Dicas de viagens gastronômicas com chefs celebridades
Especialistas falam sobre viagens, restaurantes e onde achar os melhores temperos
Todo mês de janeiro, alguns dos chefs mais famosos do planeta se encontram nas ilhas Cayman para o evento Cayman Cookout. Realizado no hotel Ritz-Carlton, este festival de comida é único, frequentado por grandes chefs celebridades como Anthony Bourdain e Eric Ripert.
O norte-americano Ripert é proprietário do restaurante Le Bernadin, em Nova York. Bourdain também é norte-americano, dono do Brasserie Les Halles, também na Big Apple. Ambos são apresentadores de TV e parceiros no programa “Parts Unknown”.
A Forbes entrevistou os chefs sobre dicas de viagem para cozinhar, onde achar os melhores temperos e, claro, turismo.
O Caribe
Anthony Bourdain: Eu amo o Caribe em geral. É um lugar que conta o tipo de história que me atrai muito na comida: ocupações, invasões, guerras. Uma mistura de pessoas, de comida, de sabores. Existe também o tempero. Sempre que tem chili envolvido eu estou feliz.
Eric Ripert: Curry é algo que achamos muito no Caribe, e é muito diferente, dependendo da ilha. Aqui tem um bom curry de cabra.
Bourdain: E mariscos. E lechón (prato à base de carne de porco).
A comida local
Ripert: Estamos nas Ilhas Cayman, cercados por água e peixes, e fizemos amizade com alguns dos pescadores locais. No restaurante [Blue by Eric Ripert], servimos o máximo de peixes locais que conseguimos. A região possui uma variedade de peixes e frutos do mar que são deliciosos, da lagosta aos mariscos.
Bourdain: Diferente do restaurante do Eric, eu venho pra cá porque não preciso usar sapatos. Então me irrita um pouco ter que me arrumar toda vez que tenho que quero uma boa refeição com um bom vinho. Por isso o restaurante Cracked Conch é perfeito.
Ripert: Estamos vendo muitos fazendeiros na ilha, e acho que o festival ajudou a trazer conhecimento. Eles costumavam ter pequenos jardins, mas agora cresceram graças ao hotel e ao festival. É possível achar muitos vegetais orgânicos e cultivados em casa. Atualmente, por exemplo, é a estação das abóboras, e elas são muitos especiais nessa ilha. Completamente diferente do que achamos nos EUA.
Bourdain: É realmente um mix interessante de etnias e cozinhas. Existem cada vez mais bons restaurantes por aqui oferecendo refeições que você não ficaria surpreso em ver em Nova York, Londres ou Paris.
Rum
Bourdain: Aí é no Havana Club. Comunistas fazem um ótimo rum. O Flor de Caña também é muito bom.
Ripert: Eu gosto muito do Zacapa.
Lugares preferidos
Ripert: Eu sou fascinado pela Ásia. Para mim, é um verdadeiro choque de cultura. Eu quero ir à Tailândia, Myanmar. Tem muitos países que eu quero visitar pela comida, arquitetura, espiritualidade, tudo.
Bourdain: Vietnã. Espanha, Itália. Estes são fáceis, mas sempre me surpreendem. Líbano, Irã… Existe uma culinária incrível no Irã. Nós esquecemos que o império Persa era muito grande. Tem muitas influências. Brasil, Colômbia, Peru. O mundo é grande e está cheio de coisas, com muita gente legal.
Ripert: Nos últimos 30, 50 anos, temos descoberto diferentes culturas no que diz respeito à gastronomia, e hoje não podemos dizer que a culinária francesa é a melhor do mundo. Descobrimos cozinhas diferentes que são incríveis, e vemos chefs criarem fusões muito criativas.
Bourdain: Você deveria ir a Chengdu, na província de Sichuan, na China. Você entrará em novas dimensões, outro nível de tempero. É um verdadeiro prazer.
Japão
Bourdain: Do ponto de vista da culinária, qualquer chef que vá a Tóquio pela primeira vez vai ter um “tilt”. Você foi ensinado a vida toda que existe um certo número de cores primárias. De repente, você chega lá e existem outras 15. É um pacote denso de coisas empolgantes. Mario Batali me ligou antes e depois de ir pela primeira vez. E disse: “O que eu faço agora? É muito mais do que eu sonhei”.
Ripert: Eu amo Tóquio e o Japão em geral. No mapa, ele parece pequeno, mas na verdade é um país muito grande. E é possível encontrar cozinhas regionais que são muito interessantes. Em Kyoto, por exemplo, eu fiquei fascinado pela cultura kaiseki. É uma maneira de nos reconectarmos com tudo que perdemos na maneira ocidental de cozinhar. Quando pensamos em sazonalidade, pensamos em outono, inverno, verão… Lá é tudo por semana. Ou por dia. Durante três dias, usam um tipo de flor e, três dias depois, ela desaparece. Depois é um pequeno camarão que fica vermelho por apenas 24 horas. Eles são muito conectados aos momentos.
Bourdain: Eles são sensíveis aos níveis de excelência, é diferente de qualquer lugar onde já estive.
Turismo
Bourdain: Quem não viajaria, se pudesse? Quem não gostaria de experimentar sensações diferentes? Eu gosto de coisas novas, de me sentir bem, de aprender sobre as coisas.
Ripert: Quanto mais você viaja, mais você descobre que o mundo é bonito de todas as formas! E é possível comer bem em praticamente qualquer lugar. Quando você começa a viajar, é sem fim. É inspirador.