Uma das saídas em meio à crise é empreender
Em maio à crise econômica que vem assolando o Brasil, Vários caos de sucesso indicam que criar o próprio negócio é ima solução que pode valer a pena

No entanto, é também nos cenários de adversidade na economia que entram em campo personagens-chave para a superação deste mau momento: os empreendedores. Seja começando um novo negócio que gera oportunidades de recolocação profissional, ou ingressando em uma nova área de atuação, os micro e pequeno empresários têm buscado na criatividade uma razão para dar uma guinada na carreira.
De acordo com José Morais, diretor-técnico do Sebrae no Maranhão, um empreendedor tem a função de ser pioneiro no que faz. “Aquele que inicia algo novo, que vê o que ninguém vê, aquele que realiza antes, aquele que sai da área do sonho, do desejo, e parte para ação. Ser empreendedor significa, acima de tudo, ser um realizador que produz novas ideias através da congruência entre criatividade e imaginação”, afirma.
Em cenários de crise, quando os desafios são ainda maiores, o papel de quem empreende é dinamizar a economia e buscar uma oportunidade, inovar, mesmo quando estão “nadando contra a corrente”. Opondo-se à taxa de desemprego crescente (7,6% na parcial de janeiro/2016), o número de empresas abertas no país aumentou em 2,42% nos três primeiros meses do ano – foram quase 400.000 novos empreendimentos abertos.
Segundo dados da CNC (Confederação Nacional do Comércio de bens, serviços e turismo), o estado do Maranhão registrou a abertura de 5.068 novas empresas até o último dia 12, uma variação de 1,6% em relação ao ano anterior. No mesmo período, foram fechadas apenas 625 firmas. 95,2% do total de empresas no estado são classificadas como micro ou pequeno empreendimento.
A reportagem de O Imparcial conversou com dois empreendedores que decidiram mudar de ramo e de planos, e hoje se encontram realizados com o que fazem.
“Buscando meu espaço”
Este é o caso de Maciel Júnior. Há 14 anos, trocou de setor e de serviço. Há nove, trocou também de estado. Saiu da Polícia Militar maranhense e agora é empresário na área da beleza, dono do próprio negócio – um centro de estética na cidade de Macaé (RJ).
“O que me motivou a sair do serviço público foi o fato de você estar preso em um sistema absurdamente engessado, a falta de perspectiva de crescer neste sistema e o baixo salário, que não tinha perspectiva de aumentar… Isso me deixava muito frustrado, eu não conseguia ver um futuro melhor”, revela. Apesar de ter enfrentado algumas dificuldades no início, como a alta concorrência e a constante necessidade de capacitação e reciclagem do setor, garante que, com foco e dedicação, pôde conquistar o seu próprio espaço. E vai além: comenta que a perspectiva salarial, ao contrário do que pensam os “concurseiros”, é ainda melhor. “Hoje eu moro no estado do Rio Janeiro e aqui o meu trabalho é reconhecido na cidade onde resido há nove anos. Em relação ao salário, não tenho nem o que comparar com o que eu ganhava quando eu era funcionário público. As perspectivas de eu aumentar esse salário, apesar da crise, ainda são muito boas. E esse é o grande lance de ser um empreendedor, é você estar sempre se desafiando, buscando melhorar, com flexibilidade e adaptação. Essa é a marca de um bom empreendedor. Diante dos desafios e das dificuldades, você poder se superar a cada dia. Poder se desdobrar nos desafios e ainda assim ter sucesso”, garante.
Questionado sobre qual a avaliação que faz desta nova fase da vida, garante que está satisfeito com a virada que deu profissionalmente. “Eu não consigo compreender a postura de algumas pessoas que simplesmente se agarram a um emprego ou função e não produzem. Você, como empreendedor, não tem como ficar inerte, como ficar obsoleto. Quem vem com esse foco, com essa linha de entendimento, de filosofia de vida, vai produzir. E quem está perto dessa pessoa também. Então eu estou buscando a minha realização e sei que isso é uma questão de tempo”.
