REFLEXOS DA CRISE
Diminui o número de empregos com carteira assinada no Maranhão
O estado tem um dos piores índices do Brasil em rendimento médio e número de trabalhadores com carteira de trabalho, segundo IBGE
A taxa de desemprego do primeiro trimestre do ano – que ficou em 10,9%, o equivalente a 11,1 milhões de pessoas – subiu em todas as grandes regiões do país, na comparação com o mesmo período de 2015. Em São Luís, a taxa é superior à média nacional, chegando a 16,4%, enquanto no Maranhão o número está abaixo da média nacional, com 10,8%.
Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada no fim de abril, mas somente ontem detalhada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Pelos números, a capital maranhense chegou ao seu maior índice de desocupação dos últimos cinco anos, tendo um aumento de 2,8% em relação ao último trimestre de 2015. Em nível Estadual, o Maranhão subiu de 8,2% para 10,8%, um acréscimo de 2,6%.
Esses dados, apesar de altos, tiveram um crescimento no desemprego menor que a alta da Região Nordeste, onde passou de 9,6% para 12,8%, entre os três primeiros meses do ano passado e os deste ano – o equivalente a uma elevação de 3,2 pontos percentuais.
No Sudeste, onde está concentrado o maior contingente de trabalhadores, a taxa subiu de 8% para 11,4%, 3,4 pontos percentuais a mais que a aferição anterior; na Região Norte, o desemprego aumentou de 8,7% para 10,5%; no Centro-Oeste, de 7,3% para 9,7%; e no Sul, de 5,1% para 7,3%.
Segundo o IBGE, no quarto trimestre de 2015, as taxas haviam sido de 10,5% no Nordeste, 9,6% no Sudeste, 8,6% no Norte, 7,4% no Centro-Oeste e 5,7% no Sul.
Já entre as unidades da federação, as maiores taxas de desemprego no primeiro trimestre foram observadas na Bahia (15,5%), Rio Grande do Norte (14,3%) e Amapá (14,3%). Já as menores taxas ocorreram em Santa Catarina (6%), Rio Grande do Sul (7,5%) e Rondônia (7,5%).
Nível de ocupação
O IBGE informou, ainda, que o nível de ocupação (indicador que mede a parcela da população ocupada em relação à população em idade de trabalhar) ficou em 54,7% para o total do país no primeiro trimestre do ano. Apenas o Nordeste, com taxa de ocupação de 49%, ficou abaixo da média do país. Assim como a sua região, o Maranhão ficou abaixo da média com 50% de ocupação entre janeiro e março. Comparado com os índices de 2015, houve uma queda de 1,5%.
Nas demais regiões, o nível de ocupação foi de 59,8% no Sul; 58,6% no Centro-Oeste; 55,9% no Sudeste; e 55,0% no Norte. Percentualmente, as maiores taxas de desemprego ficaram com Santa Catarina (60,4%), Rio Grande do Sul (59,8%) e Mato Grosso do Sul (59,7%). Já as mais baixas foram anotadas em Alagoas (42,8%), Rio Grande do Norte (46,7%) e Ceará (47,2%).
Em números absolutos, apenas no estado do Maranhão são cerca de 312 mil pessoas desocupadas. O IBGE considera pessoas desocupadas aquelas que tomaram alguma providência buscando uma ocupação nos últimos 30 dias anteriores à pesquisa bem como aqueles que estão aptos para começar um trabalho imediatamente.
Sexo e idade
Os homens respondem por 57,4% da população ocupada do país, que fechou o primeiro trimestre do ano em 90,6 milhões de pessoas. Esta predominância foi uma constante em todas as regiões, sobretudo na Norte, onde os homens representavam 61,4% dos trabalhadores. O Sul e o Sudeste são as regiões com maior participação feminina na força de trabalho (ambas em 43,8%).
Os dados da Pnad Contínua indicam que, no primeiro trimestre do ano, 66,1% da população fora da força de trabalho era do sexo feminino. Todas as regiões apresentaram comportamento similar.
Segundo a pesquisa, no Brasil, no primeiro trimestre, 38,6% das pessoas em idade de trabalhar estavam fora da força de trabalho (não trabalhavam nem procuravam trabalho), com a Região Nordeste apresentando a maior parcela deste percentual, com 43,9%. Os menores percentuais são das regiões Sul (35,4%) e Centro-Oeste (35,2%).
