Álbuns movimentam colecionadores
As figurinhas tomam conta de diversos apaixonados pelo clima de Copa do Mundo, a álbum deste ano chama atenção de colecionadores de São Luís.
Em ano de Copa do Mundo, as torcidas de futebol que já são calorosas, ficam ainda mais eufóricas na expectativa do mundial. O patriotismo aflora por cada seleção na disputa.
E se na hora do jogo o ápice da emoção é quando o gol balança a rede e a arquibancada vibra, fora dos estádios os fãs de futebol demonstram seu amor pelo esporte mais popular do mundo com uma outra missão: preencher o álbum de figurinhas da Copa.
Os álbuns de colecionadores apareceram pela primeira vez no mundial de 1950, comercializado pela fábrica de balas A Americana. O álbum trazia todas as seleções presentes na disputa e já naquela época existiam as chamadas “figurinhas mais difíceis”, que eram produzidas em menor quantidade. De brinde, os colecionadores ainda ganhavam doces.
Vinte anos após a criação dos álbuns da Copa do Mundo, eles passaram a ser produzidos pela empresa italiana Panini e na Copa do Mundo do México de 1970, iniciaram um caminho de sucesso, confeccionando os álbuns de todos os mundiais até o atual de 2022, que foi lançado em 19 de agosto.
Um dos pontos em destaques no lançamento deste ano, no Brasil, foi o preço, custando o dobro do valor do álbum da edição de 2018, e que acabou causando reclamação por parte dos colecionadores nas redes sociais. O álbum tem o valor de R$ 12,00 ou R$ 44,90, na versão de capa dura.
As figurinhas chegam a R$ 4,00. O valor mínimo para completar o álbum é de R$ 536,00, levando em consideração que o colecionador não receba nenhuma figurinha repetida, em 134 pacotes.
Os valores geraram reprovação daqueles que acompanham o futebol diariamente e ficam na expectativa pelo mundial de seleções. “Eu como fã de futebol lamento não poder comprar. No país em que esse esporte é tão querido e popular, os preços poderiam ser mais acessíveis. Conheço pessoas que já tentaram concluir um álbum e não conseguiram, pois vem muitas figurinhas repetidas”, explica Gracinelma Lindoso.
Desde o lançamento em agosto, Procons de todo o país têm recebido reclamações por atrasos nas entregas. Donos de bancas e colecionadores também tem encontrado dificuldade para comprar os pacotes de figurinhas.
Apesar das dificuldades, o hobby também rende boas curiosidades como, por exemplo, antes de serem feitas as figurinhas autocolantes, elas eram produzidas em papel cartão fino e os colecionadores tinham que utilizar cola para grudar as imagens.
Na Copa de 1970, a figurinha do Pelé foi considerada a mais difícil de ser encontrada, em 1986 a do Maradona, em 1994 a do Romário e em 2006 a de Ronaldinho Gaúcho.
Para o álbum de 2022, as figurinhas de jogadores mais difíceis de serem encontradas são a do Neymar Jr (Brasil), Cristiano Ronaldo (Portugal), Lionel Messi (Argentina) e Robert Lewandowski (Polônia).
Muito além de colar figurinhas
A servidora pública Andrea Torres e sua filha Lara, exibem orgulhosamente, como se fosse um troféu, o álbum da Copa do Mundo 2022 completamente preenchido. Elas levaram 3 semanas para isso. O álbum da Copa de 2018 também ficou completo, então para esta edição, não poderia haver obstáculo.
Andréa conta que começou a colecionar álbum por causa da filha Lara, e acredita que a atividade vai muito além do fato de preencher as figurinhas.
“Na copa passada ela tinha 6 anos, então foi muito por diversão, para fazer as trocas no shopping, e isso a tirou da frente do celular, da televisão, foi uma forma de lazer diferente que inclusive contribui para uma maior interação social. A gente vai para o shopping e eu acompanho ela fazendo os contatos para ver quem tem figurinha para trocar. E aí eu finalizo a troca que é para ninguém enganar ela.
O álbum foi completado em 3 semanas, segundo Andréa, porque ela comprou vários pacotes, elas fizeram muitas trocas, e além disso, no aniversário de Lara ela ganhou de presentes muitas figurinhas, porque todos sabiam que ela estava empolgada com a atividade.
Ela conta que completar o álbum não foi difícil. Difícil mesmo foi começar, porque ela não conseguia achar álbum na cidade. Um amigo dela que foi para Porto Alegre comprou um pra ele, e outro para Lara, porque sabia que ela queria muito.
Depois ela conseguiu comprar um aqui e devolveu para o amigo. “Na última figurinha, faltava a Croácia 3, a gente estava no shopping e eu disse para Lara ir atrás, conversar, até que ela achou um rapaz que tinha. Nossa, ela ficou muito feliz”, contou Andréa.
Agora, com o álbum completo, Andréa está vendendo as figurinhas repetidas pelo mesmo preço que está sendo vendido nas bancas. E são muitas, inclusive as consideradas raras.
“Agora é guardar, e esperar o Brasil ganhar o hexa. Esse álbum é o orgulho da Lara. Aí todo mundo me pergunta: ‘Andréa tu vais vender’? Porque já me disseram que esse álbum vale muito dinheiro. Eu digo, não tenho coragem. Isso vale mais que dinheiro, é mais afetivo do que dinheiro”, disse ela, que no álbum da Copa da Rússia (que também está completo) mandou fazer uma figurinha da filha e colar na capa, para ficar para a eternidade. “Já vou mandar fazer a figurinha dela para guardar e aguardar a copa”, completou.
Paixão pelo futebol e pelo lazer
Os jornalistas Jonatan Cardoso e Gabriel Vasconcelos, fãs do futebol e apaixonados por colecionar álbuns, também não poderiam estar de fora da febre que sempre toma conta do Brasil sempre que a Copa do Mundo se aproxima.
Jonatan coleciona vários álbuns, desde criança, de vários tipos e modalidades. Da Copa do Mundo ele é adepto desde o mundial de 1994. Ele ainda não chegou a completar nenhum, mas a paixão sempre esteve ali.
“A ideia é completar, lógico, mas não tenho aquela ânsia de terminar logo. Sempre gostei de colecionar, trocar figurinha, e este ano vi a galera colecionar, empolgada…Já troquei algumas no shopping, mas me recordo que quando criança tinha o hábito de jogar bafo (jogo para ganhar figurinhas de outros jogadores virando com as mãos) e era muito divertido”, contou.
Gabriel está com 39% do álbum completo, e já foram gastos muitos reais para preenchê-lo. Em 2006 foi a primeira vez que ele começou com essa prática, mas conta que agora está mais empolgado porque está mais confiante na seleção.
“Acho que isso é uma forma de mostrar que você torce pelo seu país, além de ser uma maneira de distração, de lazer, de interagir socialmente, a partir do momento em que você se junta com outras pessoas para trocar figurinhas, literalmente”.