EDITORIAL
Brasil menos competitivo
O Brasil andou para trás nos mais significativos indicadores desde 2010. Série de desacertos na política econômica, aliada a entraves relacionados à infraestrutura, burocracia e educação, levou o país a se afastar cada vez mais dos players internacionais. Vale o exemplo da competitividade. Em 2000, ocupávamos o 34º lugar no ranking do Instituto de Gestão […]
O Brasil andou para trás nos mais significativos indicadores desde 2010. Série de desacertos na política econômica, aliada a entraves relacionados à infraestrutura, burocracia e educação, levou o país a se afastar cada vez mais dos players internacionais. Vale o exemplo da competitividade.
Em 2000, ocupávamos o 34º lugar no ranking do Instituto de Gestão e Desenvolvimento (IMD). No ano passado, despencamos para a 54ª posição entre os 60 Estados pesquisados. O futuro próximo acena com cenário mais nebuloso. Há expectativa de que novo estudo do IMD, que será divulgado no fim do mês, traga índices de deterioração do quadro.
O coordenador do Núcleo de Inovação da Fundação João Cabral — responsável pelos dados nacionais no Índice de Competitividade Global, do Fórum Econômico Mundial e do IMD — põe o dedo na ferida mais dolorosa que se agrava dia a dia. Trata-se da qualidade da educação, item fundamental na disputa por mais eficácia e eficiência.
Sem melhoras, compromete-se a qualificação da mão de obra e a corrida por inovação. A falta de excelência do trabalhador, associada à precariedade da infraestrutura, às deficiências de marcos regulatórios, ao peso da burocracia e à elevada carga tributária, afasta investidores e contribui decisivamente para a perda de pontos no ranking internacional.
Andar para trás significa mais que a estatística fria. Há que considerar a perda e os impactos decorrentes de decisões de investimentos. Retroceder cinco anos nos relatórios de competitividade implica 10 anos para a recuperação. Em bom português: o prejuízo é a soma do que se perdeu e do que se deixa de ganhar. Não é pouco.
Outros indicadores demonstram o alto custo da involução. O Brasil deixou escorrer pelo ralo três posições na lista dos maiores exportadores do planeta. Segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC), da 22ª colocação, passou para a 25ª. Em 2010, a participação verde-amarela no comércio global era de 1,3%. Agora é de 1,2% com expectativa de baixa.
Embora nem tudo seja negativo, as perdas sobressaem. Na meia década em questão, houve progressos nos índices de emprego e inclusão social. Mas são insuficientes. Os postos de trabalho, concentrados no comércio e na construção civil, exigem mão de obra menos qualificada. Não por acaso, eles são as principais vítimas da crise que afeta o país. O fato, aliado à inflação, põe em risco a precária nova classe média brasileira.
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