Maciel é proprietário do Centro de Estética Elohim. Atende entre 90 e 120 clientes por mês, em média. Em períodos de alta movimentação, a circulação chega a 200 pessoas. Gera 3 empregos diretos no salão, e outros empregos temporários. Em períodos de alto fluxo de atendimentos, já chegou a ter lucro mensal de cerca de 10 mil reais.

André Brandão, 25 anos, e Antonio Busson, 26 anos, são Mestres em Ciência da Computação pela Universidade Federal do Maranhão. Hoje, são também sócios da Media Box, uma empresa encubada que funciona no Departamento de Empreendedorismo da UFMA. Eles, que tinham planos acadêmicos após a defesa da dissertação, foram trazidos ao empreendedorismo graças ao sucesso de um produto desenvolvido enquanto cursavam a pós-graduação: o software Cacuriá. “Durante o mestrado, nós desenvolvemos um produto chamado Cacuriá, com apoio da RNP – Rede Nacional de Pesquisa e Ensino. Foi fazendo algum sucesso e no último ano do mestrado, já havia 15 Universidades usuárias da ferramenta.
Então, a RNP perguntou se queríamos montar uma empresa para continuar dando suporte à ferramenta. Não estava nos nossos planos empreender no momento, mas vimos a oportunidade e decidimos abrir a empresa”, conta Brandão. Com a formalização do trabalho, pioneiro no Maranhão, cresceram também as perspectivas da organização. “No final do ano passado, vimos que a ferramenta é poderosa, mas estava focando apenas nas instituições federais. Então, pensamos em mudar e ampliar o nosso mercado – fazendo com que o Cacuriá também possa ser utilizado por instituições privadas, como faculdades e cursos. Nosso produto é um pouco diferente, não é apenas uma aula linear, é uma vídeoaula interativa, com a qual o usuário pode interagir”.
Em 2015, seus projetos foram contemplados em dois editais de financiamento da Fapema. O primeiro, para a criação de um aplicativo de aprendizagem para a web e a TV Digital; no segundo, a iniciativa é criar um aplicativo para apoiar o turismo no Centro Histórico de São Luís. Cada projeto receberá cerca de R$ 80 mil de investimento público.
Os jovens empreendedores garantem: apesar de terem facilidade para encontrar emprego na sua área de atuação, não trocam fazer o que fazem por um emprego formal. “Valeu a pena. Foi uma válvula de escape para sair desse mercado limitado. No fim do mestrado, vimos que dava para a gente continuar e empreender, trabalhando naquilo que a gente acredita. A gente percebe que existe um mercado amplo nacionalmente para o que fazemos e isso era algo que ninguém via em São Luís. Empreendendo e trabalhando naquilo que a gente acredita, temos uma forma de fugir da mesmice do mercado local e criar o nosso próprio espaço”, afirmam.
Atualmente, Media Box conta com sete colaboradores: três sócios e quatro estudantes da instituição, que fazem estágio na empresa.
A assessoria suporta a gestão do negócio, com o objetivo de tornar as empresas mais competitivas e sustentáveis. Através do Programa de Orientação ao Candidato a Empresário, que é ofertado continuamente pelo órgão, o postulante se depara com algumas situações e casos onde desenvolverá maior interesse e capacidade para empreender.
Caso aprovado, a instituição oferece treinamentos complementares, que desenvolvem características fundamentais aos empreendedores, como segurança na tomada de decisões, ampliação da visão de oportunidades e o planejamento e monitoramento sistemáticos.
Dicas
- Reduza imediatamente seu grau de endividamento
- Prepare-se para uma redução de vendas e pedidos
- Revise seu mix de produtos e serviços
- Otimize processos produtivos e rotinas administrativas da empresa
- Avalie a possibilidade de reestruturação
- Invista em marketing
- Participe de eventos setoriais