Um medalhista de ouro e um de prata nas Olimpíadas de Londres, em 2012, teriam pago propina para não serem suspensos por doping, em 2011, e poderem participar dos Jogos na Inglaterra no ano seguinte. De acordo com o jornal britânico The Sunday Times, que não especifica se os atletas seriam homens ou mulheres, o dinheiro teria sido pago para Lamine Diack, ex-presidente da Federação Internacional de Atletismo (Iaaf). A dupla se junta a uma lista que já contava com oito nomes de esportistas envolvidos em caso de propina para não serem punidos pelo doping.
Diack deixou o cargo de presidente da Federação em agosto, 16 anos depois de ter assumido o posto. Além dele, a propina teria sido paga também ao ex-diretor do departamento antidoping da entidade Gabriel Dolle. Os dois dirigentes chegaram a ser presos por envolvimento em casos de corrupção, mas foram liberados após pagamento de fiança.
As investigações do caso tiveram início após um documentário da TV alemã ARD, que denunciou um sistema de encobrimento de dopagem. Desde então, a Justiça da França começou uma investigação sobre o assunto, em especial no caso dos atletas russos. Segundo o documentário da ARD, 99% dos esportistas russos estariam envolvidos no esquema de doping.
A IAAF e a Wada (Agência Mundial Antidoping) também passaram a investigar o caso. Na ocasião, quando o documentário foi ao ar e as investigações tiveram início, o presidente da Rússia, Vladmir Putin, declarou seu desapontamento com o aumento dos casos positivos de doping registrados no país e pediu por um esforço na luta contra o abuso no uso de drogas.
Segundo o canal de televisão alemão ARD e o jornal esportivo francês L’Equipe, a campeã olímpica dos 800m nos Jogos de Londres 2012, Maria Savinova, e a tricampeã da Maratona de Chicago, Liliya Shobukhova seriam as principais envolvidas em casos de uso de substâncias proibidas.
Na última quinta-feira, além de outros quatro atletas russos, Maria Konovalova, de 41 anos, foi suspensa por testar positivo no exame de doping. Durante a carreira, Konovalova ganhou a medalha de bronze na maratona de Chicago por duas vezes e foi duas vezes campeã nacional. Ela ficará suspensa até outubro de 2017 e seus resultados conquistados desde 2009 foram cassados.
Além de Konovalova, Maiya Bespalva, de 29 anos, e que disputou os jogos Olímpicos de Londres 2012, foi suspensa por quatro anos e ficará sem competir até outubro de 2019. Os velocistas Vlas Bredikhin e Yaroslav Kholopov pegaram uma pena de quatro anos, enquanto Yevgeny Nushtayev, da marcha atlética, foi banido por seis meses, divulgou a Federação.
As punições só foram possíveis graças a um novo método para se testar os atletas. Antes, os exames só permitiam que as substâncias fossem detectadas se ainda estivessem na urina do atleta. Porém, com os novos testes permitem que as drogas sejam detectadas até mesmo se não estiverem mais presentes no corpo do esportista.