizado”, afirmou. Para ele, enquanto a taxa de desconto caiu de 1,6%, em 2009, para 1,45%, a tarifa de intercâmbio dos cartões de débito aumentou de 0,79% da transação para 0,82% nos últimos oito anos.

Pagamento por celulares

O diretor do BC disse que novas tecnologias estão em desenvolvimento, como o pagamento por celulares ou por contato, para dar mais escala ao uso dos cartões no mercado brasileiro. “O uso de cartão de débito na internet ainda é muito baixo. O setor tem adotado medidas de segurança para ampliar esse volume. Também está em estudo o uso de cartões de débito para pagamentos de serviços como o transporte público”, disse. Para ele, essas medidas reduzirão subsídios cruzados, especialmente quando não houver diferenciação de preço. “Vamos continuar trabalhando para aumentar a competitividade no setor”, concluiu. La Grazie acredita que as decisões tomadas pela autoridade monetária trarão mais competição para o mercado.

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