Do Chuí ao Oiapoque

Homem que viaja o litoral brasileiro de caiaque chega à São Luís

O esportista que enfrentou 15 dias de viagem para chegar até a capital maranhense, agora segue viagem à Belém.

Rotina maçante, dia a dia corrido, falta de tempo, ou tudo isso junto é o que representa a realidade de muitos brasileiros que vivem nos grande centros urbanos. Entre as mais de 12 milhões de pessoas que vivem em São Paulo, maior metrópole do país, uma delas escolheu viver de uma completamente diferente.

Engenheiro por formação, com um emprego estável em uma grande empresa automobilística, Christian Fuchs abandonou tudo para recomeçar do zero. Nascido em São Paulo, em uma família de aventureiros, ele até demorou um tempo para descobrir sua real paixão, mas que não hesitou em se permitir à canoagem.

Desde então, Christian começou a se aventurar pelo litoral brasileiro, e hoje já acumula uma bagagem de mais de 14 anos no universo da canoagem. Aos 44 anos, ele viajou por quase toda a costa do país de uma forma inusitada: à bordo de um caiaque.

O canoísta já passou por diversos trechos da costa brasileira, entre eles Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Pernambuco Ceará e Piauí com o projeto Brasil de Caiaque. Agora, Christian chegou até o Maranhão. “A última vez que eu estive por aqui foi em 2000 e muita coisa mudou”, conta Fuchs, que também é empresário, proprietário da Eclipse Caiaques e da Aroeira Outdoor, onde são oferecidos cursos e passeios de caiaque oceânico.

“Eu remo faz mais de 20 anos e com canoagem eu trabalho faz 14 anos. Ao longo desse tempo, você aprende a lidar com situações de dificuldade com os recursos que tem na hora. Nem sempre vamos estar preparados pra tudo e tem que ter muita humildade para reconhecer isso. Nem sempre é fácil pedir ajuda para pessoas que você muitas vezes nem conhece por onde chega”, relata o canoísta. “Mas geralmente, a gente é muito bem recebido, as pessoas ficam curiosas, querem saber como é a viagem numa embarcação com o caiaque, eu acabo sempre fazendo muitos amigos”, acrescenta.

Acompanhado de amigos ou simplesmente sozinho, ele não deixa de se aventurar e viver novas experiências que são todas arquivadas em um perfil no Instagram, que o canoísta usa como diário de viagens. Entretanto, Fuchs prefere encarar a imensidão dos mares sozinho. Segundo ele o que torna o esporte mais incrível é se colocar à disposição de conhecer e vivenciar experiências novas.

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Expedição Fortaleza-CE – São Luís-MA, -Sobre os equipamentos usados na expedição Parte 1 Muita gente pergunta sobre o que levar numa expedição dessas, como levar, etc e resolvi explicar o que eu levei e por que. Depois sai um vídeo também. A peça mais importante, o caiaque: Eu escolhi o Nanook da @eclipsecaiaques, nosso último lançamento. É um caiaque estilo britânico moderno, longo e estreito (5,55m, com 52 cm de largura), com muito boa velocidade, manobra muito bem. É um caiaque normal de linha, sem reforços adicionais e inclusive, é nessas expedições, onde a gente testa eles até o extremo. As únicas diferenças foram uma nova lâmina de leme em inox, com 10 cm a mais de comprimento e mais espesso, já que a popa do Nanook é muito alta e fica muito pra fora d'água. Aguentou muito bem, com controle mesmo em mar bem agitado, usando vela, igualmente com bom controle e não se deformou. Os cabos de leme foram mudados de Kevlar pra Dyneema, mais resistente à abrasão e decidi que vai entrar como item de linha dos caiaques da Eclipse. As tampas dos compartimentos vedam muito bem, inclusive acabei relaxando e as comidas foram até fora dos sacos estanques, pra evitar das frutas suarem. A posição do remador no cockpit também é peça chave pro conforto nas longas remadas (fiquei de 7 a 11 horas sentado no caiaque por dia), com as pernas mais pra cima que pro lado, característica desses britânicos modernos. Dessa vez resolvi não usar a botinha, pra evitar fungos nos pés e colei uma espuma de Eva no fundo, que acabou furando. O que mais incomodou foi a dor nos calcanhares e no último dia resolvi usar a minha bota da NRS e é realmente mais confortável. Usei uma camisa pra remar da Eclipse, que seca rápido e tem proteção de sol pro verso das mãos, feita pra remar, bermuda de Lycra por baixo pra evitar assadura, 2 mudas de roupa pra ficar em terra e ia lavando no caminho. Um chapéu, um óculos polarizado Winder, que flutua, gentileza da @arcoeflechaoficial, protetor solar e labial no colete. […continua na próxima foto]

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“A palavra que eu mais ouço durante as viagens é ‘nossa, que coragem’, ‘você é muito corajoso’. Pra ir acompanhado, é preciso ser um pouco mais flexível, porque pra uma travessia dessa de 15 a 20 dias em condições duras, o cara tem que ser tecnicamente bom e de cabeça muito boa também. É como se fosse um casamento, por isso quando você está sozinho conversa mais, acaba que acumula uma experiência mais rica”, descreve Fuchs.

A passagem pelo Maranhão incluiu também uma breve parada nos vilarejos de Atins e Mandacaru, nos Lençois Maranhenses. “Geralmente eu remo por cinco dias e dou uma parada de um dia mais ou menos. Isso depende muito do lugar, se estiver em um lugar mais interessante eu paro dois três dias, como aconteceu aqui. Até por que não é uma corrida, eu faço pra curtir”.

Agora, o canoísta encara cerca de 400 km de viagem marítima até a capital paraense, Belém, de onde pretende seguir pelo litoral até o Oiapoque, ponto extremo norte no estado do Amapá. “Tem muita gente que segue isso, e decide começar a viajar também. Isso serve também pra incentivar a canoagem no Brasil, a gente tem um dos melhores lugares do mundo para remar, e o brasileiro não tem essa cultura de esportes outdoor”, finaliza o esportista.

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