A pesquisa do IBGE mostrou que a análise por grupos de idade aponta que 12,8% dos ocupados eram jovens de 18 a 24 anos, enquanto entre os adultos este percentual chegava a 78,1% entre aqueles de 25 a 39 anos e de 40 a 59 anos de idade. Já os idosos somavam 7,1% dos ocupados.
A região com maior proporção de jovens ocupados é a Norte, onde a população de 18 a 24 anos representava 14,1% dos ocupados.
Carteira de Trabalho
Pelos índices de empregados do setor privado com carteira de trabalho assinada, a situação do Maranhão é mais alarmante. Enquanto a média nacional no último trimestre foi de 78,1%, os maranhenses ocupam a pior posição no Brasil com apenas 52,5%.
Em comparação, o Nordeste, pior região do país, tem 63,1%, mais de 10% acima do estado. As regiões Sul e Sudeste concentram, percentualmente, os maiores índices, com 85,1% na Região Sul; e no Sudeste de 78,1%. Em ambos, os casos percentuais são superiores à média do país. No Centro-Oeste, o percentual de empregados com carteira de trabalho de janeiro a março era de 63,5%, e no Norte, de 63,1%, todas abaixo da média nacional.
Já por estados, Santa Catarina ficou com a maior taxa de ocupação de trabalhadores com carteira assinada: 89,1%; Rio de Janeiro (86,3%); São Paulo (85,5%), todos com resultados acima da média de 78,1%. Os estados que mais se aproximam do Maranhão na parte de baixo do ranking são Piauí (53,3%) e Paraíba (57,3%).
Nível de instrução
Por nível de instrução, a pesquisa mostrou, no primeiro trimestre de 2016, que mais da metade dos ocupados no Brasil tinha concluído pelo menos o ensino médio (55%), 29,3% não tinham concluído o ensino fundamental e 17,9% tinham nível superior.
Nas regiões Norte (37,6%) e Nordeste (39%), o percentual de pessoas sem instrução até ensino fundamental incompleto era superior aos das demais regiões. Na Região Sudeste (34,4%), o percentual das pessoas que tinham o ensino médio completo era superior aos das demais regiões. O Sudeste (21,6%) apresentou o maior percentual de pessoas com nível superior completo, enquanto o Norte teve o menor (12,2%).
Segundo a pesquisa, 35,9% da população fora da força de trabalho era composta por idosos (pessoas com 60 anos ou mais de idade). Jovens com menos de 25 anos de idade somavam 28,2% e os adultos, com idade de 25 a 59 anos, representavam 35,9%.
Rendimento
Confirmando a tendência dos outros índices, a Pnad Contínua constatou, ainda, que no primeiro trimestre do ano o rendimento médio real habitual dos trabalhadores ficou acima da média do Brasil (R$ 1.966) nas regiões Sudeste (R$ 2.299), Centro-Oeste (R$ 2.200) e Sul (R$ 2.098), enquanto Norte (R$ 1.481) e Nordeste (R$ 1.323) ficaram abaixo da média.
O Maranhão segue sendo o pior estado em remuneração com média de R$ 1.032, com os mais próximos sendo Piauí (R$ 1.263) e Ceará (R$ 1.285). O maranhense recebe menos que um terço do que as pessoas do Distrito Federal (R$ 3.598), e menos da metade que São Paulo (R$ 2.588) e Rio de Janeiro (R$ 2.263).
Quando a pesquisa se restringe apenas a São Luís, esse número é melhor, chegando a R$ 1.636 de média habitual mensal.
Já a massa de rendimento médio real habitual dos ocupados (R$ 173,5 bilhões para o país) teve como destaque a Região Sudeste, com massa de rendimento de R$ 90,6 bilhões; seguido do Sul (R$ 29,5 bilhões); Nordeste (R$ 27,6 bilhões); Centro-Oeste (R$ 15,7 bilhões); e Norte (R$ 9,8 bilhões). O Maranhão somou R$ 2,42 bilhões no primeiro trimestre de 2016.
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