INFLAÇÃO

São Luís já sente os impactos da crise econômica

Em diversos setores do mercado de São Luís já se nota o efeito cascata da crise brasileira. Em um ano, o índice de inadimplência cresceu 11%. A cada dia, os consumidores compram menos e devem mais

Os problemas em torno da crise do país têm afetado diversos setores. Em São Luís, os números não deixam dúvidas sobre a gravidade da situação econômica, que tecnicamente é de estagnação. Os impactos nacionais já chegam ao nosso estado, demonstrados em algumas pesquisas comparativas com os números dos últimos meses do ano passado. 
De junho do ano anterior a julho deste ano, o índice de inadimplência cresceu 11%. O setor comercial vive um momento bastante conturbado e, infelizmente, temos que afirmar que a inadimplência está crescendo a cada dia.
Segundo o economista e professor da Universidade Federal do Maranhão João Gonçalo de Moura, os problemas pelos quais estamos passando já eram previstos. “Mesmo no período da euforia, do crescimento, naquele período de 2004 a 2008, onde a economia crescia muito, pessoas mais influentes alertavam para a necessidade de reforma no país. Aquele crescimento que a gente alcançou nos fazia surfar em uma maré mundial de crescimento e, ainda, aumento do preço das comodities no mercado internacional, mas, enquanto a gente crescia quatro ou quatro e meio, o mundo crescia oito a dez vezes mais”.
Em relação ao Maranhão, o especialista esclarece de que forma a crise atual pode afetar mais ainda o estado: “Se a crise atingir novamente as grandes empresas exportadoras do estado, como Vale, Alumar e guserias, a economia maranhense tende a ser afetada mais do que já está, com perspectiva de redução nas compras de produtos e serviços no mercado local. É inegável que a crise repercutiu na economia do estado”.
Reflexo da inflação no comércio
Segundo o proprietário de uma loja, as pessoas levaram um volume maior de compras; hoje diminuiu bastante

Os comerciários da capital também estão enfrentando graves problemas. A cidade enfrenta uma queda nas vendas e este segundo semestre pode ficar ainda mais comprometido para os empresários. Tudo isso em virtude dos reflexos da crise econômica no país.

O presidente do Sindicato dos Comerciários, Oswaldo Muller, comenta como o comércio na cidade está lidando com o colapso: “A situação dos lojistas que fazem o próprio salário está complicada. A condição em relação à crise econômica afetou bastante o nosso comércio. Oswaldo Muller afirma que as expectativas para o período natalino estão fracas e faz uma breve comparação com os lucros em relação ao ano passado. “Vai ser muito difícil comparar a situação natalina deste ano com a do ano passado e retrasado. A expectativa é que pelo menos chegue a 80% em relação ao ano anterior, mas com certeza não irá chegar ao esperado. Então, a situação é crítica, de emergência, digo logo dessa forma, pois as empresas não estão contratando, estão é demitindo e vão trabalhar, com certeza, o período natalino com o quadro reduzido. “Não tem nenhuma previsão e nem condição de contratar funcionários com essa queda econômica”.
Na tentativa de aumentar as vendas, os lojistas oferecem descontos, promoções e muitas outras vantagens, mas nem assim o consumidor aparece. O presidente do sindicato comenta que os comerciários não têm expectativas de melhora para o próximo ano. “Nós sempre criamos esperanças de uma situação ser mais favorável que a outra, mas não estamos com muita fé, temos que planejar bastante, colocar o pé no chão, para não criar uma posição da qual não podemos alcançar. Então, o começo do ano e o meio do ano são justamente para analisarmos, e apostar em uma coisa que pode dar certo”.
A funcionária de uma loja de variedades em São Luís, Silvana Salazar, explana o que passou no seu antigo emprego. “Realmente, a vida não está fácil. Há um mês, fui demitida, pois o meu patrão não tinha como pagar, ninguém aparecia para comprar, e foi ficando cada dia mais difícil. Agora estou desempregada e até para arrumar um emprego está impossível”, comentou.
Baixa nas vendas
As vendas neste ano, em uma das lojas do Centro de São Luís, tiveram uma baixa de 60%, afirma Ivan Junior Medeiros, proprietário da loja. “A crise afetou de uma maneira bem significativa, porque vamos supor que há dois, três anos atrás, o movimento que tínhamos aqui era bem maior. Pessoas levavam um volume maior de compras, e hoje, a gente pode ver que o fluxo de pessoas aqui no Centro diminuiu bastante, e o dinheiro está circulando de uma maneira menor em nosso mercado. Estamos até investindo menos, devido a isso, porque, se tem menos gente comprando, não teremos dinheiro suficiente para investir como gostaríamos”.
Demócrito da Silva de Matos, corretor de plano de saúde, também deu sua opinião sobre o que envolve os problemas gerados nessa fase em que o Brasil está passando. “A crise já vinha se agravando após a eleição de 2008. Hoje, o país está vivendo a pior crise já existente na história do país, porque sabemos que vamos crescer menos que a Argentina, menos que a Venezuela, menos que o Chile e muitos outros países. A previsão dos economistas era que em 2016 as coisas iam melhorar, mas já estão falando que vai ser lá pra 2017, porque neste ano não tem mais como resgatar o poder de compra, pois a inflação hoje está terrível. Ninguém guarda mais dinheiro na poupança, tem gente tirando até o que já tinha para viver. Viver não, sobreviver”, desabafa.
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