CINEMA

Alunos do IEMA realizam exibição de curtas de horror

Os curtas “A Mulher” e “Pesadelo” serão exibidos nesta terça-feira (23) e quarta-feira (24), no Solar Cultural Maria Firmina dos Reis e no Tebas, sempre as 18h30.

O objetivo é explorar de forma reflexiva e criativa a construção de narrativas de horror no cinema. (Foto: Divulgação)

O Brasil, hoje, segue a tendência mundial na produção e exibição de filmes de terror, apesar da longa demora da inserção do gênero na TV e do seu verdadeiro reconhecimento no cinema. Exemplos despontam, principalmente, em séries de suspense e terror, ou na nova leva de filmes, exibidos como uma proposta alternativa para o cinema comercial.

Mas é certo que da tradição criada por artistas como Zé do Caixão a canais de Streaming dedicados exclusivamente ao tema, como Darkflix, a produção tem crescido no país.

“O gosto pelo filme de horror vem crescendo porque as tradicionais histórias de amor estão chegando num esgotamento”, explica Marina Costin Fuser, doutora em cinema e estudos de gênero pela University of Sussex e pós-doutoranda pelo Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo.

Marina Costin Fuser, doutora em cinema e estudos de gênero pela University of Sussex e pós-doutoranda pelo Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo. (Foto: Arquivo)

Ela é professora de cinema no Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IEMA) e ministrou aulas que ajudaram na produção de dois curtas de terror que serão exibidos nesta terça-feira (23) e quarta-feira (24), como trabalho final da disciplina de criação em filmes de horror.

Para Marina, o objetivo é explorar de forma reflexiva e criativa a construção de narrativas de horror no cinema, “combinando teoria e prática para que a narrativa seja cuidadosamente refletida”.

Serão duas apresentações iniciais. A primeira do dia 23, no Solar Cultural da Terra Maria Firmina dos Reis e a outra no dia e 24, no Tebas, com exibição dos curtas “A Mulher” e “Pesadelo”, sempre as 18h30.

A produção dos filmes reacende o curioso interesse pelos gêneros do terror e horror, e parece ser promissora a escolha do tema, já que à sua maneira dialoga com os problemas da realidade e as mudanças cotidianas.

“A tecnologia se transforma em ritmo galopante, e as incertezas e ansiedades vêm se acumulando. Dessa forma, o cinema de horror e suspense apresenta saídas mirabolantes para os impasses contemporâneos”, diz Marina.

Da mesma maneira, o deslanche nacional também é incorporado pelas recentes produções cinematográficas locais, que demonstram também uma preferência pelo gênero.

Para o diretor de cinema e produtor cultural George Pedrosa, esse crescimento também se deve às escolas de cinema em São Luís. “A criação de cursos como esse é essencial para a formação de novos profissionais do audiovisual. É sempre bom aprender roteiro e direção”, diz.

George Pedrosa direto de cinema e produtor cultural. (Foto: Arquivo)

“A escola de cinema ensina e abre portas para quem é apaixonado por esse ramo e quer ingressar no audiovisual”, diz Fernanda Aroucha, roteirista e diretora do curta-metragem “A Mulher”, um dos filmes exibidos.

Fernanda é estudante de Rádio e TV na Universidade Federal do Maranhão, mas os curtas-metragens foram feitos durante sua escolaridade na Unidade Vocacional de Cinema do IEMA deste ano de 2022.

Fernanda Aroucha, roteirista e diretora do curta-metragem “A Mulher”. (Foto: Arquivo)

Mas e o que pesa quando se fala de filmes de terror no Brasil? Apesar de um mercado crescente, é preciso que haja um elemento fundamental para sua viabilização: o dinheiro. A maioria das produções segue ainda de forma independente e de baixo orçamento, restando meios alternativos para sua concepção.

“A produção de cinema no Maranhão cresceu muito nos últimos anos, mas as coisas não melhoraram muito em relação a editais, por exemplo. Estudar as leis de incentivo e os editais se tornou obrigatoriedade para quem quer seguir esse caminho do cinema Brasileiro”, explica George Pedrosa, que também foi professor na disciplina.

Pesquisas mostram que filmes de terror funcionam como termômetro e ajudam as pessoas a encarar situações reais de crise ou tragédias, por exemplo, mas funcionam também como respostas aos problemas sociais, daí talvez o interesse, e eu pergunto por quê?

“Porque os medos mobilizam prazeres na cultura audiovisual e prendem a atenção”, explica Marina. “E o horror também joga com os medos socialmente partilhados de um dado tempo”.

O cinema de terror então não é uma aposta sem futuro e não pode ser visto como mero entretenimento e algo desnecessário ao público.

“Não. O teórico do cinema Siegfried Kracauer fala que todo filme engendra o espírito do seu tempo, com questões éticas e estéticas que apresentam os valores do seu tempo. Então, as narrativas de horror evoluíram para se perguntar em chave aberta quem é o verdadeiro monstro e a mobilizar o horror como contranarrativa que denuncia racismo, machismo e injustiças sociais”, finaliza.

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