Tempo de economizar

Consumidor evita compras parceladas

Pesquisa mostra que cresce o número de brasileiros que optam por pagamentos à vista. Permissão para preços diferenciados estimula vendas em dinheiro.

(foto: reprodução)

O medo do desemprego e do excesso de dívidas tem levado os brasileiros a dividirem menos as compras neste início de ano. É o que aponta uma pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ). Segundo a entidade, apesar de a metade do consumo das famílias ainda ser parcelado, a proporção dos que optam por pagar à vista aumentou.

No Distrito Federal, não é diferente, assegura o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), Adelmir Santana. Na opinião dele, a tendência é que essa opção ganhe ainda mais força, sobretudo após a decisão do governo federal em estimular a compra à vista.

A professora Rosane Pio, de 47 anos, comprova o estudo. Nem leva o cartão de crédito quando sai para fazer compras. Quer evitar cair na tentação de consumir mais do que deve e se endividar. Nas compras do dia a dia, o pagamento é sempre em dinheiro. “Evito o máximo parcelar. Só faço isso quando não tem outro jeito, como quando compro os livros escolares das crianças”, contou.

Além de conseguir controlar melhor o orçamento, Rosane acredita que pagando à vista consegue “pechinchar”. “Vou gastando enquanto tenho dinheiro. Saio com o cartão de débito e acompanho todos os gastos. É muito melhor do que ter uma surpresa desagradável com a fatura do cartão de crédito no fim do mês”, relatou.

A estratégia da operadora de caixa Luana Silva Figueiredo, 25, é um pouco diferente. Quando não tem todo o dinheiro necessário para pagar o produto que deseja, dá uma entrada à vista e divide o restante. “Não gosto de acumular parcelas. E, quando preciso usar o cartão, evito dividir em muitas vezes’, contou.

O medo de não conseguir pagar todas as contas e se atolar em dívidas é o principal motivo para Luana segurar os gastos. “Quando está no fim do mês e o dinheiro acaba, é mais complicado. Mas sempre procuro economizar, procurar itens mais baratos e não levar tudo para casa. É melhor adiar a compra discussãodo que não ter como pagar”, afirmou.

VANTAGEM

A diretora de políticas e estratégias do Sistema Fecomércio-RJ, Gloria Amorim, não atribui a preferência por pagamentos à vista ao medo do desemprego. Mas admite que a crise econômica influencie nas decisões de consumo. “Os consumidores estão mais conscientes e preocupados em relação à situação econômica. As pessoas estão poupando mais e guardando dinheiro para consumir. Há uma pretensão de começar o ano comprando à vista e negociando os melhores preços”, avaliou. Para ela, pagar as contas em dinheiro oferece um benefício para o consumidor: o poder de barganha.
O desconto, por sinal, é sempre o principal motivo quando o servidor público Severino Melo, 58, decide pela compra em dinheiro. “Se consigo negociar um bom preço, dou preferência em pagar logo”, contou. Ele acredita que não usar o cartão de crédito proporciona mais controle sobre o salário.

INADIMPLÊNCIA ATINGE 58,3 MI

Em dezembro de 2016, 58,3 milhões de pessoas estavam inadimplentes no país, o equivalente a 39% da população adulta. No ano, 700 mil consumidores entraram na lista ante 2,5 milhões de 2015, segundo dados divulgados ontem pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). De acordo com o levantamento, o número de inadimplentes caiu 0,41% no mês passado ante novembro, contudo, em relação a dezembro de 2015, o indicador avançou 1,44%. O SPC e a CNDL ressaltam, no entanto, que é a menor variação para um ano desde o início da série histórica.

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