Desemprego gera aumento de trabalho doméstico e negócio próprio
Sem as garantias do emprego formal, muitos brasileiros estão recorrendo à abertura de pequenos negócios
População desocupada
O aumento da população desocupada atingiu recorde. São aquelas pessoas que procuraram emprego e não encontraram. O acréscimo desse grupo em um ano chega a 38,3%, o que em números absolutos significa 2,5 milhões de pessoas a mais. O aumento dessa parte da população foi a explicação do IBGE para o crescimento da taxa de desocupação, que passou de 6,6% em agosto-setembro-outubro de 2014 para 9% no mesmo trimestre de 2015. Segundo o IBGE, a taxa de desocupação subiu em todas as dez pesquisas realizadas em 2015, e o valor atingido em outubro é o maior da série histórica iniciada em 2012.
População ocupada
A população ocupada ficou estável em cerca de 91 milhões de pessoas, porque as pessoas que perderam emprego de carteira assinada se inseriram nas categorias empregador, trabalhador por conta própria e trabalhador doméstico. Essa inserção ocorre principalmente no comércio e nos serviços, setores em que empreender requer menos investimentos. “Esses grupamentos são mais aderentes ao processo de montar o seu empreendimento. É o canal mais fácil”, afirma Cimar. “É mais difícil para um pequeno empregador montar uma indústria”, acrescenta.
Trabalho doméstico
O coordenador da pesquisa aponta ainda que outra consequência dessa mudança estrutural é o crescimento do trabalho doméstico, que perde renda nesse cenário em que enfrenta mais concorrência e uma população com menos poder aquisitivo para contratá-lo.
“Quando não consegue um trabalho à altura, ele [o desempregado] busca opções, e as opções são, principalmente quando não há reservas, o trabalho doméstico e o trabalho no comércio voltado para a informalidade”, explica. “Às pessoas com nível de renda mais alto é dada a possibilidade de ir para a fila da desocupação. As pessoas com renda mais baixa, para se manter na legalidade, têm que imediatamente conseguir um trabalho”, completa o coordenador.
Segundo a Pnad Contínua, a renda do trabalhador doméstico caiu 2,4% entre os meses estudados de 2014 e 2015. Já o número de trabalhadores subiu em 154 mil, com alta de 2,6%. Setor de maior formalização, a indústria teve uma perda de 751 mil trabalhadores na passagem entre esses dois períodos.