Principal nome da natação brasileira nos Jogos Olímpicos, Thiago Pereira vive uma fase zen. Mesmo com a pressão de competir em casa na prova mais disputada dos Jogos (200m medley) e ser a grande esperança de medalhas para o Brasil nas piscinas, o nadador, de 30 anos, não perde o sono. “Honestamente, depois de Londres, estou muito mais tranquilo. É uma coisa que conquistei e ninguém me tira”, contou Thiago ao Estado de Minas se referindo à prata nos 400m medley há quatro anos. A conquista tirou das costas do minas-tenista o peso das críticas de não repetir em Olimpíadas as façanhas que o consagraram em Pan-Americanos, do qual é recordista de pódios. No Rio, na noite de 11 de agosto, uma quinta-feira, ele tentará ir mais longe: subir ao pódio nos 200m medley, desbancando as estrelas norte-americanas Michael Phelps e Ryan Lochte, entre outros fortes adversários. Para isso, conta com a torcida brasileira em sua quarta Olimpíada e, especialmente, da mãe, Rose Vilela, dona do grito mais famoso da história da natação brasileira: “Vai, Thiago!”.

PRESSÃO PSICOLÓGICA

Honestamente, depois de Londres estou muito mais tranquilo, independentemente de a Olimpíada ser no Brasil. A minha cobrança era muito maior por aquela medalha. Era um sonho de criança, que realizei em 2012. Lógico que é uma Olimpíada no Brasil, a gente quer medalha, mas já é uma coisa que eu conquistei e ninguém me tira. Isso me dá muito mais clama para buscar o que eu quero fazer.

TREINAMENTO

Os últimos quatro anos foram perfeitos, talvez o melhor ciclo olímpico da minha carreira. Agora estamos na reta final, no polimento. O treino já foi, mas, ao mesmo tempo, é uma fase fundamental para dar a última lapidada. É um momento de descanso, que às vezes é mais importante que o treinamento. Estou motivado, a preparação foi 100%.

ADVERSÁRIOS

Agora vamos enfrentar alguns caras que estão nesta minha rotina há algum tempo: Michael Phelps, Ryan Lochte, o japonês (Kosuke Hagino). Tenho certeza de que será uma grande prova. Quero medalha. São Jogos Olímpicos, tudo pode acontecer.

Vim de Volta Redonda para cá (Minas) muito novo, com 16 anos. É uma história aqui, tenho muitos amigos. A rotina maluca de viagens acaba ficando difícil vir mais para cá e parar. Várias pessoas me cobram para vir, mas faz parte da rotina, do dia a dia. Mas esse carinho é maravilhoso.

Um grande amigo é o Nicolas Oliveira. Estamos desde 2002 juntos. Ele fazendo a terceira Olimpíada, e eu a quarta. A gente segurou a barra desde a época de base. Isso pra mim tem um valor além de recordes e medalhas. Um valor sentimental, que vai além do objeto.

Eu brinco que não sou mineiro, mas meu pai e minha mãe são mineiros, ela da região do Triângulo Mineiro, meu pai de perto de Barbacena, Ibertioga (Zona da Mata). É uma honra mais uma Olimpíada pelo Minas. Pelo clube já são três Olimpíadas e três Jogos Pan-Americanos. Com certeza, o clube que me colocou no cenário mundial e nacional da natação.

Michael Phelps

Estados Unidos, 32 anos

Atleta com mais medalhas olímpicas na história (19), é atual tricampeão dos 200m medley

Ryan Lochte

Estados Unidos, 32 anos

Tetracampeão mundial da prova, sonha em desbancar Phelps pela primeira vez em Olimpíada

Kosuke Hagino

Japão, 21 anos

Ouro na distância no Mundial de piscina curta (2014) e prata no Mundial de Barcelona (2013)