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Evolução

Sua profissão pode deixar de existir

Desenvolvimento da tecnologia acelera a tendência do mercado de substituir atividades que se baseiam em tarefas repetitivas e de rotina por máquinas e computadores.

Reprodução

Zona de conforto é uma expressão em desuso para quem tenta se encaixar no mercado de trabalho de hoje. A tecnologia, as novas formas de hierarquia nas empresas e a diversidade de ambientes de trabalho são apenas algumas das mudanças a que trabalhadores e empregadores vêm precisado se adaptar para sobreviver. Em casos mais extremos, atividades antes consideradas como um porto seguro para quem almejava a segurança de um bom emprego correm o risco de desaparecer, desfazendo os sonhos de quem se preparou anos para conseguir uma boa posição.

Esse processo, que ocorre em todo o mundo, atinge o Brasil num momento difícil, em que a recessão corta postos de trabalho em ritmo acelerado. O efeito da crise se soma à necessidade do sistema produtivo de se adaptar aos novos tempos. Em setembro passado, um ranking de competitividade divulgado pelo Fórum Econômico Mundial colocou o país na 81ª colocação entre 138 nações, com perda de seis posições ante a pesquisa do ano anterior. Ambiente econômico desfavorável, falta de desenvolvimento do mercado financeiro e pouca capacidade de inovação foram destacados como fatores negativos. Nesse quadro, a adaptação às tendências do mercado se torna ainda mais dolorosa.

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Administrador de empresas e técnico em contabilidade, Gildásio Vieira, 40 anos, se especializou em gestão financeira. Quando era gerente em um banco, na capital, ele viu projetos e sonhos se evaporarem ao receber a carta de demissão. “Todo o conhecimento conquistado em anos de estudo e no exercício de uma função de destaque não foram suficientes para me manter. A crise veio com força e ninguém tem dó na hora de demitir”, lamenta.

Morando sozinho, mas com pensões de dois filhos no orçamento, Gildásio foi buscar oportunidades em outras áreas. “Eu me via numa situação muito complicada. Meu filho queria entrar na faculdade, mas como eu iria pagar?”, recorda. Ele trabalhou em uma empresa de prestação de serviços de caminhões, como autônomo, antes de se tornar motorista da Uber. “Ou a gente se adapta ao que a tecnologia oferece ou fica excluído. Hoje, eu lamento estar fora da minha profissão, mas, ao menos, consigo manter as contas em dia.”

Trabalhos de “índole criativa e inovadora”

O presidente da Inova Consulting, Luís Rasquilha, alerta: trabalhos que não forem de “índole criativa e inovadora” tendem a desaparecer. Áreas de atividades operacionais e de processos repetitivos já estão sendo automatizadas, e a tendência é que as funções sejam substituídas por máquinas, visando reduzir custos e atender às necessidades do mercado. “É o caso de caixa e gerente de banco, atendente de call center, segurança de shopping, consultor financeiro, corretor de seguros e de imóveis, entre outras”, diz.

Otton Luiz Bendixen, de 28 anos, vê com espanto a inclusão de corretores de imóveis na lista de profissões ameaçadas. Formado em comunicação social, ele deixou de lado a carreira de assessor parlamentar para montar o próprio negócio no ramo imobiliário e afirma que a tecnologia nunca o atrapalhou. “A tecnologia vem para facilitar as coisas. Claro que uma ou outra profissão pode cair, mas não na minha área, onde acredito que o que vale, mesmo, é o conhecimento que se tem”, diz Otton.

Para ele, a profissão exige mais do que dar valores e indicar imóveis para o cliente. “As máquinas não conseguiriam executar a consultoria. Oferecemos diretrizes para a vida da pessoa e compartilhamos a nossa experiência. Para profissionais qualificados, creio que nada vai se alterar”, afirma.

Atividades como operadores de call center e telemarketing, no entanto, já sentem o peso da tecnologia. A estudante de Nutrição Eliana Souza, de 31 anos, passou por três demissões nos sete anos em que trabalhou na área. Na última delas, a justificativa da empresa foi a redução do quadro de funcionários. Eliana vê com preocupação a tendência do mercado. “Não me sinto preparada para enfrentar essa nova era em que tudo vai ser automatizado. A maioria das companhias está priorizando profissionais da área de TI. As opções são: ou me profissionalizo ou troco de área.”

Silvanirtes Cavalcante, de 51 anos, formada em Recursos Humanos, trabalhou por 10 anos em uma empresa de call center e ressalta o quanto a tecnologia “vem enterrando cargos”. “Como profissional, eu sei que o caminho é estar constantemente atualizada com o que o mercado exige. Se você não acompanhar, fica de fora.”

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