Maranhenses precisam conhecer para valorizar gastronomia local, aponta estudo
Grupo de estudos identifica que pratos maranhenses ainda são pouco presentes nos restaurantes de São Luís
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Quais os restaurantes que você conhece que vendem comida tipicamente maranhense? Ou que agrega de alguma forma um item da gastronomia local no cardápio, transformando o tradicional em algo novo e fazendo valer a máxima da cozinha contemporânea?
Não é muito fácil fazer a seleção, pois, quer seja para inovar ou para atender ao desejo dos clientes, muitos restaurantes escolhem oferecer pratos distantes da cultura maranhense. Isso ocorre em parte pelo preconceito com os produtos locais e pelo desinteresse cultural, como explica Linda Rodrigues, coordenadora do Grupo de Estudo e Pesquisa em Identidades Culturais da Gastronomia Maranhense formado por professoras e alunas de Hotelaria e Turismo da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
“Entendemos que precisamos de políticas públicas, incentivo e investimento na área de alimentos e bebidas. Pois, quando a comida local é degustada, ela recebe muitos elogios e adeptos fiéis”, diz Linda, que acrescenta ainda: “A máxima da preservação é o conhecimento, eu só preservo o que eu me identifico e isso faz com que sua permanência se estenda ao longo das nossas vidas e a cultura vai transmitindo de geração a geração”.
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Identidade gastronômica
Além de conhecer, é necessário ter a percepção que, de acordo com as pesquisadoras, pode estar em atitudes simples como utilizar os ingredientes naturalmente maranhenses e manter os nomes de pratos, como a juçara ao invés de açaí e jerimum ao invés de abóbora, ajudando a sustentar a identidade local, o que não quer dizer que a comida não é apreciada. “Acho que a comida é valorizada sim, embora alguns comerciantes insistam em não ofertá-la e, quando o fazem, têm como retorno uma boa aceitação de seu consumidor”, pontua Ana Letícia Burite, mestre em cultura e sociedade.
Incentivos públicos podem ajudar a mudar essa realidade através de uma divulgação maior da gastronomia local e a percepção da relação estreita entre as receitas de pratos maranhenses e os costumes alimentares que têm influência direta do ecossistema em que os produtores e a comunidade estão inseridos, e esse talvez seja o início da formação dessa identidade tão rica e diversificada, como explica Marilene Sabino, mestre em sustentabilidade e ecossistemas. “Os hábitos alimentares têm tudo a ver com o ecossistema onde o homem está inserido, um exemplo é o ecossistema de litoral, como é o nosso caso, a gente vê uma extrema relação com a gastronomia baseada em peixes e mariscos. Quando a gente vai para o interior do estado, observamos outros hábitos, como o consumo frequente de peixe da água doce, farinha d’água, além de outras relações como o pato ou a galinha ao molho pardo, por exemplo. O nosso grupo analisa todas essas relações para que possamos abrir mais os olhos para essa importante questão”.
“Quando falamos em valorizar, não quer dizer que a pessoa vá se fechar para a cultura de fora, ela pode comer um hot-dog, um fast-food, mas a pessoa sempre vai ter aquela comida como referência, comida da avó, aquela coisa cultural, e o maranhense tem muito disso, ele come qualquer comida estrangeira, mas sempre valoriza o que é da terra dele”, finaliza Ana Burite.
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