RIO 2016
Alison e Bruno Schmidt buscam o ouro no vôlei de praia
Juntos desde 2014, os brasileiros são líderes com folga do ranking da FIVB
Alison e Bruno Schmidt entram nesta quinta-feira na Arena de Copacabana, às 23h59, em busca do ouro olímpico no vôlei de praia. A dupla brasileira enfrenta os italianos Paolo Nicolai e Daniele Lupo pelo lugar mais alto no pódio. A personalidade mais expansiva de um e a recatada de outro se complementam e formam a mistura perfeita para a decisão.
Se o “Mamute” Alison já falou que, se fosse campeão olímpico, iria entrar no mar junto com a torcida, o “Mágico” Bruno contrasta com o emotivo parceiro. “Estou muito concentrado nesse jogo, minha cabeça está nisso. Vai ser uma partida bonita de ser ver, vamos estudar bastante, pois é uma dupla que está na sua melhor fase”, disse.
Juntos desde 2014, os dois são líderes com folga do ranking da Federação Internacional de Vôlei (FIVB, na sigla em inglês), atuais campeões mundiais, do Circuito Mundial, do World Tour Finals – todos em 2015 – e do Circuito Brasileiro (2015/2016). Também têm no currículo o tricampeonato do Super Praia e a medalha de ouro nos Jogos Sul-Americanos de Praia em 2014. Bruno foi considerado o melhor jogador do mundo na temporada do ano passado.
Para a dupla, superação é a palavra que define a sua trajetória até a final desta quinta-feira. No início da parceria, Alison passou por problemas médicos, com uma cirurgia no joelho, e, em seguida, uma apendicite. Dos tempos difíceis ficou a tatuagem no braço esquerdo com os dizeres “Dias de luta. Dias de glória”.
Houve ainda críticas à parceria entre um jogador que perdera uma final olímpica e um baixinho (Bruno tem 1,85 metros). O sobrinho do ex-jogador de basquete Oscar Schmidt já garantiu uma medalha para a família e mantém o lado mais sóbrio do dueto, sempre focado no próximo resultado. Aos 29 anos, ele disputa a primeira Olimpíada.
“Nesse tipo de torneio, o jogo é muito mental. Tem de controlar as emoções. Contra os holandeses, eu sabia que se fizesse o Alison respirar fundo e pensar no jogo, daria certo. Tinha que usar meu parceiro da melhor maneira possível. Com a vitória, a gente colocou muita emoção para fora, mas já temos de descansar e focar no próximo adversário”, continuou Bruno.
Agora, os dois entram em quadra com o favoritismo fortalecido pela campanha olímpica de cinco vitórias – uma delas sobre o campeão olímpico norte-americano Phil Dalhausser – e uma derrota contra os austríacos Doppler/Horst, na primeira fase. A vitória sofrida na semifinal deu moral à dupla.
LIÇÃO – Há quatro anos, Alison fez dupla com Emanuel e ficou com a prata nos Jogos de Londres, em uma inesperada derrota para os alemães Brink e Reckermann. No vôlei de praia masculino, o único ouro brasileiro veio em Atenas-2004, com Ricardo e Emanuel. Além daquela vitória, o Brasil bateu na trave outras três vezes, levando a prata não só em Londres, mas em Pequim-2008, com Fábio Luiz/Márcio Araújo, e Sydney-2000, com Ricardo/Zé Marco.
Alison afirma que não se sente pressionado por estar em uma nova final. O jogador se considera “um iluminado” por ter a chance de disputar mais uma final dos Jogos, aos 30 anos. “Não me arrependo de nada. Eu e o Emanuel fizemos tudo de melhor. A gente acredita até o final. Tudo que aprendi um pouquinho com ele tentei passar para o Bruno”, disse.
Foi na dor da derrota que ele buscou forças para crescer ainda mais nas quadras de areia. “A lição que tirei da derrota em Londres é de superação e de acreditar sempre. A vida é assim, se perde e se ganha. Talvez, se eu tivesse ganhado a medalha de ouro, não estivesse aqui hoje. Aprendi muito como ser humano, não só como atleta. Aprendi a dar valor às coisas, a acreditar”, contou.
O retrospecto de jogos entre os brasileiros e os italianos é favorável a Alison e Bruno, com cinco vitórias a três, o que não quer dizer que ganhar será fácil. “A Itália sempre está no nosso calo, é um time que tem um bloqueador muito alto, que saca muito bem. Independente de qualquer coisa a gente tem que jogar e se divertir”, afirmou Alison após vencer a semifinal. O “Mamute” conta também com um terceiro jogador, a torcida brasileira, para vencer em Copacabana, que chama de “o Maracanã do vôlei de praia”.
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