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Perigo de calote cresce com elevação da Taxa Referencial

O aumento da Taxa Referencial (TR), puxado pela inflação encostando nos dois dígitos — pela primeira vez desde 2002 — e os juros básicos (Selic) no patamar mais alto desde 2006, a 14,25%, preocupam os especialistas, que temem um agravamento da inadimplência. O professor de finanças do Insper, Ricardo Rocha, lembra que o desemprego aumentou, […]

O aumento da Taxa Referencial (TR), puxado pela inflação encostando nos dois dígitos — pela primeira vez desde 2002 — e os juros básicos (Selic) no patamar mais alto desde 2006, a 14,25%, preocupam os especialistas, que temem um agravamento da inadimplência. O professor de finanças do Insper, Ricardo Rocha, lembra que o desemprego aumentou, a renda do brasileiro caiu e quem está conseguindo se recolocar no mercado, está ganhando menos. Por isso, na opinião dele, “para que o calote seja grande, basta a TR subir um pouco mais”.
A tendência, segundo economistas, é de que o quadro não mude a curto prazo e, com o custo de vida pressionando, o Banco Central (BC) mantenha a Selic alta. Os especialistas em finanças pessoais e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Fabio Gallo afirma que o mutuário terá de conviver com a elevação da TR e aconselha atenção às despesas. “A situação está difícil, a renda estagnou, a inflação sobe o desemprego também. Essa combinação de fatores é muito ruim e contribui para o aumento da inadimplência”, sentencia.
Dados do BC mostram que a inadimplência no país vem crescendo mês a mês e chegou a 7,9% em setembro. A Caixa Econômica Federal, que lidera o volume de contratos de financiamento imobiliário, elevou substancialmente a provisão para débitos duvidosos, sinal de que o calote cresceu e há temor de que não se reverta. No terceiro trimestre deste ano, o banco ampliou em 9% essa provisão na comparação com o trimestre anterior, para R$ 32,1 bilhões, devido à piora na conjuntura macroeconômica.
Estímulo
Na avaliação do economista-chefe da INVX Global Partners, Eduardo Velho, o governo precisa evitar estimular o crédito neste momento se quiser segurar a inflação. Ele acredita que, dada às circunstâncias, a alta da TR poderá ajudar a reduzir a demanda por crédito. “O mercado precisa se ajustar. Incentivar o consumo agora poderá ter impacto inflacionário e prejudicar o ajuste”, explica.
Apesar da carestia resistente e da inadimplência em alta — o Índice de Preços ao Consumidor Amplo — 15 (IPCA-15) de novembro, divulgado na última semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registrou inflação de 10,28% no acumulado de 12 meses —, Fabio Gallo, da FGV, considera pouco provável que a autoridade monetária eleve os juros na próxima reunião. “O BC precisa ter muita cautela. O grande drama é que justamente quem conquistou ascensão social, comprou micro-ondas, carro, botou iogurte na geladeira está com dificuldade para pagar a prestação da casa própria”, lamenta.
Uma nova alta da Selic para conter a carestia pressionará ainda mais a TR e as chances de aumento de calote nos empréstimos habitacionais. Procurado, os técnicos do BC não comentaram o assunto, sob alegação de que o assunto faz parte da estratégia da política monetária e, na semana que vem, haverá reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
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