Conheça maranhense que usa a técnica do food styling

Fotógrafa Thatiane Abreu se especializou em registros gastronômicos em que mistura profissionalismo e uma relação afetiva que vai além do que se vê nas imagens

Reprodução

Thatiane Abreu vê nas fotografias mais que nutrientes ou algo para saciar fome  (Foto: Karlos Geromy/ O Imparcial)

A comida servida no prato se torna uma obra-prima para Thatiane Abreu, de 27 anos. Ela vê ali muito mais que nutrientes ou algo para saciar fome e saboroso. No prato, ela vê a conclusão de uma história, que teve um antes, durante e depois e, assim, a chance de fazer o melhor registro em cada uma das fotografias gastronômicas que produz.
“Cada registro que eu faço é uma expressão emocional diferente. Nós somos mutantes e eu tento passar isso para os meus parceiros. O dinheiro é muito importante, mas, se eu não conseguir cravar um emocional na minha fotografia, eu vou lá e refaço, sem problema nenhum”, acrescenta Thatiane Abreu.
Publicitária de formação, foi na fotografia profissional, que executa há seis anos, que ela encontrou o trabalho ideal na realização do registro de comidas feitas com as mais diferentes preparações.
Na Fine Art Brasil, em São Paulo, ela se especializou em estimular os sentidos das pessoas por meio das fotos que faz. Foi lá que a maranhense se dedicou e aprendeu que, por atrás da foto de um prato, está bem mais que um “click”. O trabalho envolve uma preparação que requer tempo, análise do ambiente, textura ideal do prato e, entre outros itens, a sensibilidade do profissional e, voilà, surge a imagem perfeita, assim também se define o food styling.
“Lá eu fiz todo o curso de food styling. Todas as técnicas de iluminação, toda construção de luz envolta do alimento e foi ali que eu descobri que é maravilhoso, porque não é só câmera, existem várias coisas desde você ir ao supermercado, fazer a compra do alimento, até a construção daquele alimento que, às vezes, não é a construção natural, até a fotografia”, explica.
Perfeccionista
Registro feito por Thatiane Abreu para cardápio

Para que o trabalho seja feito de maneira adequada e reflita exatamente o que o cliente quer, é necessário entender o conceito de cozinha do chef. O espaço para fotografias cheias de reparos em softwares está ficando menor, dando lugar a registros mais originais, que aproveitam ao máximo a, luz natural ou a luz preparada com sensibilidade pelo profissional, valorizando as cores e, principalmente, o prato como ele é servido no restaurante.
“Eu não gosto de ficar muito tempo no computador, a minha porcentagem de alteração fotográfica é muito baixa. Eu gosto de colocar na minha foto o que a pessoa realmente vai ver”, diz Abreu.
Após a especialização no método food staylist, Thatiane passou um ano sem trabalhar na área, mas há cerca de três meses a primeira oportunidade veio em grande estilo, para fotografar tapiocas para embalagens que vão circular nos Estados Unidos ainda este ano.
“Eu acho que foi ali que eu dei um start na fotografia. Esse cliente dos Estados Unidos me procurou depois que viu uma foto minha na internet e pediu para fotografar umas tapiocas, para uma embalagem que vai rodar nos Estados Unidos. Eu fotografei a tapioca brasileira, com recheio de nutella com morango, com bacon e ovo. Fui ao supermercado, comprei e fiz o alimento e minha porcentagem de edição foi de 6%”, enfatiza.
Mercado
Em São Luís, o setor de alimentação é um dos que mais crescem. Estabelecimentos como restaurantes, lanchonetes, negócios sobre rodas e bares, por exemplo, são cada vez mais comuns e permanecem, mesmo com as dificuldades econômicas atuais. Esse é um mercado, segundo a fotógrafa, que está acostumado com produções ditas rápidas, que ficam aquém do que propõe o especialista em registros gastronômicos.
Uma barreira que a maranhense tenta quebrar aos poucos, fotografando cursos de culinária, receitas de festivais gastronômicos como o que ocorreu recentemente na Semana Gastronômica de Turismo e alguns cardápios, que ela faz questão de conhecer a fundo, sendo cliente do restaurante e vendo um pouco da rotina e essência do local, para poder retratá-las na imagem que será gerada, através de um olhar profissional e além de tudo apaixonado pelo que faz. Isso tudo, mesmo tendo que dividir o tempo com outros projetos fotográficos, retratando a profissão das pessoas, como na área da saúde, entre outros.
“Aqui é um mercado pequeno, as pessoas não conhecem o mundo em volta da fotografia gastronômica, elas não conhecem as grandes produções e o mercado aqui é muito rápido, no sentido de que não é um produto que a pessoa vá construir”.
Outra estratégia são as parcerias, como a que ela tem com os criadores do perfil Foodie São Luís, por exemplo, que ajudam a divulgar o trabalho da fotógrafa e até mesmo a encontrar outros parceiros com indicações.
Registro feito por Thatiane Abreu para evento de gastronomia

Emocional e profissional
O incentivo para o trabalho que realiza atualmente vai muito além que registros de comidas, mas vem de um passado delicado, superado com a destreza e interesse pela alimentação, como uma expressão artística, afinal, comida é, sim, capaz de provocar sentimentos. “Nesse curso de gastronomia foi que eu me descobri, eu amo isso aqui. Eu descobri, através da fotografia gastronômica, um mundo. Eu era bem gordinha e eu emagreci. Hoje, eu vejo o alimento de outra forma, eu procuro o alimento mais gostoso, porque eu como pouco e, pelo fato de eu procurar o que é mais gostoso, eu quero fotografar muito bem, porque é aquilo ali que eu vou comer”.
Permitir que as pessoas olhem para as fotos e sintam vontade de comer é uma das principais missões de quem atua nessa área. As imagens precisam ter uma carga profissional e outra emocional presentes, vivas, que sejam agradáveis ao paladar. “Eu tenho uma relação com comida muito forte, eu coloco o meu emocional na minha foto, eu não consigo ver um alimento e não tirar o gosto dele.
E eu tenho uma responsabilidade de transformar aquele alimento também quando ele não tem uma estética bonita, para que ele se torne um prato comestível tentador. Eu gosto da mão na massa, do pó no vento, desde o comecinho do preparo até a obra final, mas eu prefiro não criar muitas expectativas e deixar acontecer”, conclui.
Food stylist
é a arte de tornar um alimento visualmente atraente com o fim de se gerar uma imagem fotográfica ou uma cena de vídeo dele. É preciso transmitir da melhor forma, por meio de uma imagem, o seu sabor e textura.
O profissional desta área é o food stylist, também chamado como produtor de culinária ou estilista de alimentos. Ele é um profissional que conhece e reconhece as características do alimento, as valoriza e também prepara a montagem e decoração de cada prato.
Thatiane Abreu (Foto: Karlos Geromy/ O Imparcial)

 
 

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